sexta-feira, janeiro 06, 2012

Cabeceira...

Encontrei-o numa feira de livros em Algés. O título fez-me sorrir. "Os bons velhos tempos..." :) Comprei-o porque era uma pechincha. Pelo folhear dos capítulos, percebi que era um estudo feito sobre as relações amorosas (sim, relações amorosas vs protituição) desde o princípio da civilização lusitana, mesmo antes dos lusitanos povoarem as terras que actualmente definem o continente português. E ao ler a contra capa, percebi que as questões colocadas pelo autor perspectivavam a prostiuição de uma forma muito peculiar.
Agora a parte engraçada: O livro foi escrito em 1887 pelo desconhecido Alfredo Amorim Pessoa, um suposto historiador que baseaou a sua análise nas obras de outros historiadores. No entanto, esta obra foi reeditada em 1976 por Manuel João Gomes, que esquartejou brutalmente a obra original e acrescentou anotações no fim de cada capítulo. Ora, a obra, por muito interessante que seja, acaba por perder muita da sua relevância porque o editor do século XX, capítulo a capítulo, passa a vida a dar na cabeça do autor do século XIX e a dizer que o primeiro é incoerente e mal informado, sempre com o tipo de observações de um homem acabado de sair do 25 de Abril. É engraçado e confuso ao mesmo tempo, porque metade do que estivemos a ler durante o capítulo é desmentido nas anotações finais. Nunca tinha lido um livro assim. E para compor o ramalhete, nesta edição de 2006, o editor do século XXI diverte-se a dizer que o anterior editor e o autor têm ambos visões muito marcadas pelo contexto social em que se inseriam, perdendo assim alguma da sua imparcialidade histórica.
Ou seja, é um livro que não se recomenda a niguém, mas que, aqui e ali, revela informações que explicam a forma como entendemos ainda hoje a prostituição e/ou as relações "clandestinas" e a sua marca indelével na organização e evolução das sociedades e das pessoas/intituições que as compõem.

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