quarta-feira, dezembro 03, 2008

Quem és tu...?


Nas várias experiências que tive em algumas das minhas sete (nove?) vidas, passei por várias provas que escamotearam a minha forma de ser. Não me refiro a provas que me foram impostas pelo destino. Essas somos obrigados a superar, a bem ou a mal. Refiro-me a provas que me foram impostas por terceiros, a testes, a exames de âmbito profissional mas de cariz pessoal, que puseram em causa a minha individualidade, que me obrigaram a dissertar sobre quem eu sou ou sobre quem poderia ser. Nessa altura, sempre me assaltou a dúvida de se deveria responder consoante a minha própria integridade ou consoante quem perguntava.
Escolhi sempre ser íntegro, honesto, sincero.
Talvez por isso não me seja reconhecida muita ambição.
Assumo que trabalho para viver. Não vivo para trabalhar. E orgulho-me disso.
Muitos sociólogos afirmam que o facto das mulheres estarem cada vez mais dedicadas à carreira tem contribuído para um aumento da taxa de divórcios (não tem a ver com machismo nem feminismo, é apenas uma constatação do progresso social). Já ninguém tem tempo para a família. A família passou para décimo quinto lugar. Não há tempo para nada. Tem de se dar tudo pela empresa. E o problema é que os filhos não se criam sozinhos. Há até quem já pense em engravidar de uma empresa porque ao menos assim ninguém se importa de fazer horas extraordinárias. E para quê? Para um dia sermos despedidos e relativizarmos a importância de tudo? Para um dia nos reformarmos e sermos demasiado velhos para reconhecermos o prazer de viver? Ou para termos os colegas de trabalho, aqueles que nunca nos suportaram, que disseram mal de nós nas nossas costas e que desejavam o nosso lugar, a comer canapés no nosso funeral (“menos um, talvez agora seja aumentado”)?
Pensem nisso, enquanto eu vou ali fazer amor com a nova impressora do escritório...

Modelo: Che
Foto: José Goulão

1 comentário:

epifania disse...

Que chatice de vida, que pena ter havido desenvolvimento tecnológico. (não era suposto as máquinas trabalharem por nós!)