terça-feira, julho 13, 2010


Ontem vi o pior filme da minha vida. E sim, era sobre uma relação entre duas mulheres que, sem serem lésbicas, entram num jogo de descoberta e curiosidade. Os meus conhecidos mais afastados, dirão "Pois, não gostaste porque não teve sexo suficiente. Ou não houve nudez suficiente. Ou elas não se tocaram o suficiente." A esses eu direi: "Não! Foi o pior filme que vi na vida, mesmo com o sexo, a nudez e a interacção suficientes. Mesmo assim, foi simplesmente uma bela merda!"
Como é que se dá dinheiro a um realizador, ainda por cima dinheiro dos contribuintes, para se fazer uma merda destas? Patrocinado pelo ICAM, RTP, FICA, entre outras empresas estatais, esta aberração cinematográfica não tem ponta por onde se lhe pegue. Se fosse para ver o corpo da Débora Monteiro, podiam ter feito um videoclip para a Playboy. Mas nem isso podia ser realizado pelo João Mário Grilo.
Para além dos planos desfocados, das cenas supostamente mais intensas que começam do nada, sem um crescendo que contextualize o espectador no ambiente da cena, sem o mínimo de bom gosto, sem qualquer subtileza, com uma lentidão constrangedora, com sequências inconsequentes para a história que duram eternidades, etc, o que me fez vir a gritar "foda-se, que merda" do cinema até casa foi mesmo o argumento.
A história tem incongruências escabrosas e os diálogos estão cheios de monólogos hiper-teatrais que obrigam os actores a falarem como se fossem robots (excepto aqueles que já sabem o que a casa gasta e transformaram os textos em discurso próprio, salvando as suas cenas, como o Nicolau Breyner, o João Perry e, em alguns casos, a Beatriz Batarda). De resto, nenhum dos outros actores conseguiu, sequer, parecer uma pessoa real a fazer um papel. Pareciam todos fantoches. Principalmente Marcello Urgeghe (um dos que fala mais) e dos piores actores que já vi no cinema (senão o pior)! Tudo isto, com um actor como o António Cordeiro a fazer de figurante, sem dizer uma palavra!
Mas a maior merda ainda estava para vir.
Como se já não bastasse a história parecer uma manta de retalhos, os diálogos/ entoações/ emotividades serem de bater com a cabeça nas paredes e tudo aquilo ser, basicamente, estúpido, a meio do filme surge uma "participação especial". E de quem?
Eu vou dar-vos o enquadramento da cena: Estamos na grandiosa festa de aniversário daquele que, supostamente, é de um dos homens mais ricos do país. A casa é enorme, os convidados são imensos e os criados até se metem dentro do lago do jardim para irem buscar um avião telecomandado (presente dos convidados para o anfitrião) que caíu na água. Quando voltamos à casa, abre-se a pista de dança com uma música ritmada. E quando surge a cantora que vai animar a festa de um dos homens mais ricos do país, quem surge por trás da cortina?... A Romana.
Fdx, Grilo!
E quando já nada me conseguia acalmar na cadeira do cinema (só estavam duas pessoas na sala) para acabar em beleza, o filme conclui com um assassinato, seguido de uma sequência que começa com a legenda "2014". Ficamos a pensar: "Porquê 2014 e não 2013, 2015 ou "alguns anos mais tarde". Deve ser um ano especial, certo?" Errado. Aquilo até podia ter sido na semana seguinte.
Este filme fez-me pensar seriamente em tornar-me crítico de cinema. Porque uma coisa é haver financiamentos privados que podem fazer o que quiserem ao dinheiro, outra coisa é andarmos todos a pagar merdas destas, com tantos projectos interessantes por aí. Bastava ler o guião para perceber que isto ia ser uma bosta. Mas acho que os financiadores leram apenas o título!
Ridículo.

3 comentários:

kimo disse...

após te terem gasto o dinheiro ainda te pediram mais dinheiro para o veres... vamos para a rua gritar "quero o meu dinheiro de volta"... Abraço

Anão28 disse...

Portanto, se bem percebi é para não ver, certo?:P

El Felino disse...

Kimo: eu fui ver porque quis, a culpa é minha. Quem pagou sem querer é que deve ir para a rua protestar.

Anão: Para a próxima prometo ser mais claro :)