sexta-feira, novembro 05, 2010
Anti-herói...
E sem querer, os pontos ligaram-se. Há uns dias, postei este clip, sem saber a sua verdadeira importância, o seu significado. Ontem fui ver este filme, e tudo ganhou uma nova dimensão. Na verdade o que me fez querer ir ver o filme foi o facto de saber que tinha sido realizado por Joann Sfar (autor de BD francês) e que Serge Gainsbourg foi o criador da canção "Je t'aime... moi non plus". Ah, e a Laetitia Casta a fazer de Brigitte Bardot. Sem dúvida, um mix muito apelativo.
E não saí defraudado. Como o realizador diz no fim do filme: "Gosto tanto de Gainsbourg que não me interessam as verdades sobre ele. Prefiro as mentiras." E, acrescento eu, as fantasias. O filme é surpreendente do princípio ao fim, levando-nos para o universo paralelo onde os grandes génios deambulam, um universo só deles, onde tudo é possível, onde guardam as suas ideias, a sua criatividade, os seus paradoxos e até mesmo as suas outras vidas, as suas outras formas. A vida "heróica" de Gainsbourg foi plena de excessos, sucessos, declínios e revoltas. Tudo o que uma boa biografia precisa. Mas a visão de Joann Sfar leva-nos mais além, para lá da imagem pública do cantor e compositor, para lá da percepção, para lá da realidade, com um toque de magia que só um homem habituado a mover-se por entre painéis e vinhetas poderia conseguir. Um filme sublime, sem pudores, que não nos dá uma tareia, mas que nos deixa completamente rendidos ao génio e ao galantismo de um homem que tinha tudo para não ser nada.
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