terça-feira, agosto 01, 2006

A arte de dormir


Quando se ama, torna-se quase impossível dormir sozinho numa cama. Mesmo que seja demasiado pequena, há sempre espaço que sobra, espaço vazio. É tortuoso encontrar uma posição confortável, uma postura correcta, um sítio para onde olhar ou para onde desviar os olhos. É difícil o acto de adormecer. Concluo que a arte de dormir é uma performance a dois. Um bailado no silêncio onde se dança quieto, num só corpo composto, de braços e pernas laçados, de suspiros sonhados e aromas a cabelos molhados. Dormir é um braço que se sobrepõe, uma perna que roça suavemente, um músculo que espasma, um beijo que se dá devagar mesmo de olhos fechados. Amar é dormir de peito quente e coração aberto.

a minha próxima ida ao cinema...

3 comentários:

Alexandr3 disse...

e se for numa cama redonda, a arte é ainda maior!

El Felino disse...

Muito me conta, Sr. Dr., muito me conta...

Mike disse...

Claramente não tens de partilhar a cama com alguém que encara o acto de dormir em si como uma coisa de quase divinal e acima de tudo como um acto solitário em que o mais leve toque é considerado quase como uma afronta.Qualquer tentativa de aninhar já quando dorme é repelida com um valente pontapé ou outro que tal. Como se diz "Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque".