segunda-feira, abril 23, 2007

O Síndroma Big Brother


A partir de que altura é que percebemos que as nossas escolhas são condicionadas? A partir de que momento é que percebemos que a felina certa, a felina ideal, a felina total, aquela que desejamos mais que tudo pode não ser a melhor, pode não ser alguém que se adapta a nós mas sim alguém a quem nós, forçosamente, nos adaptamos? E contra mim falo.
Esclareço: Neste mundo, é impossível termos total noção do espectro de felinos e felinos que proliferam por aí. A única porção que conhecemos é aquela que se nos dá a conhecer. Por isso, quanto mais alerta estivermos, melhor. Mas para aqueles que não estão alerta, que não saem à noite para a ramboia aleatória ou que não lidam com ofícios que implicam o conhecimento passageiro e constante de novas pessoas (como no mundo artístico, da moda... vocês percebem), é fácil sofrer do síndroma Big Brother. Para aqueles que estão fechados num ambiente onde todos os dias vêem as mesmas pessoas, para aqueles que não conseguiram encontrar a sua “alma gémea” ao longo dos anos dourados da escola, ou para os que são demasiado tímidos para engatar alguém no health club ou na discoteca, é fácil tomar a decisão de baixar os padrões, baixar as expectativas e escolher o menos mau em vez de escolher o melhor. Das pessoas que conhece, que o rodeiam, haverá sempre uma que, aos seus olhos, se destaca. Essa, por muito má que seja, é a melhor entre as piores. Mas é claro que isto se pode expandir para uma visão mais ampla. Em qualquer vida, por mais boémia que seja, a nossa escolha está sempre condicionada. A não ser que nos fosse possível andar com todas as felinas do mundo durante um período de experimentação para, só aí, podermos decidir em consciência.
Falo do Síndroma Big Brother no sentido daqueles que se fecham numa casa e que, obviamente, escolhem entre a escolha que há, dando sentido à máxima “nem que fosses o último felino do mundo”. Falo do Síndroma Big Brother no sentido de questionar qual o sentido da escolha. Porquê escolher se há tantas opções para experimentar? Apelo à experiência. A experiência é que conta. As certezas são uma estagnação.
Mas agora, outra questão: e se no meio da escolha condicionada encontrarmos a certeza da felicidade? Será condicionada, essa felicidade?... Big Brother is watching.
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UPDATE: Estará a perfeição felina no instante?

segunda-feira, abril 16, 2007

O Império Feminino


Quantas mulheres existem no interior de uma mulher?

Eu fui ao cinema. Eu acho que fui ao cinema. No cinema havia uma peça de teatro com coelhos. Não, havia um filme sobre uma peça de teatro. Não, esperem, havia um filme sobre um filme com uma peça de teatro. Isso. De repente surge uma prostituta com a mente embaciada. Falava Polaco. O Cliente também. Foder para aqui, foder para ali e corta. O filme começa. Uma menina chora. Será polaca? Uma televisão é o centro da emoção. Uma mulher velha visita uma mulher nova. Uma casa demasiado grande. Tudo é detalhado. Um passo em frente. O filme começa. O filme está amaldiçoado. O técnico de luz é surdo que nem uma porta. O sonho começa. Em todas as portas está escrito “axxxonn” (acção). Em todos os corredores há uma nova porta. Algumas portas abrem outras não. Num quarto escuro, por detrás de uma das portas, sobrelotam-se amazonas com lanternas flamejantes. Todas elas conhecem a mesma história. Noutra história, em polaco, uma mulher procura-se a si mesma. Na mesma história, em inglês, a mesma mulher procura outra. A mesma mulher procura saber o que é ser mulher: “Sabes quem eu sou?”, pergunta ela às outras/a si mesma. Espreita-se por um buraco queimado por um cigarro numa lingerie de seda. Para lá do buraco está o Império. O buraco. O Império. Inland. Empire. Corta. No filme do filme, do filme, do filme, do filme, a morte pende sobre as estrelas do chão. O sangue jorra. Mendigos falam num diálogo mal escrito. Alguém falece. Corta. Continua a acção fora do plateau. Alguém espreita. Pelo buraco? Corta. Corta. Corta...

terça-feira, abril 10, 2007

O Síndroma Paris Hilton


Compreendo as que sofrem. As gatinhas que deambulam por aí sozinhas, as Hi5vers, as MySpacers, as YouTubers e as outras. As casadas, as solteiras, as curiosas, as feias, as muito novas, as muito velhas mas, principalmente (e mais raramente), as felinas bonitas. No início, as melhores felinas sempre foram as mais difíceis de encontrar no universo virtual porque, no início, estava instaurada a clausula que a beleza, a perfeição, o verdadeiro encanto feminino, só era possível vislumbrar... pagando-se! E se as verdadeiras gatas podiam cobrar pela sua beleza, para quê dá-la de graça? Esta foi a evidência sublevada pelo Síndroma Paris Hilton.
No início, a quase totalidade das mais extraordinárias felinas andava escondida, fosse em películas caseiras, nos pixeis pouco definidos de telemóveis de segunda geração, nos cartões de memória de máquinas amigas, em álbuns de despedidas de solteira, em lembranças embriagadas de colegas e namorados, etc, etc e pardais ao ninho. Protegiam a intimidade da sua beleza a todo o custo, na utópica esperança de alcançar a bonança de um decadente milionário, um realizador de cinema, um editor de moda ou apenas de alguém que estivesse disposto a colocar uma maço de notas no seu fio dental depois de dar algumas piruetas em cima de um palco enevoado.
Com o evento Paris Hilton, as verdadeiras gatas saltaram do anonimato, dos ficheiros escondidos, dos telhados de zinco desconhecidos e dos areais recônditos para a ribalta. Colocaram as suas imagens mais ousadas nos sites de amizades, nos tubos e nos restantes domínios de entretenimento gratuito, revelando que a beleza felina pode valer mais que um punhado de dólares. Ou talvez não. Muitas delas saltaram da ribalta para as camas dos tais idosos decadentes, dos editores de revistas (de moda e não só), de músicos, de realizadores, produtores e actores de cinema, e restantes membros da academia.
Mas não são dessas que reza esta estória. Na realidade, as verdadeiras estrelas são as felinas corajosas, não as que se mostram em produções fotográficas para um eventual book de moda, não as que fazem poses profissionais para a posteridade, mas aquelas que fazem o que lhes é natural e que não se importam com lentes voyeurs (sejam elas amigas ou desconhecidas), que vestem o seu biquini de Verão e mostram como realmente são, que se divertem com as amigas em festas de arromba e fazem novas descobertas sem questionarem valores ou pudores, que criam blogs audazes para falarem de assuntos íntimos e revelam os seus pensamentos a quem os queira ler, que sabem o valor da sua beleza e que, ainda assim, têm prazer em revelá-la, pedindo apenas em troca que a apreciem. Essas sim, são de valor.
Sejam bem-vindas, gatinhas assanhadas, ao reino da beleza em liberdade.

segunda-feira, abril 09, 2007

THIS IS SHHHHPARTA!!!


A todos os gatos que já desistiram de ir ver filmes relacionados com BD, um conselho: consultem o oráculo.
O filme 300, não é só uma orgia visual de arrepiante intensidade, é também um hino aos épicos, às grandes histórias, às grandes façanhas, aos grandes Homens e às grandes atitudes de “finca-pé” de pequenos estados livres perante a arrogância usurpadora das superpotências escravizantes.
Esta é uma história que vive da memória e da glória do passado. Mitologicamente creditada pelos historiadores, esta “pequena” batalha pode ter sido a mais importante na manutenção e desenvolvimento da identidade europeia, marcando um impasse na ambiciosa expansão do império Persa, e dando origem à expressão “se 300 gatos pingados com tomates de aço incomodam um império, um exército de felinos assanhados com pixas em ponta-de-lança incomoda muito mais!”
À parte dos factos históricos, este segundo orgasmo audiovisual de Frank Miller (depois da decadência hipnotizante de Sin City), baseia-se numa ainda mais revigorante fornicação artística na forma de BD que convido todos os visitantes deste blog a descobrirem.

Uma nota: Existem pequenas piscadelas de olho aos fãs de filmes série B (o prazer do mal feito bem feito), entre elas a caracterização de algumas bestas e, principalmente, a personagem desempenhada por Rodrigo Santoro (quem diria?!).
Duas notas: para quem não percebeu o título deste post, digamos que, no filme, o rei Leónidas tem uma nuance na dicção que ainda o faz parecer mais lixado!