terça-feira, setembro 05, 2006

Uma tarde ao sol...


No calor de uma tarde como esta, deito-me à janela e ponho-me a pensar...
Cada vez mais vejo a vida como algo que me está a acontecer neste momento. Ao contrário do que pensava quando era apenas um gatinho de colo, nessa altura via a vida como algo que iria apenas acontecer num futuro distante. Agora sinto que estou no momento preciso. Qual o passo certo, qual o momento certo, qual a palavra certa...? As decisões são todas de tal importância que o meu ideal da eterna juventude se vê agora confrontado com a versão adulta de um conto de fadas, onde o mais difícil não é matar o dragão, é evitar optar pelo suicídio.
Os adultos nunca nos dizem que a nossa necessidade de emancipação é o primeiro lapso para uma vida adulta. Talvez porque eles próprios não se emanciparam, talvez porque sempre souberam o que era ser adulto e sempre o aceitaram, ou talvez porque simplesmente não nos querem assustar.
Por exemplo, hoje vejo os adolescentes de uma forma que, por defeito do tal ideal de juventude eterna, nunca o imaginei fazer. Oiço-os a reivindicarem liberdade para viver, para curtir, para crescerem sozinhos, sem ajuda, em paz... e não consigo deixar de sorrir um sorriso descrente,
tal como aqueles que sempre odiei ver nos lábios de um adulto enquanto protestava pela
minha própria liberdade.
No entanto, o meu coração libertino ainda não me deixa aceitar certas regras que talvez a vida 
me irá impôr mais tarde, a bem ou a mal. Uma das coisas que gostava de fazer era de viver 
ao mesmo tempo que os meus filhos, de forma a nunca conseguir sorrir desta maneira acerca das suas palavras tão cheias de verdade e sonho. Mas também sei que sem este distanciamento 
nunca conseguiria guiá-los por entre as vicissitudes de uma vida onde os desastres são em 
abundância.
A técnica que vou treinando para minar osistema é, na verdade, muito simples: vou manter-me 
sempre do lado de quem tem coragem para sonhar. Porque a realidade é apenas um reflexo 
material de uma ideia. Sem ideias, a realidade não consegue existir. E sem a lição do Amor, 
nenhuma matéria se conseguirá manter unida. Nunca.
...
... acho que é melhor tirar a cabeça do Sol... 

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