segunda-feira, maio 31, 2010
What's my password...?
Fizeram-me um pedido: "Preciso que me envies um texto (parágrafo de um livro, uma frase), algo que te tenha acompanhado durante alguns anos, algo que te tenha feito questionar o mundo à tua volta ou que seja importante de uma outra forma."
A minha primeira pergunta foi: "Posso enviar uma lista telefónica cheia de frases?"
Fuck. Ao longo da vida não consegui cristalizar essa frase, esse texto, essas palavras. São inúmeras as inspirações, são inúmeras as influências, são inúmeros os socos no estômago... eu sou um curioso, godammit!?
Existem livros que me marcaram, mas não posso enviar um livro. Existem filmes que me marcaram, mas não vou enviar um guião. Existem músicas que me marcaram, mas não consigo seleccionar uma. Existem imagens que me marcaram, mas não é uma imagem que se pretende. Existem performances artísticas que me marcaram, mas não posso enviar uma companhia de teatro por mail. Tanta coisa me influenciou, seja a nível artístico, cultural, intelectual, emocional e pessoal, que não consigo traduzir textualmente (mesmo sendo essa a minha "arte") aquilo que ao longo da vida me foi guiando e transformando.
Se eu precisasse de uma frase para me salvar, para me definir, qual seria?...
Já me questiono há 3 dias...
sexta-feira, maio 28, 2010
quinta-feira, maio 27, 2010
quarta-feira, maio 26, 2010
quinta-feira, maio 20, 2010
Kabuki (ou o teatro de viver)...
Este livro mudou a minha vida. Mas não foi só a minha. Também mudou a vida do autor e, a julgar pelas cartas transcritas no final do volume, mudou a vida de muita gente um pouco por todo o mundo. Nestas últimas semanas, a influência deste profundo, belo e emocionante "teatro" de palavras e imagens fez com que estivesse para aqui a fazer extensas reflecções sobre o que é a vida, o que é a morte, o que é a arte e até sobre o que é um salto de pára-quedas. Dava por mim a reflectir sobre estas e outras questões, sem me aperceber da enorme influência que este livro estava a ter sobre mim. Mas agora que cheguei ao fim e revi o que tinha lido através das palavras dos outros leitores, concluí que nunca nenhum livro me tinha feito ver a vida como este fez, nem analizá-la de forma tão profunda e tão... real. Mesmo lendo aos bocadinhos, em altas horas da noite, com os olhos já quase revirados, consegui absorver o seu conteúdo e reflectir sobre ele. Fala-se em filosofias, teorias, biografias, grafias, magias, alquimias, verdades e mentiras, sempre com uma humanidade e uma subtileza que desafiam qualquer pensador, qualquer curioso. Uma troca de cartas anónimas, que servem para reforçar a hiper-teatralidade das personagens, são a base para se falar da realidade que usurpa qualquer um de nós em determinado ponto da nossa vida. Nada fica por dizer nesta história, mas fica muito mais por querer saber.
Por curiosidade, escrevi o post "Ligar os pontos" dias antes de chegar ao capítulo intitulado "Connecting the dots", onde surge esta página:
Este é o sétimo volume da colecção "Kabuki", do artista e escritor americano David Mack. Esta é a colecção que tem dado à BD a capacidade de ser mais do que apenas histórias aos quadradinhos. Esta é a revolução artística e conceptual que tem revolucionado a linguagem dos Comics e contribuído para enraizar neste meio de comunicação artístico aquilo que faz parte de qualquer obra superior: alma.
Aconselhado a todos aqueles que apreciam a beleza, em todas as suas formas e sentidos.
quarta-feira, maio 19, 2010
terça-feira, maio 18, 2010
Come fly with me...
Se a vida fosse um puzzle, cada peça seria uma experiência e os espaços entre as peças seriam os momentos em que reflectimos, em que dormimos, em que sonhamos. São esses momentos de quietude que nos permitem conjugar as experiências por que passamos na nossa mente e as fazem permanecer na nossa memória ou serem lançadas no esquecimento.
Quando nos falam em viver a vida ao máximo, agarrar todas as oportunidades, "aproveitar o momento", é isso que estão a tentar dizer-nos: construam o puzzle da vossa vida. Porque mesmo que nunca cheguemos à imagem completa, quanto mais peças tivermos, mais conseguiremos perceber o que realmente estamos aqui a fazer e teremos aproveitado intensamente o privilégio de viver. E quantas mais peças juntarmos, mais teremos acesso a novas peças, porque umas dão passagem para outras, seja uma experiência radical, uma viagem, uma nova carreira, um novo sonho, uma nova amizade, uma nova paixão, um novo amor, etc. A única regra é nunca prejudicar os puzzles dos outros. E se os pudermos encaixar no nosso, mais inteira ficará a nossa vida.
Eu não tenho uma "bucket list" mas quando vi este filme (entre muitos outros que falavam na teoria do "seize the moment") lembrei-me do meu futuro. O que seria de mim num lar, sem forças para me levantar e a pensar no que não fiz? O que seria de mim se olhasse para trás antes de "kick the bucket" e visse que houve oportunidades que não aproveitei por medo, por vergonha, por ignorância, por incompetência ou, pior do que tudo, por perguiça? O que seria de nós se nunca arriscássemos, se nunca quisessemos espreitar para lá do cenário que nos foi montado, como no "truman show"? Não digo que, de repente, deixemos tudo para trás e passemos a ser inconsequentes, só porque temos de experimentar tudo. Não é assim que se constrói um puzzle. Assim só teríamos peças soltas. Mas por vezes é preciso sair do conforto, da estagnação e da rotina que nos tornam indolentes à mudança, aos desafios, à loucura enquanto forma de quebrar as regras.
Ao longo da minha vida ouvi histórias de anciãos que se limitaram a viver a vida que lhes calhou na rifa. Que nunca puseram o pé fora da linha. Também há quem não ache isso necessário, quem se contente em seguir o caminho já traçado, o seu "destino". A lei da compensação também se aplica aqui. Mas há quem siga os exemplos e há quem aprenda com eles. Assim como há filhos que saem aos pais, há filhos que se rebelam dos pais. É também por isso que não há definição para uma educação correcta. Depende sempre de quem educa e de quem aprende. O filho de um pai alcoólico e violento pode tornar-se num psicólogo especializado nestes casos devido à sua experiência, assim como um filho de uma família rica e cheia de etiquetas se pode vir a tornar num rebelde delinquente por ter sido reprimido ao longo da sua vida toda. E assim como não há regras para a vida (nunca se sabe quando um acidente pode acabar com ela), não deveria haver regras para como devemos vivê-la. Apenas formas de vida. Assim como existem tons de cores, não apenas preto e branco.
Foi nisto tudo que pensei quando resolvi saltar de um avião a 4000m de altura. Foi nisto tudo que pensei quando vi o abismo a devorar os meus olhos e os meus ouvidos. Foi nisto tudo que pensei enquanto pairava no ar, pendurado um pára-quedas, com as virilhas em extremo aperto. Foi nisto tudo que pensei quando aterrei num terreno verdejante e percebi que tinha mais uma peça para colocar no meu puzzle...
Fly? Check!
sexta-feira, maio 14, 2010
Morrer antes de morrer...
Soube hoje que Frank Frazetta morreu anteontem. Mais do que o homem, conhecia a obra. E a obra era sobretudo sobre a morte. Os mensageiros da morte. O seu traço era inconfundível e inspirou várias gerações de artistas ao longo dos anos e em vários cantos do mundo. Era um apaixonado pela Idade Média (Dark Ages). Desenhava sobretudo homens brutos e mulheres voluptuosas. Os mensageiros da morte. A sua arte deambulava num mundo onde a morte vivia. Desde os cenários aos personagens, passando pelas linhas rasuradas e as cores sombrias. A sua peça mais conhecida era a de um homem a cavalo, com um machado erguido, parado no cimo de um monte e rodeado de abutres. O título: Death Dealer.
No passado dia 10 esta deve ter sido a última imagem que passou diante dos seus olhos. Frank Frazzeta morreu, mas suspeito que tenha morrido a sorrir...
quarta-feira, maio 12, 2010
(Iron) Man...
segunda-feira, maio 10, 2010
9, ou a importância de ser 1
Sexta-feira fui ver o filme "9". Este poderia ser apenas mais um filme de animação, não fosse a história que esteve na sua origem. "9" foi o título de uma curta-metragem realizada por Shane Acker, como projecto do seu curso de cimema (pode ser vista aqui). Depois de ganhar vários prémios académicos e ter sido colocada no youtube, esta curta metragem chamou a atenção de Tim Burton, que acabou por fazer uma proposta ao jovem Acker para realizar uma longa metragem baseada naquela sua pequena história, tendo Tim Burton como produtor. E foi assim que o filme "9" se concretizou. Um sonho de um puto tornado realidade por um génio.
Ainda enleado nos pensamentos que deram origem ao post anterior, fui ver o filme apenas com a memória da curta-metragem que tinha visto há quase 5 anos. Sabia que havia algo de especial naquele universo, mas não quis ler nada nem ver nada que me pudesse estragar a surpresa. Prefiro sempre ler as críticas aos filmes depois de os ver. Não gosto de ir ver algo com a minha visão condicionada pelas visões dos outros, seja um filme, uma peça ou outra apresentação artística qualquer. A arte implica uma leitura pessoal e toca a cada um de nós de uma forma diferente, porque a nossa leitura baseia-se nas nossas próprias experiências e interpretações. O melhor crítico de arte somos nós mesmos, porque a arte não é feita para ter qualidade, é feita para ter simbolismo e emotividade. E desta vez valeu bem a pena!
Primeiro, ao longo de todo o filme questionei-me porque é que o filme se chamava "9" e não se chamava outro número qualquer? Só porque o personagem principal se chama 9? Não poderia ser assim tão óbvio, teria de haver outra razão... Então lembrei-me da música "Cloud nº9" dos Beatles, do 9 ser o último número singular, dos 9 planetas do sistema solar (que agora já são só 8), entre outras pontas soltas que tentei ligar. Mas nenhuma daquelas fazia muito sentido no contexto do filme.
Finalmente, quase no fim do filme, revela-se o segredo por detrás do número 9 e a minha mente explode em significados e simbolismos como se de um Big Bang se tratasse. Primeiro porque aquele conceito estava guardado nas reminiscências da minha memória, mas acima de tudo porque aquela revelação fez com que eu entrasse naquela sala com curiosidade e tivesse saído com a mente em perfeito êxtase.
Não querendo estragar o filme a ninguém, posso apenas dizer que os nomes ancestrais das personagens principais são: 1. Khat, 2. Ka, 3. Ba, 4. Khaibit, 5. Akhu, 6. Sahu, 7. Sekhem, 8. Ab, 9. Ren.
Uma obra de arte é maior quanto menos se fechar em si mesma.
Eu ainda estou dentro desta.
quinta-feira, maio 06, 2010
Ligar os pontos...
Cada vez que oiço a nova música dos Deolinda, abre-se uma caixa de Pandora na minha cabeça, com pensamentos que me sobressaltam. Ontem ocorreu-me concluir que, cada vez mais, vejo a vida como um jogo de RPG (e não vice-versa). Para conseguirmos viver em pleno, para conseguirmos aproveitar o que a vida tem para nos oferecer, para conseguirmos perceber as mensagens que nos chegam, para conseguirmos compreender as pessoas que nos rodeiam e, principalmente, para conseguirmos evoluir enquanto pessoas, temos de conseguir ligar os pontos. E esses pontos só podem ser ligados se tivermos o conhecimento necessário para os saber ligar.
Por exemplo, na primeira frase deste texto, faço referência à "caixa de Pandora". Quem não souber a origem do mito de Pandora, não irá compreender o que quero dizer com esta expressão. Mas se souberem do que falo, a conversa ganhará toda uma nova dimensão. Assim como para aqueles que souberem o que é um jogo de RPG.
O principío de saber juntar pontos para o entendimento da vida vem desde que nascemos. Os primeiros estímulos dão-nos a conhecer a fome, o sono, o calor, o frio, as cores, as luzes, os objectos. Mais tarde, as faces, as expressões, as palavras, as letras, os significados, os conceitos, as imagens. Depois as histórias, os mitos, as relações entre pessoas, a verdade, a mentira, as diferenças culturais, o entendimento do corpo, da mente, das artes, das ciências, da humanidade, do mundo e do universo. Quanto mais quisermos saber sobre cada assunto, quanto mais curiosidade tivermos, quanto mais inconformados formos com aquilo que temos por adquirido, quantos mais pontos conseguirmos juntar, maior será a nossa percepção, maior será o nosso entendimento e maior será a nossa evolução enquanto seres humanos. Claro que nunca poderemos saber tudo sobre tudo mas, se soubermos um pouco sobre muita coisa, será mais fácil abrir portas que desconhecemos, do que se nunca tivermos a chave para conseguir porta nenhuma e tivermos de abrir todas à machadada.
Passar por uma má experiência pessoal, ler um livro que não tem relevância cultural, ver um filme alternativo, ouvir uma música fora de moda, ou simplesmente dar um passo arriscado para mudar de vida, podem ser formas de adquirir um conhecimento que, até aí, nunca tinhamos conseguido adquirir. Porque nunca se sabe onde um passo fora da nossa órbita nos pode levar. Mesmo que seja por uma caminho menos bom, será sempre para um lugar novo. E para a próxima, já serão mais uns pontos que vamos conseguir ligar.
Porque nada vem do nada, porque tudo está interligado, porque tudo advém de algo e porque a evolução é constante, não é uma coisa que acontece de repente.
quarta-feira, maio 05, 2010
segunda-feira, maio 03, 2010
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