terça-feira, setembro 19, 2006

Porque nos enGATAmos?...


Realmente a zoologia tem um certo encanto:

Desmond Morris é um zoólogo que estuda o primata Homo Sapiens como apenas mais uma espécie animal. Essa é a premissa do seu livro "A Mulher Nua - Um Estudo do Corpo Feminino”.

Este autor é famoso pelo best-seller “O Macaco Nu”, em que faz uma análise zoológica do animal humano - atribuindo o sucesso de nossa espécie a um processo evolucionário chamado neotenia, ou seja, à manutenção de características infantis na idade adulta. Diferentes dos outros animais, os humanos não param de brincar depois de crescerem. Diz ele que arte, pesquisa, música e poesia são brincadeiras adultas. Faz tudo parte da nossa curiosidade e capacidade de inventar.

A neotenia manifesta-se de formas diferentes no homem e na mulher. O homem é mais infantil no comportamento (arrisca mais na brincadeira, gosta da competição), a mulher incorpora mais características de criança ao corpo adulto. Segundo Morris, a fêmea seria anatomicamente até mais evoluída que o macho:

“A vantagem de ter um corpo de criança é clara. A evolução programou o macho para defender a prole - e, no mundo primitivo, a mulher infantilizada também era protegida. Daí ela ter conseguido preservar a voz aguda, o rosto imberbe e as formas curvilíneas.”

Depois temos estas deliciosas assumpções (desculpem o brasilês):

CABELOS - Quanto mais finos os cabelos, mais femininos. Segundo Morris, a cabeleira delicada das mulheres é uma das reminiscências infantis que atraem os homens. Loiras têm os fios mais finos, seguidas pelas morenas e, por último, as ruivas. "Nesse sentido, as loiras são mais femininas", escreve o zoólogo, também responsável pelo negrito no verbo. Aí estaria a raiz da preferência masculina pelas platinadas - e do costume feminino de clarear os cabelos. A tintura não deixa os fios mais delgados, mas o efeito visual é o mesmo. E, no caso, parecer mais feminina já basta.

BOCHECHAS - A ausência de barba é um dos sinais mais visíveis da distinção de gênero entre humanos. Se a mulher nunca chega a ter um rosto peludo, é para manter a aparência de criança que precisa de proteção. "Simbolicamente, a bochecha é a parte mais suave de todo o corpo feminino", diz Desmond Morris. Segundo o autor, bochechas coradas remetem à idéia de virgindade. "A mulher que cora diante de um comentário de conotação sexual obviamente tem consciência de sua sexualidade, mas ainda preserva uma certa ignorância." Mulheres assim geralmente são jovens: eis por que a maquiagem facial muitas vezes carrega em tons rosados nas bochechas.

LÁBIOS - No reino animal, os lábios humanos são os únicos curvados para fora. "Se observarmos atentamente a boca de um chimpanzé ou de um gorila, logo veremos que a superfície macia e brilhante fica escondida", afirma Morris. Nossos beiços não são apenas infantis, são embrionários: eles têm a forma dos lábios de um feto de chimpanzé de 16 semanas. Essa característica se mostra bastante útil para sugar o leite dos seios também exclusivos da fêmea humana. Num homem adulto, os lábios se tornam um pouco mais esticados e finos; mas a mulher, até chegar à velhice, mantém lábios carnudos e macios, prontos para serem beijados. A conotação sexual da boca vem de outros lábios femininos, os lábios vaginais: a semelhança está na forma, na textura e na coloração. E todos os lábios da mulher agem em uníssono quando vem a excitação: ficam mais túrgidos, mais rubros e mais sensíveis. As mulheres não demoraram para perceber essa relação e usá-la em seu favor - o primeiro esboço de um batom vermelho surgiu já entre as prostitutas do antigo Egito.

MÃOS - Aqui se encontra uma das maiores diferenças anatômicas entre os sexos. Enquanto as mãos dos homens são fortes, as das mulheres ganham em flexibilidade. Isso se traduz em maior habilidade para manipular objetos pequenos. "As mãos masculinas, embora capazes de grande precisão se comparadas às mãos de polegares curtos de outras espécies, não podem competir com as mãos delicadas, ágeis e frágeis da fêmea humana", afirma Morris. Mais uma vez, a bifurcação evolutiva tem origem na antiga divisão de tarefas: enquanto os machos caçavam e lutavam com suas mãos musculosas, as fêmeas se dedicavam à coleta de alimentos e a trabalhos decorativos, tarefas que exigem habilidade dos dedos. Então, por que a maioria dos grandes pianistas são homens? Para Morris, a resposta é óbvia: o teclado do piano foi desenhado para mãos masculinas. "Num teclado ligeiramente menor, mais adequado ao tamanho da mão feminina, a flexibilidade dos dedos faria as mulheres pianistas suplantarem facilmente os homens." Resta saber por que os fabricantes de instrumentos musicais ainda não inventaram tal coisa.

SEIOS - Apesar de serem 2, os seios da mulher são únicos. Além de produzirem leite para a prole, despertam interesse erótico no homem. Isso não ocorre em nenhuma outra espécie - após o período da lactação, as tetas das fêmeas simplesmente desaparecem. Nas mulheres, não: as mamas até aumentam quando estão cheias de leite, mas continuam protuberantes mesmo quando não há nenhum bebê para alimentar. Na opinião de Morris, esses seios perenes são uma artimanha da evolução para estimular a procriação. Eles emulam os sinais sexuais emitidos pelas nádegas - algo oportuno para quem assumiu a postura ereta e é quase sempre vista de frente. "O par de falsas nádegas no peito permite continuar transmitindo o primitivo sinal sexual sem dar as costas ao interlocutor", diz o zoólogo. Não à toa, tanto os seios quanto as nádegas têm a forma de meia-esfera. Morris afirma ainda que essa função sexual dos seios pode ter prejudicado sua atribuição primária. "Os seios cresceram tanto em seu esforço para imitar as nádegas que ficou difícil para um bebê abocanhar um mamilo", diz.

CINTURA - A razão por que homens são atraídos por fêmeas de cintura fina é tão simples quanto cruel: depois do primeiro parto, essa parte do corpo se expande irremediavelmente. "Mesmo que ela consiga, com um regime alimentar rigoroso, recuperar o corpo esbelto que tinha antes da gravidez, a cintura nunca vai ser tão fina", afirma Morris. Segundo ele, depois de vários partos, a circunferência da cintura da mulher aumenta de 15 a 20 cm. Portanto, uma cintura de pilão dá ao homem a impressão de estar diante de uma fêmea que ainda não desempenhou sua função de reprodutora - o que, em tempos primitivos, significava quase o mesmo que uma mulher virgem.

QUADRIS - Quadris largos são uma das marcas mais características da silhueta feminina. O sinal biológico que eles transmitem, e que atrai os machos da espécie, é bastante claro: uma bacia ampla facilita a procriação. Mulheres de quadris grandes, então, são imediatamente relacionadas às noções de fecundidade e feminilidade.

PÊLOS PÚBICOS - Fora a cabeça e as axilas, a região genital é a única parte do corpo feminino a ter cabelo abundante. Em primeiro lugar, os pêlos púbicos são um sinal visual. "Numa época primitiva em que os humanos andavam nus, eles devem ter funcionado como um sinal de que a menina havia se tornado uma mulher adulta", afirma Desmond Morris. O nascimento desses pêlos coincide com o início da ovulação - quando a fêmea é biologicamente capaz de procriar. Segundo Morris, "para o macho pré-histórico, a ausência de pêlos púbicos nas meninas era um aviso de que elas ainda eram jovens demais". Esses cabelos têm também a função de atrair o homem pelo odor. Não faz muito sentido num ambiente em que as pessoas usam roupas e tomam banhos diários, mas o tufo de pêlos ajuda a reter os feromônios - substâncias que supostamente despertam a libido - secretados por glândulas da região genital. Há ainda outro motivo para a zona púbica ser cabeluda: os tufos atuam como amortecedor do atrito em atos sexuais, digamos, vigorosos.

GENITAIS - Comparada ao aparelho de nossos parentes mais próximos - os símios - a genitália da fêmea humana apresenta uma sensacional evolução: a capacidade de gerar prazer. Usemos como exemplo o coito entre 2 babuínos: o pênis entra e sai em média 6 vezes da vulva, numa performance que não costuma durar mais de 8 segundos. A macaca não tem tempo nem de pensar num orgasmo. Se a coisa é diferente na nossa espécie, isso não se deve apenas à extrema sensibilidade dos tecidos dos genitais femininos - algumas peculiaridades do pênis humano também ajudam. Macacos não conhecem o que chamamos de ereção: seus pênis são finos e sustentados por ossos. Já o aparato desossado dos homens fica pronto para o uso somente quando a excitação manda para lá um suprimento extra de sangue. Isso alonga o pênis, mas é o aumento do calibre que realmente faz a diferença. A pressão do pênis nas paredes internas da vagina provoca sensações de prazer e, à medida que a excitação cresce, crescem também os lábios vaginais e a sensibilidade de todo o aparelho genital. O clímax de tudo isso é o orgasmo. Bonito, não?

BUNDA - Dentre todos os animais, os humanos são os únicos dotados de bunda. Isso porque também somos os únicos mamíferos a andar sobre 2 patas o tempo todo - os fortes músculos glúteos são essenciais para que possamos adotar essa postura. Em especial nas mulheres, as nádegas exercem também um forte apelo sexual. A bunda feminina difere da masculina em 3 pontos essenciais: é maior, mais empinada e rebola. Não é preciso dizer o quanto essas qualidades agradam ao homem. Não se sabe ao certo por que, mas Morris levanta uma hipótese: como nossos ancestrais andavam de 4 e sempre copulavam por trás, os sinais sexuais eram naturalmente emitidos pelo traseiro da fêmea. Quando assumimos a postura ereta e desenvolvemos os músculos glúteos, as formas arredondadas das nádegas substituíram esses sinais primitivos. "As mulheres com grandes traseiros enviavam fortes sinais sexuais, e com isso as nádegas iam crescendo", diz o autor. Segundo ele, as mulheres passaram a ter superbundas, gigantes a ponto de atrapalhar a cópula - o que teria propiciado o nascimento do coito frontal e o surgimento dos seios como sinal sexual alternativo na frente do corpo feminino.

PÉS - Como não precisavam percorrer grandes distâncias atrás de caça na pré-história, as mulheres acabaram dotadas de pés menores que os dos homens - mesmo em relação ao seu próprio corpo. Assim, pés pequenos passaram a ser vistos como símbolos de feminilidade. Esse é o motivo de mulheres de comportamento masculinizado serem chamadas de "sapatão" e é também uma fonte de constrangimento para meninas que nascem com pés grandes. Para terem pés considerados femininos, as mulheres têm desde sempre se submetido a torturas. A mutilação de garotas chinesas, que tinham seus pés enfaixados na infância para que parassem de crescer, é só um extremo. Os sapatos estreitos e de salto alto - a elevação do calcanhar faz o pé parecer mais curto - estão aí para provar.

2 comentários:

Alexandr3 disse...

copy paste do comentário do artigo em cima...

bunda?
sapatão?...

El Felino disse...

É o copy-paste para não deixar só o link...