quarta-feira, fevereiro 02, 2011

O Bardem matou-me...


Eu já desconfiava ao que ia. Para mim, Iñárritu era Amores Perros e Bardem era (principalmente) Mar Adentro e No Country For Old Men. Tinha visto o trailer de relance e o filme estava todo lá (note to self: tenho de deixar de ver trailers!). Mas nada me tinha preparado para entrar nos domínios da morte e ser recebido como só a morte sabe receber: com demora, decadência e displicência. Este filme é a morte em todas as suas manifestações. Os sinais estão por toda a parte. Nas pragas, nas cinzas, no paranormal, na putrefação, no desencanto. Mas mais do que ser algo que está para lá da vida, neste filme a morte atravessa a fronteira para o lado de cá. E é isso que mais perturba. Para além de toda a desumanidade, de todo o desespero e da procura incessante de esperança no cenário mais impiedoso, o que mais revolta o estômago é a interferência do fim antes do fim chegar.
É um filme perturbador que quase me levou ao limite das forças. Não só por causa das 2h30 que durou, mas acima de tudo porque me agarrou pelas goelas e me arrastou com ele até à beira do abismo. Ainda assim, nada menos que fenomenal, porque se fosse mau tinha-me deixado indiferente.

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