terça-feira, agosto 31, 2010

Eterno feminino...


Conheço cada vez mais felinas que se queixam de pensar demasiado. Para um homem, a pergunta que surge perante tal revelação é: “O que significa isso?”
A meu ver, é uma questão inerentemente feminina mas com uma justificação de âmbito nacional. A mulher portuguesa pensa demais. Não por ser mais inteligente que as outras, mas por ter demasiadas barreiras psicológicas. Desde logo barreiras sociais. A história do nosso país, pequeno, provinciano, católico e tacanho delimitou o pensamento vanguardista que motivou revoluções um pouco por toda a Europa ao longo dos séculos. E quando esse pensamento chegou, através da influência cultural de países como a França, a Inglaterra e, mais tarde, os EUA (que nos influenciaram muito mais do que os países ditos “latinos”, como a Espanha ou a Itália), recebemos também as suas regras contraditórias e hipócritas (típico das sociedades anglo-saxónicas) que confundiram ainda mais aquelas mulheres portuguesas que, um dia ou outro, vislumbraram um relance de emancipação. Dessas sociedades recebemos, simultaneamente, o excesso da libertinagem e a repressão abusiva dessa mesma libertinagem. Essa contradição assustou (e continua a assustar) muita gente, criando cada vez mais reações extremas e conceptualizações sociais que provocam pensamentos dúbios. Essas divergências extremas são um dos principais bloqueadores do pensamento feminino atual. Isto replica-se na difícil compreensão daquilo que separa uma mulher feminina de uma feminista, uma mulher responsável de uma mulher submissa, uma mulher forte de uma mulher intransigente, uma mulher segura de uma mulher dominadora, ou uma mulher que sabe ser mulher de uma que só quer ser a antítese masculina (ou, pior ainda, seu semelhante).
Por outro lado, a mulher portuguesa tem de gerir barreiras comportamentais. Confrontada com o aclamado “machismo” da sociedade portuguesa, a mulher tende a achar que precisa de conquistar o seu lugar, sobrepondo-se ao homem em todas as vertentes emocionais e mentais (quando não físicas), agregando uma responsabilidade e um peso sobre si que é demasiadamente insustentável, mas é considerado necessário como prova de que uma mulher aguenta tudo, tanto ou melhor do que os homens. Ironicamente, este recurso abusivo das suas capacidades, faz com que as mulheres tenham mais razões para se vitimizar o que, numa sociedade “machista”, dá muito jeito, nem que seja para fazer com que os homens fiquem ainda pior na fotografia. Este tipo de comportamento, leva a que o dia-a-dia da mulher seja penoso e caracterizado por um aglomerado de informações, deveres, tarefas e responsabilidades que deixa pouco espaço para digerir toda a informação de forma cadenciada, fluida e adaptada ao seu raciocínio, que é muito mais complexo do que os homens, dada a relação intrínseca entre as vertentes racionais e emocionais do cérebro feminino. Este bloqueio leva a que a mulher se sinta incapaz de tomar decisões rápidas, que a satisfaçam, provocando sempre um estado de ansiedade, insegurança e exaustão que, em muitos casos, provocam constantes depressões e crises existenciais. Neste caso, a mulher reflete insistentemente sobre o seu lugar no mundo e no meio social (seja ele pessoal ou profissional) onde se insere, sem nunca conseguir arriscar por medo de consequências que ela própria desconhece.
Outra barreira tem a ver com a educação. A mulher portuguesa atual ainda é um produto das suas avós, antes do 25 de Abril. E mesmo aquelas que nunca sentiram a ligação com esse tempo, sentiram com certeza os resultados do pós-25 de Abril. Porque a seguir à repressão, não veio a liberdade, veio o excesso. E como todos os excessos, teve consequências extremas. Onde uns abraçaram a incondicionalidade da nova era, outros construíram barreiras ainda maiores, porque a repressão, ainda que má, é mais segura e menos arriscada que a liberdade incondicional. Por isso, a mulher portuguesa também tem essa dupla vertente na sua educação. E quando falo em educação não me refiro apenas a relações diretas, entre pais e filhos. A educação é também aquela que se recebe das pessoas da mesma geração. Assim como fumar foi e é uma educação social, que em tempos distinguia as mulheres “socialmente emancipadas”, muitos outros exemplos também podem ser considerados educação social, como por exemplo o uso da pílula, o uso do preservativo, o uso de drogas, ou simplesmente o uso de piercings ou outras afirmações culturais e de moda (como, em tempos, a minissaia ou o biquíni). E enquanto umas assumiram as suas educações (qualquer que fosse a “escola”), outras revoltaram-se contra as regras impostas apenas por reação antagónica, por vezes sem rumo, sem referências e sem propósitos conscientes para passar às gerações seguintes. Essa diversidade de conceitos educacionais, essa falta de bases de aprendizagem própria, causa também uma miríade de condicionantes mentais que dificultam a perceção do que é certo ou do que é errado, do que é a sublimação da liberdade ou do que é abuso de liberdade. Neste caso, a mulher portuguesa põe em causa a sua própria condição de mulher, instigando-se quando acha que se entregou de mais ou de menos a uma situação, se sabe o que quer ou se anda à deriva, se procura algo concreto ou se se deixa levar pelas emoções e pelo acaso. E se a ocasião faz o ladrão, muitas vezes se questionam se, por seguirem os seus instintos, estarão a quebrar alguma lei.
Finalmente, as barreiras emocionais. Estas são as mais brutais. Emocionalmente, e aliado à evolução do conhecimento acerca da sexualidade feminina, a mulher atual caminha para uma tal complexidade que é cada vez mais difícil compreender-se a si mesma. Analisar uma emoção, um pensamento, um evento ou uma situação casual, torna-se cada vez mais complicado e moroso. Os pequenos problemas diários começam a tornar proporções cada vez maiores devido à complexidade de pensamentos necessários para os resolver. Essa falta de eficiência acaba também por contribuir para uma falência da sua perceção racional e emocional. Para além disso, o facto de querer estar sempre em cima de todos os assuntos e tentar gerir tudo aquilo que interfere com a sua vida (incluindo família, amigos, colegas, acidentes, premonições, eventos, medos, sonhos, inseguranças, memórias, passado, etc.), torna as suas reações ainda mais complicadas porque, muitas das vezes, umas decisões dependem das outras. Neste caso, decidir o que é mais correto, gerir as emoções inerentes às relações com os outros, ou compreender os sentimentos que definem uma relação de amor, paixão, amizade, etc, com todas as suas componentes emocionais, físicas, psicológicas e sexuais, torna-se ultra-complexo. Principalmente quando se percebe que os homens urbanos (porque nas regiões menos cosmopolitas a realidade é bem diferente, as mulheres sabem quem são e os homens também) estão cada vez mais básicos, mas virados para a sua aparência, mais superficiais. Será que tem a ver com o facto de as mulheres quererem sobrepor-se a eles em todas as situações, tirando-lhes o ímpeto masculino?
Estas observações são pessoais e, muito possivelmente, erróneas. Mas é esta a minha leitura com base naquilo que tenho lido, visto, conversado, vivido, analisado. Talvez daqui a uns anos a minha experiência de vida me permita ver as coisas de outra forma, mas nessa altura as mulheres que vou conhecer já estarão noutro patamar das suas vidas e os tempos já serão outros. De qualquer forma, esta análise serve apenas para condensar algum do conhecimento que venho adquirindo e para, a partir daqui, poder partir para outras ilações. É provável que esse caminho me leve a contradizer algumas destas teorias, ou talvez a confirmá-las. O que eu gostaria mesmo era de encontrar uma solução para os problemas das pessoas, principalmente as mulheres, que me rodeiam e que admiro. Porque a satisfação feminina é quase um milagre. O facto de um homem, um ser que se considera básico, conseguir satisfazer um outro ser de tal complexidade, é o epíteto da magia, da superação. Por isso é que os homens correm mais longe, mais rápido, mais forte. E por isso é que não se devem sobrepor valores. Porque se os homens virem que não precisam de correr, são os primeiros a acomodar-se.
A meu ver, é preciso simplificar, não ter medo de perder de vez em quando, não ter medo de ganhar de vez em quando, não ter medo de arriscar, não ter medo de tomar decisões sem pensar nas inúmeras variantes que daí podem resultar. Obviamente que este tipo de conselhos provém de uma mente masculina, básica, pragmática, que considera que a salvação feminina está na simplificação. Assim como uma mulher aconselharia um homem a ser mais complexo emocionalmente, a ser mais atento, a ser mais cauteloso, a ser mais consciencioso. Mas somos apenas dois sexos, opostos, contraditórios e o equilíbrio harmonioso não pode pender para nenhum dos lados. Está, como sempre estará, no meio. E no meio, está a união entre o sexo e o espírito.
I’m getting there.

segunda-feira, agosto 30, 2010

Inspira...


Este fim-de-semana tive uma das conversas mais inspiradoras da minha vida. Se há palavras que nos dão esperança e nos abrem o espírito, este foi um exemplo disso. Uma conversa sem tabus, sem medos, sem bloqueios. Apenas o prazer de dizer o que nos vai na alma e receber conhecimento que nos permite evoluir.
Ah, e tenho de ler este livro:

A noite de sexta-feira foi, no mínimo, radical. Estava mesmo... mesmo a precisar. (Nota mental: nunca mais fazer o percurso Benfica-Bairro Alto a pé antes de jantar. Experimentar fazer depois de jantar... para desmoer.)
A noite de sábado foi, no mínimo, antológica. Não há nada melhor do que uma casa cheia de gargalhadas e de bebedeiras que não acabam com camisolas amarelas. (Nota mental: riscar "beber um Syrah com mais de 10 anos" da lista de coisas a fazer antes de morrer.)
Ah, e vi um milagre a acontecer na Luz. Aliás, dois.

sexta-feira, agosto 27, 2010

Double dare...


Ontem foi noite de sessão dupla. Duas de seguida. Ménage à troi no cinema... não, não foi assim tão interessante.
A primeira tareia foi-me dada com maldade mas, assumo, por culpa minha. Eu sabia ao que ia, e ainda assim fui. O senhor Richard Kelly já me tinha deixado boquiaberto durante 2 horas com a bomba atómica que é Donnie Darko. Foi literalmente o filme onde eu só senti que estava a respirar quando acabou. Nunca vira filme tão estranho na vida. Vai daí, sabendo que o senhor voltara às lides da entranheza, ainda por cima metendo a Cameron Diaz ao barulho, dando-lhe finalmente um papel sério, sem ser apenas o de miúda gira e superficial, tinha de ver para crer. Vi. E, não fosse o intervalo, não teria pestanejado. Sem ser melhor que Darko, é uma história estranha que deixa um amargo de boca mais àspero que lamber uma lixa durante duas horas e depois, com a língua em sangue, mastigar pedras de sal embebidas em molho pesto.
Três ilações: Primeira: a história, baseada no conto "Button, Button", que já tinha sido apresentada num episódio da série Twilight Zone (podem ver aqui), é verdadeiramente estranha e cativante, mas é demasiado amarga, depressiva, negativa e não deixa nenhuma luz ao fundo do túnel. A mensagem é clara: a humanidade, pessoa a pessoa, vai-se condenando a si mesma. Não há redenção. Há apenas a lei do salve-se quem puder. E as prioridades só voltam a ter relevo na nossa consciência quando já não há saída. É uma mensagem que, numa altura de depressão global, nos deixa de rastos.
Segunda: a estranheza do filme é conseguida de várias formas, mas há momentos em que se torna um bocado ridículo, o que corta um bocado a emoção (nesses momentos não pestanejei, mas arqueei a sobrancelha).
Terceira: é curioso perceber quem é que carrega sempre no botão das diversas caixas e o que isso poderá significar. Para além disso, o nome da personagem principal feminina é "Norma".

Depois de um açoite destes, tinha de desanuviar a cabeça e voltar a acreditar que o mundo (mesmo que não seja este) pode ter salvação. Então refugiei-me no meu universo preferido, o da fantasia, e fui ver "O último airbender", de M. Night Shyamalan (sim, o mesmo do Sexto Sentido).
Tinha ouvido dizer que era um filme para pessoas com um Q.I. muito reduzido e receio ter de dar razão a essa crítica. Enquanto assistia ao filme em 3D (uma roubalheira que não vale a pena), só pensava como é que M. Night Shyamalan se tinha metido naquilo. Ele realizou o "Unbreakable", um dos melhores filmes sobre super-heróis de sempre e que se baseia no realismo da história, para que é que ele se foi aventurar num estilo que não lhe diz nada? Para além de coisas ridículas como todos os figurantes serem asiáticos e as personagens principais (supostamente das mesmas tribos que os figurantes) serem todas caucasianas ou indianas (excepto o pequeno avatar, que é perfeito para o papel, diga-se de passagem). Ou seja, aquele filme podia ter sido realizado por um gajo qualquer. Não se vê ali M. Night Shyamalan em lado nenhum, a não ser no seu já habitual "cameo" à la Hitchcock.
De qualquer forma, serviu para elevar o espírito e conseguir dormir mais ou menos descansado.
Só não posso é ver botões à minha frente...

quarta-feira, agosto 25, 2010

Dispensáveis...


A curiosidade era muita. Saber o que ia resultar da junção de um elenco com mais testosterona do que o Hulk na Primavera.
E não defraudou. Apesar do conceito ser totalmente ridículo (os maus, afinal, são bons, mas são dizimados à mesma), a acção é mais que muita e há cenas de pancadaria incríveis, principalmente aquelas protagonizadas pelo melhor actor de acção da actualidade, Jason Statham. Comparado com este, até o Jet Li parece acabado.
Para além disso, ver Randy Couture e Steve Austin à fruta é um pequeno mimo para todos os fãs do UFC (também com a aparição dos irmãos Nogueira) e da WWE, com a gentileza de não deixar sair o derrotado pela porta pequena.
E a participação de Arnold é de chorar a rir. Stallone, Arnold e Bruce Willis na mesma cena. É de antologia.
Curiosamente, a "alma" destes heróis dispensáveis é Mickey Rourke. Bem jogado.
A verdade é que Stallone nunca comprometeu na realização dos seus filmes (com destaque para o último Rocky), dando-lhe sempre uma densidade emocional e uma personalidade muito própria. Mas, desta vez, a sua cara tem demasiada "acção" para se conseguir aguentar nos ecrãs. Ou então o cirurgião plástico dele é descendente do Picasso.
Um filme de acção old school, que representa uma homenagem a alguns dos seus principais interpretes (com as faltas assinaldas pelos espectadores presentes na sala de Van Damme e Chuck Norris).

terça-feira, agosto 24, 2010

"I'm your ghost"...


I was a ghost writer, once upon a time. Not cool, not cool at all.
Há uma cena em que o "escritor fantasma" tem de escrever/inventar um comunicado para os media. Aquilo que Ewan Mcgregor pede para a secretária do seu cliente fazer reflecte exactamente aquilo por que passei. «Write this: "I have always been a passionate - no, scrub that. I've always been a strong - no, committed! - supporter of the work of the International Criminal Court." Was he?» Pois, tough job.
O filme é típico Polansky. Um thriller nas entrelinhas, com diálogos que não se levam muito a sério e com um twist final que deixa aquele sabor amargo na boca, mostrando a realidade de que os bons nem sempre ganham. Um enredo demasiado político para meu gosto mas, como sempre, dei mais atenção aos detalhes do que à "big picture". E que belos detalhes. A cena da bicicleta é de génio.

segunda-feira, agosto 23, 2010

Ste(e/a)l...

My super watch from El Felino on Vimeo.


A Fossil lançou-o para pouco tempo depois o tirar do mercado. Não devem haver muitos por aí a funcionar. É uma verdadeira raridade... só para quem tem nervos de aço.

sexta-feira, agosto 20, 2010

Por falar em rabinhos...

SHOWstudio: The Fashion Body - Buttocks from SHOWstudio on Vimeo.


Peço desculpa, meninas, mas este é o meu diário... é sempre um risco ;)

quinta-feira, agosto 19, 2010

Legos...


Preciso de férias destas férias. Mas é isso que faz com que 15 dias pareçam 1000.
Rescaldo: belos rabinhos, este ano :)