sexta-feira, março 25, 2011
Ilação espontânea...
Hoje dei por mim a apreciar o facto de uma cantora perder o fôlego durante uma canção.
E, com base nessa simples premissa, formulei uma ilação universal:
"É na iminência da decadência que reside toda a beleza humana."
Pronto, tá dito.
Next question!
quinta-feira, março 24, 2011
quarta-feira, março 23, 2011
Monstra...
Nem só de Studios Ghibli se faz o cinema Anime. E ainda bem. Mal seria se todas aquelas ideias tivessem de passar pela mesma cabeça. Ontem, no Festival Monstra, este foi o filme da competição de longas metragens que vi e apreciei.
Mais do que apreciar o filme, apreciei acima de tudo os casais que estavam na sala e a forma como as mulheres entraram no ambiente do filme, agarrando-se aos maridos/namorados nas alturas de maior stress ou nas alturas de maior ternura. Chegavam mesmo ao ponto de verbalizar em voz alta as suas angústias em relação à história que estavam a testemunhar. "Atão mas ele tá parvo?", "Oh pá, não acredito!", "Ele não vai conseguir, ele não vai conseguir".
Percebe-se que um filme é bom quando nos agarra pelos colarinhos e nos rapta da nossa realidade.
Foi o primeiro que vi no Monstra deste ano. Talvez não seja o último...
Mais do que apreciar o filme, apreciei acima de tudo os casais que estavam na sala e a forma como as mulheres entraram no ambiente do filme, agarrando-se aos maridos/namorados nas alturas de maior stress ou nas alturas de maior ternura. Chegavam mesmo ao ponto de verbalizar em voz alta as suas angústias em relação à história que estavam a testemunhar. "Atão mas ele tá parvo?", "Oh pá, não acredito!", "Ele não vai conseguir, ele não vai conseguir".
Percebe-se que um filme é bom quando nos agarra pelos colarinhos e nos rapta da nossa realidade.
Foi o primeiro que vi no Monstra deste ano. Talvez não seja o último...
terça-feira, março 22, 2011
segunda-feira, março 21, 2011
A Sofia não copula...
Esta vai doer.
Durante vários anos preguei o evangelho de Sofia. Quando "The virgin suicides" transportaram para o grande ecrã grande parte das minhas reflexões de jovem parvo e sonhador, ainda por cima retratadas por uma jovem mulher, percebi que havia ali uma percepção extra-sensorial que lhe permitia ver o mundo de uma forma muito peculiar e que me atraia como para um abismo de emoções e sonhos. A delicadeza, subtileza e ligeira melancolia com que tratou esse tema fez-me respeitá-la como criadora e passei a ser fã.
Depois desse marco cinematográfico, lançou o bucólico e contemplador "Lost in translation" que nos levou numa viagem pelo estranho e sempre surpreende Japão, ao mesmo tempo que nos contava uma história simples de um encantamento de um homem triste-cómico com uma rapariga perdida no tempo, no espaço e em si mesma. Mais uma vez, a subtileza, as personagens, a beleza das imagens deu ao filme um significado maior de que apenas o de uma obra de cinema. A partir daqui, o evangelho propagava-se sem necessidade de enviar os Cruzados ou a Inquisição.
Seguiu-se o "Marie Antoinette". Eu percebi. A Sofia apaixonou-se pela personagem e quis ligar-se a ela como se fosse uma das suas amigas, mas em vez de a trazer para o nosso tempo, transportou-se ela própria até ao século XVIII e levou consigo músicas de algumas bandas do séc. XXI, o que causou um choque de estilos que, a meu ver, até resultou. Ainda assim, as músicas pareciam tentar compensar a falta de ritmo que o filme tinha. Interpretei na altura que a intenção era mostrar o quotidiano monótono e enfadonho de uma rainha jovem, presa aos protocolos da nobreza e à inocuidade física e emocional de um rei sem força na verga. E por mim tudo bem. Resisti à duração da película e gostei.
Mas algo aconteceu entretanto.
Já tentei saber se a Sofia andou enrolada com o Manoel de Oliveira, mas não encontrei nada. Depois de um caso falhado com o Tarantino (o que poderia ter resultado em algo bem interessante), acho que ela decidiu testar o vigor do centenário cineasta e, depois de ver que ele tem mais pedalada que ela, fez este "Somewhere". Nunca num filme vi tantas pessoas a dormir. E não me refiro à sala de cinema. Refiro-me à história. Agora que penso nisso, acho que este bem pode ser uma ode à narcolepsia. Mas mais do que ver alguém a dormir, vemos alguém a fazer as coisas mais banais, do princípio ao fim. Este filme, espremido, teria 5 minutos. E mesmo assim a história não valeria a pena. Não há ponta de interesse. Não há sequer um entendimento de porque é que se está a contar aquela história. E se das outras vezes fazia sentido ter uma mulher a realizar e a escrever aqueles filmes, desta vez fica sem se perceber se ela está a ridicularizar os homens ou se ela propria se está a tornar um homem, porque é tudo tão masculinizado que até chega a ser demais (nem acredito que vou dizer isto, mas... um exemplo: as duas sequências das gémeas a fazer dança de varão. Bastava uma cena para se perceber a ideia. Ao mostrar duas vezes, foi bom para os gajos no público, mas mau para o filme.) Nem a tão proclamada banda-sonora dos Phoenix deixou marca. Só apareceu quando surgiu a ficha técnica. Dammit!
Eu sei que o Francis, o pai da Sofia também não anda bem, depois do que fez com "Tetro" (outro filme muito bom... for me to poop on!). Não sei se andam a tentar fazer filmes de inspiração europeia, mas se estão, estão a ir aos gajos errados.
Agora a Sofia vai ter de me conquistar outra vez, porque depois deste "Nowhere", tornei-me novamente ateu.
quinta-feira, março 17, 2011
Tu bi, or not tu bi?...
Estava a ler um artigo sobre a vida de uma mulher bissexual portuguesa na revista Sábado, em que ela, depois de relatar alguns dos seus casos, conclui o seguinte:
“Todos os episódios que contei e as coisas que disse significam que há duas verdades incontornáveis para mim: a primeira é que, na generalidade dos casos, as mulheres continuam a parecer-me demasiado chatas, complicadas e desinteressantes quando estão dentro de uma relação; e a segunda é que os homens são sempre pontos de estabilidade e de equilíbrio que me fazem falta.
O mais provável é que um dia venha a partilhar a minha vida com uma mulher, mas não é impossível viver uma relação para sempre com um homem. Tudo dependerá da importância que continue a dar ou não à paixão, porque até hoje este sentimento pesou a favor das mulheres.”
E tive uma epifania: será a Mulher o alvo primordial da paixão (do deslumbramento, da perdição, do abandono) e o Homem o alvo primordial do amor (do pragmatismo, da entrega, da resistência)? E será essa a principal diferença entre os conceitos de amor e paixão que ambos debatem entre si?
Como complemento a este artigo, encontrei uma citação de uma celebridade feminina brasileira que assumiu recentemente a sua bissexualidade e afirmou que o sexo entre mulheres é "o eterno preliminar". Curioso...
quarta-feira, março 16, 2011
terça-feira, março 15, 2011
"If you were a piece of wood"...
Apercebi-me como é um concerto de betinhos:
- Paga-se uma fortuna por um bilhete na primeira fila, mesmo que a única vantagem seja para o avô que não consegue ver ao longe, porque o concerto não vale nem metade daquele preço.
- Fica-se em silêncio durante todo o concerto, principalmente nas músicas mais mexidas. Nem palmas, nem vozes. Apenas silêncio... para se ouvir o eco numa sala cheia de gente.
- Não se reage a nada do que a pessoa que está em cima do palco diz. Seja piadas, referências a artistas ou outra coisa do género. Valoriza-se acima de tudo os momentos desconfortáveis de mudança de guitarra, subida de escadas, mudança de microfone, etc.
- Aplaude-se muito no fim das músicas para compensar a falta de presença emocional e dar a entender à banda que não estão sozinhos na sala.
- Finalmente, aplaude-se de pé, mesmo que o concerto tenha sido fraquinho, para pelo menos dizer que foi caro mas foi aplaudido de pé. "Inesquecível!"
Cada vez custa-me mais dar dinheiro para ver um concerto. Fora os festivais, em que os concertos são de vária ordem e o ambiente é mais descomplexado, acho que vou começar a poupar dinheiro em músicas ao vivo e apostar mais em peças de teatro.
segunda-feira, março 14, 2011
sexta-feira, março 11, 2011
Filmes do sofá...
Durante o meu refúgio, nos intervalos entre estar quieto e não fazer nada, vi uns filmes. Aqui estão os mais relevantes:
127 horas
Um "tour de force" admirável, tanto do James Franco como do Danny Boyle. Não é qualquer realizador que consegue manter um espectador acordado e interessado (e que ainda por cima já sabia o final do filme) até ao fim. A história não dava para mais.
Blue Valentine
Um filme surpreendente, onde os bons não ganham. Merecia uma análise mais profunda do que aquela que consegui dar com os neurónios que ainda estavam em sistema de reparação, mas gostei, apesar de me ter parecido um filme muito fechado, muito apertado sobre si mesmo. Grande relevância para os actores.
Shutter Island
Agora percebo porque é o Leonardo DiCaprio conseguiu ser tão estrondoso no Inception. Pela mão do mestre Scorcese é mais fácil aprender e este filme (apesar de ter aqueles finais um bocado "resolve tudo à pressa") tem um DiCaprio brutalmente intenso. A história é incrível, mas também não bate o Inception.
Mas melhor do que todos estes filmes, foi estar numa casa com uma vista que parecia saída de um cenário do mestre Miyasaki: uma casa à beira rio, com vista sobre as serras e com o comboio a passar, dia e noite, sobre uma pequena ponte de pedra...
127 horas
Um "tour de force" admirável, tanto do James Franco como do Danny Boyle. Não é qualquer realizador que consegue manter um espectador acordado e interessado (e que ainda por cima já sabia o final do filme) até ao fim. A história não dava para mais.
Blue Valentine
Um filme surpreendente, onde os bons não ganham. Merecia uma análise mais profunda do que aquela que consegui dar com os neurónios que ainda estavam em sistema de reparação, mas gostei, apesar de me ter parecido um filme muito fechado, muito apertado sobre si mesmo. Grande relevância para os actores.
Shutter Island
Agora percebo porque é o Leonardo DiCaprio conseguiu ser tão estrondoso no Inception. Pela mão do mestre Scorcese é mais fácil aprender e este filme (apesar de ter aqueles finais um bocado "resolve tudo à pressa") tem um DiCaprio brutalmente intenso. A história é incrível, mas também não bate o Inception.
Mas melhor do que todos estes filmes, foi estar numa casa com uma vista que parecia saída de um cenário do mestre Miyasaki: uma casa à beira rio, com vista sobre as serras e com o comboio a passar, dia e noite, sobre uma pequena ponte de pedra...
quinta-feira, março 10, 2011
quinta-feira, março 03, 2011
Cheers...
terça-feira, março 01, 2011
And the shot went to...
Mais uma maratona dos Óscares. Este ano, dois pontos de interesse:
1-Luta renhida entre filmes (não houve Avatares, nem Titanics nem blockbusters afins para açambarcar os prémios todos)
2-Uma lista de apostas, um copo de shots e uma garrafa de licor Beirão para esvaziar à medida que os premiados eram chamados (o primeiro prémio da noite daria o mote para saber se bebia nos que falhava ou nos que acertava. Calhou beber nos que acertava.)
Em contraponto, houve um ponto de grande desinteresse:
1-Foi a cerimónia mais Salazarista que vi nos últimos anos. Apresentadores certinhos, premiados certinhos (excepto a Melissa Leo, que soltou um "FUCK!", que só se ouviu deste lado do Atlântico) e até acabou com a "mocidade americana" a cantar uma música de embalar. Se não fosse o momento em que entrou o verdadeiro apresentador dos óscares (Billy Crystal), tinha sido a cerimónia mais cinzenta de sempre (e mesmo assim, acho que foi). Pelos vistos, os estragos do Ricky Gervais estenderam-se para além dos Emmys...
Quanto aos prémios, achei que foram bem entregues, excepto:
- Melhor argumento original: o Inception devia ter ganho. Aquele enredo é coisa de génio. Quanto ao Discurso do Rei, metade do argumento já estava escrito (era baseado no discurso real do Rei George VI). Foi mais um ponto a favor do Salazarismo da cerimónia.
Contas feitas, acertei 9 e falhei 15. Só deu para me ajudar a dormir.
Subscrever:
Mensagens (Atom)