quinta-feira, outubro 27, 2011

segunda-feira, outubro 24, 2011

Life...

À medida que vou celebrando a vida nas suas mais diversas etapas e representações (o nascimento de uma filha, um aniversário...), penso cada vez mais na minha morte. Sem ser propositado, não deixa de ser inevitável. Penso cada vez mais na eventualidade do acidente, da doença repentina, do desaparecimento precoce. No momento em que a nossa presença se torna fundamental para alguém que depende de nós, começamos a interiorizar a verdadeira importância da nossa existência. O que aconteceria se eu morresse? Da mesma forma que pensamos na importância da existência daqueles que amamos e que nos rodeiam. O que aconteceria se alguém que nos faz falta desaparecesse? O que subsistiria? O que ficaria por dizer? Quantos segredos guardaríamos connosco? Quantas palavras? Quantos desejos? Quantas memórias? Percebo agora que não é só uma doença grave que nos faz valorizar mais a vida. É a vida em si. É a necessidade dos outros. É o medo de perdermos aquilo que mais amamos. É o medo de deixar uma história incompleta. É o medo de deixar alguém que conta com a nossa presença, com a nossa ajuda, com o nosso amor, com a nossa amizade, sem esse auxílio. Sem aviso. Sem opção.
Há poucos dias, num livro, li um diálogo em que duas personagens discutiam sobre como seria a melhor forma de viver a vida. Uma defendia que a vida devia ser vivida como se cada dia fosse o último. Isto é algo que muita gente defende, principalmente a juventude, imagine-se. Para além disso, esta é a mensagem predominante de quem tem uma doença terminal, como se viu no recente exemplo do António Feio.
Mas neste diálogo, a outra personagem refutava o argumento da primeira e defendia que a vida não devia ser vivida como se cada dia fosse o último porque... e se não fosse? E as consequências? E o que se poria em causa só com a justificação de concretizar uma última loucura, um último desejo?
Se pensarmos bem, se nos questionarmos sobre o que faríamos se hoje fosse o último dia das nossas vidas, muito provavelmente fariamos algo que nos arrependeríamos amanhã. Viver "como se não houvesse amanhã" é o mesmo que tentar viver como se não houvesse mais ninguém no mundo. Mas o amanhã existe e não, não estamos sozinhos no planeta. Por isso, teremos sempre de fazer escolhas. E saber fazê-las é uma arte que nem sempre nos assiste com o devido talento. As causas e os efeitos sucedem-se e têm de ser encarados com a naturalidade que o nosso carácter permitir. É um passo que se dá a seguir a outro. E assim se vai seguindo, como se o estarmos cá amanhã fosse uma certeza inexorável...

sexta-feira, outubro 07, 2011

Os tempos dos timmings...

Fiquei rendido. Era muita coisa boa para não gostar. Primeiro, a arte. Depois a história. Depois a estória. Depois o romance. Depois a fantasia. Depois a magia. E finalmente a cidade.
A arte é um mundo em si mesma. Um mundo paralelo onde se vivem outras vidas. A arte presta-se a tudo. A todas as interpretações, a todas as análises, a todas as perspectivas. Mas a arte é uma única coisa. Emoção. As técnicas diferem, vão e vêm, mas a emoção permanece. E quanto mais honesta for a emoção, mais extraordinária é a obra. Hemingway poderia ter dito algo parecido...
A obra de Woody Allen tem momentos em que a honestidade difere, o que faz com que alguns dos seus filmes se percam na memória e outros permaneçam. Este é daqueles que deverá permancer, pelo menos na minha memória. O tema tocou-me em vários pontos sensíveis e a conclusão levou-me a reflectir sobre diversas coisas. A própria viagem (não pelo espaço, mas pelo tempo), deixou-me tão enfeitiçado como deixou o personagem de Gil. Também ali estavam alguns dos meus heróis, das minhas referências, dos artistas que fizeram a minha história e que me fizeram apaixonar pela Arte. Também ali estava um desejo meu, de regressar ao tempo em que tudo parecia mais honesto, mais fervilhante, mais apaixonante. Mas, assim como me deixei enfeitiçar pela viagem, também aceitei o regresso ao presente. A ideia de que o passado faz-se de presentes e, tal como o bom português diz que "o que é bom é o que vem lá de fora", o Homem do presente também tende a achar que os bons tempos são os que já lá vão. E talvez o melhor esteja a acontecer aqui e agora.
São estas visões de um homem de 75 anos que tocam a pessoas de todas as idades. É esta universalidade que faz com que os melhores filmes de Woody Allen passem a fronteira do ecrã e entrem na nossa alma. Porque os seus filmes também têm timmings. E o filme certo no timming certo (seja o tempo do mundo, seja no tempo da nossa vida) podem fazer-nos pensar em todas as coisas que fizemos ou não no nosso timming certo.
À meia-noite em Paris (ou em Lisboa, ou noutra cidade do mundo) pode ser que o timming seja certo para muita gente. Pessoalmente, prefiro o lusco-fusco...

domingo, outubro 02, 2011

Oh, so that's how it's like being a father...