quinta-feira, fevereiro 28, 2008

O que as gatas lêem...


Sempre tive curiosidade em saber qual o conteúdo das revistas femininas. Não estou a falar das que falam das telenovelas e das celebridades. Não me refiro à chamada "imprensa cor-de-rosa", refiro-me à imprensa presumidamente direccionada para as gatas sofisticadas. Qual é a felina que não revela todo o seu orgulho quando diz que é leitora assídua da Vogue, da Cosmopolitan, ou de outras do género? Sim, porque essas não falam de assuntos mesquinhos e não contemplam fotos de paparazzis. Essas apresentam apenas o lado glamouroso da vida, as grandes produções da moda, os artigos sobre spas, como emagrecer em dez dias, como ser bela em dez minutos e, sobretudo, tudo o que é possível saber sobre sexo! E é aí que até o maior leão fica com um pata atrás.
Quando comparadas com uma revista direccionada para um público masculino da mesma estirpe sofisticada (como por exemplo a Men's Health), nota-se um desfasamento em termos de quantidade de artigos sobre sexo que é digna de fazer qualquer macho latino corar em frente a uma intrépida gatinha.
Tudo o que diga respeito ao sexo é debatido e esmiuçado ao pormenor nas revistas femininas, enquanto as revistas masculinas se perdem em artigos sobre carros, aventuras nos Alpes, desportos, novos cosméticos metrossexuais e receitas para surpreender a mulher amada. Em termos numéricos, as revistas masculinas devem ter 30% de artigos sobre sexo enquanto as revistas femininas devem ultrapassar os 80%.
Isto é assustador para quem está constantemente ao ouvir as felinas a dizer: “Vocês machos só sabem falar sobre sexo!” Será que depois de lerem uma revista destas ficam fartas do assunto? Será que gostam de ler mas não gostam de falar (as palavras ditas ganham outra importância...)? Será que quando lêem parece um assunto distante e quando falam parece um assunto íntimo? Ou será que simplesmente preferem reprimir as suas opiniões para não parecerem demasiado promíscuas?
E a que se dará este fenómeno? Que necessidade será esta de explorar um território tão pouco explorado em conversas casuais? Se saber é poder, será um sistema de defesa? Será uma curiosidade intrínseca ou luxúria não assumida?
É sabido que as fêmeas recolhem dentro de si inúmeros segredos e silêncios, mas desta forma taciturna vão guardando artilharia para dissecar qualquer estratégia de sedução masculina.
É por isso que, desde Janeiro, a minha leitura mensal tem sido esta:

Gosto de perceber o que as felinas falam entre si, o que revelam, o que exploram.
As possibilidades são infinitas.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Olhó Óscar!


Todos os anos faço a maratona dos Óscares. Não me lembro quando comecei esta tradição mas é uma noite para a qual eu treino ao longo do ano, qual Carlos Lopes nos Jogos Olímpicos do Sofá. Devo dizer que, de todos os anos que passei as preciosas madrugadas embuído do glamour de Hollywood com pantufas nos pés, este foi o ano em que mais vezes pensei: "Foda-se, quem é que se lembrou de fazer a merda da gala ao Domingo!"
Isto porque, ainda com os guionistas todos ressacados da greve, não houve muitos momentos de entretenimento na verdadeira acepção da palavra. Resumidamente, uma seca!
Com os vencedores já mais que escolhidos (excepção a pequena surpresa na Melhor Actriz...

...que me fez abrir a pestana por volta das quatro da manhã), foi tudo altamente monótono, sem rasgos de criatividade e, principalmente, sem pontos de referência para se poder fazer inveja aos amigos que, durante essas horas, dormiam o sono dos justos: "É pá, não viste aquela cena, rebéubéubéu, paradais ao ninho...!"
Ou seja, uma gala sem gala, nem glamour, nem vida, nem nada. Tudo culminando com a enorme carga de bazófia demonstrada pelos irmãos Cohen ao receberem, de rajada, os Óscares para Melhor Realização e Melhor Filme.
Dito isto, e para verem até que ponto eu andava à procura de algo surpreendente no meio daquela alarvidade, destaco aquela que foi, pura e simplesmente, a rainha da noite: Helen Mirren!

Como diziam Will Ferrell e Jack Black nos Óscares do ano passado: "Tonight, I'd do Helen Mirren!"

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Vedeta?


Esta é a série que actualmente me faz ficar acordado até depois da uma da manhã ao Domingo a ver a Sic.
É mais do que genial, é genital!

Um momento...


Ultimamente tenho-me sentido melancólico. Os dias passam devagar. Poucos são os momentos de luminosidade. Parece que as nuvens cinzentas, o nevoeiro, a chuva, a noite que se põe cedo, tudo isto se prolonga para dentro de mim.
Até mesmo aquilo que me faz feliz tem tido o condão de me deprimir.
Digo isto porque hoje concluí que a vida, para ser minimamente estimulante, tem de ter eixos. E por eixos quero dizer pontos de viragem, momentos onde algo acontece e nos dá uma nova perspectiva daquilo que nos rodeia, do nosso mundo, de nós mesmos. Sinto que são estes eixos que nos definem enquanto pessoas e que quantos menos eixos, menos aprendemos, menos realizamos aquilo que fazemos, aquilo que nos fazem, aquilo que deixamos de fazer. Uma vida que siga o seu curso sem grandes pontos de viragem não é uma vida plena. Acredito que haja pessoas que vivem bem com isso, que se julgam mais felizes porque nada de extraordinário lhes acontece, porque tudo corre segundo a normalidade, mas eu preciso de check-points onde possa parar, ver, raciocinar e sentir.
Hoje pensei nos eixos minha vida.
Tive alguns ao longo da minha vida. Alguns que foram realmente importantes, outros aos quais dei a importância que eles na realidade não tiveram. E muitas vezes é isso que faço. Ficciono a minha realidade para que se torne mais extraordinária do que realmente é. Não porque a minha vida não seja interessante, mas porque não consigo deixar de desejar que fosse mais. Principalmente a nível profissional.
Hoje pensei no José Luís Peixoto. Um escritor quase da minha idade que escreveu o seu primeiro livro quando a sua vida rodou sobre o eixo da morte do seu pai. É óbvio que nem todos os escritores têm de passar por uma experiência do género para escreverem o seu primeiro livro, mas este é um caso que demonstra o que pretendo dizer. A carreira do José Luís Peixoto começou quando teve de escrever sobre um eixo trágico. O seu talento já seria certamente inato, mas foi esse acontecimento que o despoletou e que mudou a sua vida, dando-lhe um novo rumo e incentivando a mudança.
Obviamente que um eixo pode também ser positivo. Um novo amor, uma viagem, uma alteração da rotina, uma experiência inesperada, um evento... Muito escritores escrevem sobre algo que ainda procuram, que desejariam, sobre um futuro utópico, sobre um passado omnipotente ou sobre nada (a maior parte, escreve sobre nada), mas não é com esses que me identifico. Gosto de sentir quando escrevo, gosto de escrever sobre os sentimentos, sobre ser-se humano, sobre a vida, os desejos, as fantasias e tudo o que nos emociona.
Cada vez me interesso menos pelo futuro ou pelo passado. Vivo no cliché do presente e vivo a tentar torná-lo o mais magnífico possível. Não há nada mais deprimente do que acomodação, a conformidade... mas na maior parte das vezes falta-nos a coragem, principalmente quando já não vivemos a nossa vida apenas para nós próprios. É nesse sentido que a felicidade pode também contribuir para uma depressão ainda maior.
A minha mente vive uma vida diferente da minha. Na minha mente sou um inconsequente, promíscuo, intransigente, prepotente, curioso, libertino e vagabundo que ama o acaso, a descoberta, a inércia, a sedução, o sexo e os pequenos segredos que pairam nos recônditos cantos da mente humana.
E assim permaneço no submundo da minha consciência.

(no anúncio: “Now I've done everything.” Live the interesting life. Men's Journal.)

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

O momento que se segue...


O mundo da publicidade sempre me fascinou (do verbo fascinar, do latim fascinare, dar olhado, enfeitiçar, hipnotizar, alucinar, deslumbrar, seduzir, cativar, atrair irresistivelmente, iludir...)! Não só pela recorrente simbiose das palavras com as imagens mas, principalmente, por essa simbiose ter um objectivo: vender um produto. Ao contrário da arte, onde a função depende do artista, na publicidade, a função depende do produto. E esse é um desafio que, quando feito com criatividade, aguça a inteligência.
Vai daí, através deste blog descobri este curioso site que compila anúncios como o que se segue:

Os meandros da publicidade são deveras complexos. Quando o factor subliminar (mensagem construída de forma a atingir o subconsciente do consumidor) é capaz de fazer com que uma campanha tome os mais diversos rumos e/ou atinja aos mais diversos públicos-alvo de uma forma surpreendente, é como criar uma obra-prima. Muito dirão que a publicidade é um subterfúgio da sociedade moderna, um apelo sem alma ao consumismo ou, como Douglas Adams visionou, "algo de profundamente dispensável" e eu direi: "É pá, isso é mais que certo! Não precisamos desta merda para nada!" Mas, por vezes, tão raro como um eclipse solar, uma campanha é capaz de contribuir para algo mais do que apenas a venda de um produto. Uma campanha pode divertir, pode emocionar e, ocasionamente, despertar a nossa mente para algo tão importante como a nossa própria condição humana.
Até decidir escrever um livro ou conseguir viver à custa de guiões, será no seio desta selva criativa que irei deambular...