terça-feira, abril 10, 2007

O Síndroma Paris Hilton


Compreendo as que sofrem. As gatinhas que deambulam por aí sozinhas, as Hi5vers, as MySpacers, as YouTubers e as outras. As casadas, as solteiras, as curiosas, as feias, as muito novas, as muito velhas mas, principalmente (e mais raramente), as felinas bonitas. No início, as melhores felinas sempre foram as mais difíceis de encontrar no universo virtual porque, no início, estava instaurada a clausula que a beleza, a perfeição, o verdadeiro encanto feminino, só era possível vislumbrar... pagando-se! E se as verdadeiras gatas podiam cobrar pela sua beleza, para quê dá-la de graça? Esta foi a evidência sublevada pelo Síndroma Paris Hilton.
No início, a quase totalidade das mais extraordinárias felinas andava escondida, fosse em películas caseiras, nos pixeis pouco definidos de telemóveis de segunda geração, nos cartões de memória de máquinas amigas, em álbuns de despedidas de solteira, em lembranças embriagadas de colegas e namorados, etc, etc e pardais ao ninho. Protegiam a intimidade da sua beleza a todo o custo, na utópica esperança de alcançar a bonança de um decadente milionário, um realizador de cinema, um editor de moda ou apenas de alguém que estivesse disposto a colocar uma maço de notas no seu fio dental depois de dar algumas piruetas em cima de um palco enevoado.
Com o evento Paris Hilton, as verdadeiras gatas saltaram do anonimato, dos ficheiros escondidos, dos telhados de zinco desconhecidos e dos areais recônditos para a ribalta. Colocaram as suas imagens mais ousadas nos sites de amizades, nos tubos e nos restantes domínios de entretenimento gratuito, revelando que a beleza felina pode valer mais que um punhado de dólares. Ou talvez não. Muitas delas saltaram da ribalta para as camas dos tais idosos decadentes, dos editores de revistas (de moda e não só), de músicos, de realizadores, produtores e actores de cinema, e restantes membros da academia.
Mas não são dessas que reza esta estória. Na realidade, as verdadeiras estrelas são as felinas corajosas, não as que se mostram em produções fotográficas para um eventual book de moda, não as que fazem poses profissionais para a posteridade, mas aquelas que fazem o que lhes é natural e que não se importam com lentes voyeurs (sejam elas amigas ou desconhecidas), que vestem o seu biquini de Verão e mostram como realmente são, que se divertem com as amigas em festas de arromba e fazem novas descobertas sem questionarem valores ou pudores, que criam blogs audazes para falarem de assuntos íntimos e revelam os seus pensamentos a quem os queira ler, que sabem o valor da sua beleza e que, ainda assim, têm prazer em revelá-la, pedindo apenas em troca que a apreciem. Essas sim, são de valor.
Sejam bem-vindas, gatinhas assanhadas, ao reino da beleza em liberdade.

1 comentário:

Felina disse...

Sei que não era eu a contemplada com as palavras que acabei de ler, mas, como mulher, como Felina, sinto-me lisonjeada!

Um beijinho doce!