terça-feira, agosto 28, 2007

As fantasias das férias

Como especulou o meu caro amigo LAD, este blog esteve de férias. Umas férias bem merecidas, diga-se de passagem, pois o vosso miserável bloguista já estava há demasiado tempo encarcerado entre quatro paredes.
Depois de uma primeira semana dedicada à cultura das artes (com visita ao CCB para apreciar a colecção Berardo – que apreciei – e uma noite de teatro com “As Obras Completas de Shakespeare em 97 minutos” – que apreciei muito e me despertou a curiosidade para ir ver a nova peça do mesmo grupo “A Bíblia: Toda a Palavra de Deus (Sintetizada)” – o nome promete!), iniciei a já clássica descida da costa alentejana (que desta vez se alargou por toda a costa algarvia), armado de apenas um saco de roupa, duas mulheres (!) e uma tenda (daquelas que se montam sozinhas).
A primeira paragem foi em Odeceixe, onde aproveitámos a fabulosa praia local, apesar do céu algo nublado. Daí, partimos para Aljezur, onde nos instalámos no parque de campismo do Serrão (já nosso conhecido de outras andanças) e onde pernoitámos depois de uma noite bem dançada e bem regada (a menina que servia as bebidas era digna de uns pedidos extra) num pequeno bar/disco da cidade mourisca.
Na tarde seguinte, seguimos em direcção à Arrifana e aproveitámos mais umas horas de sol na praia. O grupo de era já na ordem das dezenas e a cada paragem aglomerávamos mais elementos. Essa tarde foi particularmente interessante porque o novo membro trazia boas novas sobre algo que tinha presenciado em Cancún, aquando de um tal de Spring Break (ainda assim não fiquei a saber qual o conceito por detrás dos misteriosos colares de missangas)! Uma experiência a experimentar com urgência!
Da praia da Arrifana, subimos a encosta e fomos até à ponta de Sagres. Novo acampamento e saída à noite em véspera de festival. Nada a realçar, a não ser o frio que mantinha as bebidas geladas e algumas meninas que tinham evidente calor, mas sem grandes destaques.
No segundo dia em Sagres, o caminho para a praia incluía enveredar com o meu C3 por um caminho de Land Rovers e Monster Trucks. Devo dizer que o esforço não foi recompensado na mesma proporção, mas também não decepcionou ao ponto de não (tentar) lá voltar. Creio que a praia era denominada de Ponta Ruiva (mais uma prova que as ruivas não são fáceis de dominar). À noite, lá fomos nós para o recinto do Surf Fest, que este ano era Super Bock (apesar de continuar a ser em Sagres! Há patrocínios que não se perdem.).
Nessa noite, como a “cabeça de cartaz” (Lily Allen) se tinha cortado (merecia era que lhe cortassem a cabeça porque o bilhete não foi propriamente barato!) chegámos tarde e só vimos os dois últimos concertos. Um frio do caralho. Mulheres vestidas até ao pescoço. Apenas cerveja à venda no interior do recinto. Bandas semi-desconhecidas. Resumindo: Ansiedade crescente de voltar para a tenda! Mal deu o apito final, fomos. Alguns resistentes ainda se aventuraram nos bares ventosos, eu preferi o casal...
O dia seguinte teria obrigatoriamente de ser melhor. Muito melhor!
Depois de uma tarde bem passada na praia do Beliche (ainda com o vento a fustigar, mas com mais toplesses e grupos de biquinis, de realçar duas amigas italianas que estragaram o dia a todas as outras mulheres que nesse dia pensaram que aquela seria uma boa praia para o engate!), preparámos a noite como se fosse uma missão do Esquadrão Classe A! Camisolas e casacos. Garrafas de vodka. Garrafas de trina laranja e limão. Mix max. Encher a mochila com os recipientes mixados. Entregar a mercadoria a uma das miúdas do grupo (ainda sobrou meia garrafa para eu levar e desbastar até chegarmos ao recinto) e seguir.
Como eu queria ver Mad Caddies, os Cassardos mandaram as Pombas jantar fora e apostámos nas bifanas e nas fatias de pizza do festival para chegarmos mais cedo. Vi o concerto e pensei que, só por aquela meia-hora, este dia já tinha compensado o dia anterior. Entretanto, chegou a palavra que as Pombas tinham ficado retidas no exterior por transportarem as bebidas. Lancei-me à aventura, fui ter com elas, mantive-me em comunicação com o interior do recinto e trafiquei as bebidas pelo buraco da rede. Pormenor de antologia: todo o tráfico foi feito com a picha de fora porque era necessária a simulação de mijar junto às urtigas. Diga-se também que toda esta “naturalidade” se deveu ao facto de já ter meia garrafa de vodka-laranja e duas jolas no bucho. Não se vê disto nos filmes.
Depois de esvaziada a mochila, voltei a entrar. Herói.
A partir deste ponto, só me lembro de ler os rótulos de trina de pernas para o ar e tudo o resto é uma névoa. Acho que ainda lá esteve Gentleman e que tentei fazer Parkur enquanto caminhava de volta para o carro. O barco, no entanto, manteve-se à tona.
Na tarde seguinte, dia de ressaca, fomos para Lagos, onde ficámos instalados na casa de um dos Cassardos. Da nossa estadia em Lagos, duas coisas a destacar (para além do bom ambiente, do sexo em grupo e das outras coisas do costume).
1ª: uma tentativa frustrada de me embebedar com um aquário (!) cheio de álcool. Resultado: fiquei demasiado cheio de líquido e o álcool não teve espaço para actuar. Não recomendado a estômagos fracos.
2ª: a última noite, no surpreendente Duna Beach, com bom ambiente, apesar do vento sempre constante, uma piscina pronta a usar, uma noite sempre em alta com as meninas em grande destaque, e que culminou com um esplêndido nascer do sol na praia. A reviver brevemente.
Depois de um sono curto, o final da semana implicava a separação do grupo. Cada um tomou o seu rumo. O meu rumo era Armação de Pêra. Nova casa, novos amigos... e o resto da família deles. Apesar de bem recebidos, da boa comida, das boas conversas, a loucura e o à-vontade tinham ficado no barlavento. Voltámos a ser certinhos. Dias de praia das 10h às 19h. Noites a passear pelas ruas de comércio turístico. Visitas ao parque de diversões para ver o querubim a saltar na cama elástica. Conversas de ocasião sobre problemas e questões profundas. Enfim, o sossego.
Até que finalmente descobri a minha fuga.

Esta tem sido a minha leitura de Verão. Na praia, em casa, na cama... em vez de sonhar deixo-me levar pelas fantasias sexuais das mulheres portuguesas. Um trabalho de relativa coragem, realizado por uma mulher, e onde a principal questão que me assola é: “quantas destas mulheres serão realmente bonitas?”. Não consigo evitá-lo. Penso nisso constantemente, já que a multiplicidade de testemunhos (hetero e homo) é tão díspar que é impossível uma análise concreta nesta fase da leitura (vou sensivelmente a meio do livro). É um mundo muito complexo. Por isso sublinho, coloco as minhas questões e as minhas observações e vou-me surpreendendo a cada página. É também interessante ler as explicações dadas por especialistas sobre algumas das problemáticas ou preferências mais comuns. Obrigado, Isabel Freire.
O destino final destas férias foi Manta Rota, perto da fronteira com Espanha. Com novo câmbio de amigos (mas agora sem família atrelada), foram dois dias e meio de boa praia (com água quente, finalmente!!!), muito descanso e um passeio nostálgico pelas ruas da minha memória em Vila Real de Santo António e Monte Gordo.
...
Agora desculpem, mas tenho de voltar para a minha leitura.
(Foda-se, que vício!)

3 comentários:

LAD disse...

Belas férias..!
Não percebi foi se o sexo em grupo foi com as duas mulheres, com a tenda que se monta a ela própria ou com as garrafas de "tri-na-dá-ná-ná"...

El Felino disse...

As duas mulheres foram só para dar início às hostilidades. Na altura do sexo em grupo já eramos para cima de uma dezena de Cassardos (gajos) e Pombas (gajas). A tenda só albergava três pessoas no máximo, para o chamado "sexo regular". As garrafas de trinitá foram a ignição...

Isabel Freire disse...

Obrigada também, pela leitura!
Não posso falar da fisionomia de todas as mulheres, porque não entrevistei a todas pessoalmente.
Aquelas que conheci eram mulheres muito especiais, algumas mesmo muito bonitas (mesmo as que se queixam do seu corpo, e lhe reconhecem centenas de imperfeições).
Bjs
ifa