quinta-feira, abril 24, 2008

Quidam(os) mais!


Leões e leoas, gatinhos e gatinhas, ontem foi dia de circo!
No passeio de Algés, a tenda estava montada.
Vista de fora era apenas uma tenda, mas quanto mais perto estávamos de entrar mais sentíamos que nos estávamos a aproximar de um outro mundo, o mundo onde tudo era possível. Sim, porque ainda há circos que nos fazem voltar a ser sonhadores, encantados com a fantasia da realidade.
Para os puritanos do mundo circense, este não será o verdadeiro circo, onde se trabalha para sobreviver, onde quase tudo é artesanal e onde o talento inato, passado de pais para filhos, é mais importante do que o treino rigoroso e exaustivo.
Obviamente que concordarei, mas o Cirque de Soleil eleva o circo a outro patamar.
Todo o espectáculo é pensado ao pormenor para que os espectadores sejam também levados a atravessar para um mundo paralelo, cheio de simbolismos e fantasias, vendo-se para lá das ilusões atléticas e dos fatos com lantejoulas através de uma história que é contada e que segue um enredo, assemelhando-se mais a uma peça de teatro do que a um simples número de circo. A relação é, por estas razões, muito ténue.
Esta foi a terceira vez que assisti ao vivo a um espectáculo do Cirque de Soleil. O primeiro que vi foi o “Alegria”, no Royal Albert Hall em Londres, mas nuns lugares que eram quase nos bastidores. Ainda assim foi uma emoção inesquecível. A segunda foi no Pavilhão Atlântico, o espectáculo “Delirium”, mas também aí a dimensão do espaço era demasiado desproporcional para algo que se deseja intimista e próximo das pessoas. Desta vez, numa tenda construída à medida da encenação e do espectáculo, tudo confluiu para a criação de uma ambiente mágico, enigmático e envolvente. Aliás, o que difere no acto de se assistir a um espectáculo do Cirque de Soleil ao vivo, é o facto de estarem a acontecer inúmeras coisas ao mesmo tempo, que não se percepcionam na transmissão televisiva. É esta complexidade cénica, complementada pela diversidade de artes conjugadas num só espectáculo (música, canto, teatro, circo, etc), que tornam cada experiência memorável.
Após duas horas de actuações surpreendentes a vários níveis, foi tempo de acordar e despertar mais uma vez para a cruel realidade. À saída, um pequeno item que estava para venda dizia: “One day I’ll run away and join the circus”!

Demasiado grande para ser português II


Pode não fazer fintas apanascadas e pode nem marcar muitos golos, mas nunca vi jogador tão completo, consistente e incansável como este minorca.

quarta-feira, abril 23, 2008

Demasiado grande para ser português I


Depois de 3 álbuns (comprados) e 2 concertos (presenciados) não tenho qualquer dúvida que este gajo tem talento a mais para um país tão pequeno.

segunda-feira, abril 21, 2008

[a]prenda...


Antologia de autores franceses
Edições Afrodite, Porto, 1976

Publicado pela editora que desafiou Salazar nos tempos em que nada era permitido, foi descoberto por um dos meus mentores culturais na estante poeirenta de um alfarrabista e oferecido como se fosse uma relíquia preservada exclusivamente para o meu regozijo.
Obrigado, Carlos.

terça-feira, abril 15, 2008

Com três letrinhas apenas, se escreve a palavra FHM

E com onze letrinhas apenas, se escrevem as palavras SPRING PARTY!!!


Uma ilusão...

Uma emoção...

Uma procissão...

Uma confusão...

Uma dupla...

Duas duplas...

Alçado...

Cruzado...

Em pose...

Até pró ano.

segunda-feira, abril 14, 2008

quinta-feira, abril 10, 2008

Stay away


Na primeira página do livro da Tashen intitulado “Graphic Design for the 21st Century – 100 of the World’s Best Graphic Designers” (Charlotte & Peter Fiell, 2003) está representada a imagem de um cartaz da autoria de um dos designers mais assertivos do novo século: o inglês Jonathan Barnbrook. No outdoor pode ler-se “Designers, stay away from corporations that want you to lie for them” numa colagem de recortes de pequenos anúncios de algumas das empresas mais conhecidas do mundo.
Este é o tipo de intervenções que organizações como a Adbusters(link) fomentam através de vários meios (revistas, internet, acções de guerrilha), no sentido de criar uma consciência social tanto naqueles que concebem a comunicação como naqueles que a percepcionam, seja ela de cariz comercial ou político.
No início da minha formação em design, foi-me dada a conhecer esta visão socialmente responsável exactamente através dos números da revista Adbusters. Apesar de estar muito centrada na realidade americana, bastou apenas folhear algumas páginas para perceber que o mundo da comunicação, e em particular da publicidade, não é tão irrelevante como inicalmente possa parecer. É certo que a publicidade serve para seduzir, criar fantasias e, no final das contas, vender. Mas muitas vezes tenta-se chegar ao resultado final pela via mais fácil, ou seja, através de falácias, deturpações, verdades fabricadas, incongruências e milhares de outros recursos irresponsáveis, mais ou menos subliminares, que escondem uma realidade totalmente contrária aquela que é comunicada.
Actualmente, temos o caso da Depuralina. Agora imaginem que pertencem à equipa de comunicação da empresa que quer comercializar a Depuralina e têm de comunicar um produto que toda a gente desconfia que contenha ingredientes nocivos para a saúde, para além de ser fabricada por uma empresa ilegal. Inevitavelmente, a não ser que se despedissem todos, teriam de fazer uma campanha a dizer que a Depuralina é um magnífico suplemento alimentar que ajuda a emagrecer e que, por ser tão bom, vai revolucionar o mercado.
Isto seria fácil para os gananciosos do dinheiro, os workaholics, os yesmen, os pré-destinados a presidentes ou para os bastonários dos fins que não olham a meios. Para aqueles que têm uma consciência inconformável, é como trabalhar numa cadeira eléctrica. A cada mentira, um choque eléctrico que nos aproxima do colapso. 
Ainda oiço o meu chefe a tentar incentivar o meu lado criativo: "Inventa!", ou a motivar-me para fazer um trabalho de qualidade: "Não penses, faz!"
... 
Existem sempre opções, dirão os optimistas. Liberta-te, solta-te, sai, foge, lança-te no vazio, sempre é melhor do que continuares na posição em que estás... E depois? Eu não sou o único a viver a minha vida. Há que assegurar a estabilidade acima de tudo, principalmente num país onde não existem oportunidades.
Como sempre, o meu estômago revolta-se. É o meu corpo a dizer que o meu espírito não está bem. Ao menos que algo dentro de mim se revolte...
É nestas alturas que me vem à ideia um artigo que li na referida revista Adbusters. Conta-se que um designer, que trabalhava numa empresa farmacêutica, descobriu que a empresa tinha ligações nazis. Não sendo judeu mas tendo consciência do que aquilo representava, criou uma campanha de quatro cartazes que publicitava um medicamento para as dores de cabeça. Nos cartazes, aprecia a imagem de uma pessoa que, com posturas diferentes, demonstrava dor de cabeça. Isolados, ou conjugados aleatoriamente, os cartazes mostravam apenas isso, uma pessoa com dor de cabeça. No entanto, quando a campanha foi para a rua, os cartazes foram colocados propositadamente numa ordem em que a posição do corpo e dos braços da pessoa formavam as letras da palavra “NAZI”. Com base nessa campanha, a empresa foi investigada e, pouco tempo depois, abriu falência.
No mínimo, inspirador.