Começou ontem a feira do Livro de Lisboa. Apesar de não terem sido comprados na feira, estes foram os dois últimos livros que adquiri:
"Portugal para miúdos" foi ilustrado pelo meu amigo Ricardo Cabral, possivelmente o melhor ilustrador português da sua geração. As imagens são extraordinárias, mas a história fica um bocado áquem. Para além de ser em rima, o que condiciona um pouco a passagem de conhecimento, este parece ser um livro sobre a História de Portugal para miúdos que já saibam muito sobre a História de Portugal, senão não vão perceber patavina. Ainda assim, deve ser bom para adormecer as crianças pela métrica das quadras.
Será que um gajo chamado Jorge Miguel pode ter talento? Pode, e muito! Na sequência do meu crescente interesse pela história das tradições e da identidade portuguesa (e tendo à pouco tempo visto o interessante documentário na RTP 2 sobre Alain Oulman, o franco-português que revolucionou o fado), deparei-me com este livro e li as primeiras páginas. Só pelo traço dos desenhos e o ritmo dos diálogos fiquei curioso. As referências que nos são transmitidas, seja pelas personagens (muitas delas reais), os artistas do princípio do Séc. XIX (Eça, Malhoa, Bordalo Pinheiro) e as suas obras ou simplesmente pelos diálogos em calão lisboeta "do antigamente", chega para nos fazer chegar ao fim a salivar por mais. E, ainda por cima, consegue falar da História do fado ao mesmo tempo que fala da História de Portugal, na época da instauração da República. Vou ter de pesquisar mais obras deste Jorge Miguel (acho que já fez um livro sobre Camões). Pode não ter um nome sonante como José Jorge Letria, mas neste embate ganha-lhe por KO.
sexta-feira, abril 29, 2011
quinta-feira, abril 28, 2011
terça-feira, abril 19, 2011
segunda-feira, abril 18, 2011
quarta-feira, abril 13, 2011
terça-feira, abril 12, 2011
De bat... and Robin
Na conclusão do post anterior está implícita uma pequena provocação às felinas com bloguimia. Mas, ironicamente, essa provocação fez-me reflectir a mim.
O debate a que assisti levou-me também a pensar se esta crescente escamoteação do tema da sexualidade um pouco por toda a parte e por todo o tipo de pessoas, pode ter um efeito nocivo. Primeiro, o facto de as coisas se estarem a tornar demasiado explícitas, algo que só está a acontecer nesta fase da evolução humana porque nunca antes existiram estudos e investigações feitas com tantos recursos técnicos e tecnológico. Por isso, estamos a chegar a um ponto em que sabemos mais sobre a sexualidade humana do que alguma vez se soube. Mas isto pode ter um efeito perverso, que é fazer com que a sexualidade perca o seu mistério, o seu interesse e o seu impacto. Por exemplo, apesar de se ter uma ideia mais ou menos concreta do que é que estimula os homens, chegou-se a um ponto em que, por exemplo, ver uma mulher de pernas abertas já parece não chegar, já não é estimulante, quando ainda nos anos 90, antes da internet, o simples cruzar de pernas da Sharon Stone era digno de estragar fitas em cassetes VHS, de tanto rebobinar e tentar encontrar o momento certo para fazer pause. Hoje em dia, com tanta abertura e tantas imagens com carga sexual (sejam no cinema, na televisão, na publicidade ou em qualquer outro meio), chegou-se a um ponto em que é preciso ir cada vez mais longe. Nesse âmbito, o mistério que envolve o que é que estimula as mulheres acaba por ser uma mais valia porque é no tentar descobrir isso, é na diferença que existe entre cada uma, é nesse percurso, que faz com que haja uma procura constante, uma descoberta constante, um interesse constante. A partir do momento em que tudo estiver esclarecido, em que já não haja mistério, a sexualidade deixará de ser uma coisa que estimule só por si e então passarão a ser necessários outros estímulos, ou mesmo chegar ao ponto oposto, de haver uma repulsa física do corpo humano e passarmos apenas a fazer sexo mental, como no Demolition Man.
Apesar disso, o corpo humano tem uma aptidão que faz com que haja sempre algo novo a descobrir. Ou seja, a Natureza recria-se a si mesma, dando-nos pessoas diferentes, fisionomias diferentes, reacções diferentes. E aí é que reside a beleza, a nobreza e o magnífico caos orgâncico que definem a sexualidade de cada um, porque nem todos nos sentimos atraídos pelo mesmo. Por outro lado, existe também uma cada vez maior deturpação dessas diferenças naturais, com o recurso à cirurgia estética que contribui para uma crescente homogeneidade entre as pessoas, baseada na ideia errada de que a beleza está na igualdade e não na diferença.
Posto isto, falta esclarecer a parte do Robin. Bem, basicamente é por causa da Robin de "How I met your mother".
Sabe bem ver uma série que, sendo moderna, explora o tema clássico do amor, das suas dificuldades, das suas derivações e da sua sobrevivência em tempos de superficialidades...
O debate a que assisti levou-me também a pensar se esta crescente escamoteação do tema da sexualidade um pouco por toda a parte e por todo o tipo de pessoas, pode ter um efeito nocivo. Primeiro, o facto de as coisas se estarem a tornar demasiado explícitas, algo que só está a acontecer nesta fase da evolução humana porque nunca antes existiram estudos e investigações feitas com tantos recursos técnicos e tecnológico. Por isso, estamos a chegar a um ponto em que sabemos mais sobre a sexualidade humana do que alguma vez se soube. Mas isto pode ter um efeito perverso, que é fazer com que a sexualidade perca o seu mistério, o seu interesse e o seu impacto. Por exemplo, apesar de se ter uma ideia mais ou menos concreta do que é que estimula os homens, chegou-se a um ponto em que, por exemplo, ver uma mulher de pernas abertas já parece não chegar, já não é estimulante, quando ainda nos anos 90, antes da internet, o simples cruzar de pernas da Sharon Stone era digno de estragar fitas em cassetes VHS, de tanto rebobinar e tentar encontrar o momento certo para fazer pause. Hoje em dia, com tanta abertura e tantas imagens com carga sexual (sejam no cinema, na televisão, na publicidade ou em qualquer outro meio), chegou-se a um ponto em que é preciso ir cada vez mais longe. Nesse âmbito, o mistério que envolve o que é que estimula as mulheres acaba por ser uma mais valia porque é no tentar descobrir isso, é na diferença que existe entre cada uma, é nesse percurso, que faz com que haja uma procura constante, uma descoberta constante, um interesse constante. A partir do momento em que tudo estiver esclarecido, em que já não haja mistério, a sexualidade deixará de ser uma coisa que estimule só por si e então passarão a ser necessários outros estímulos, ou mesmo chegar ao ponto oposto, de haver uma repulsa física do corpo humano e passarmos apenas a fazer sexo mental, como no Demolition Man.
Apesar disso, o corpo humano tem uma aptidão que faz com que haja sempre algo novo a descobrir. Ou seja, a Natureza recria-se a si mesma, dando-nos pessoas diferentes, fisionomias diferentes, reacções diferentes. E aí é que reside a beleza, a nobreza e o magnífico caos orgâncico que definem a sexualidade de cada um, porque nem todos nos sentimos atraídos pelo mesmo. Por outro lado, existe também uma cada vez maior deturpação dessas diferenças naturais, com o recurso à cirurgia estética que contribui para uma crescente homogeneidade entre as pessoas, baseada na ideia errada de que a beleza está na igualdade e não na diferença.
Posto isto, falta esclarecer a parte do Robin. Bem, basicamente é por causa da Robin de "How I met your mother".
Sabe bem ver uma série que, sendo moderna, explora o tema clássico do amor, das suas dificuldades, das suas derivações e da sua sobrevivência em tempos de superficialidades...
segunda-feira, abril 11, 2011
De bat...
Fui ao debate "O sexo e a língua portuguesa: como vai a relação?" com a participação de Joana Almeida (psicóloga e sexóloga) e Susana Romana (crítica de pornografia - no programa "A Rede", do canal Q).
Depois de uma breve introdução ao tema, a primeira grande troca de ideias começou por ser a diferença entre erotismo e pornografia, chegando-se a um relativo consenso entre o que separava cada uma das designações. Falou-se um pouco sobre as manifestações artísticas que melhor exploram cada uma das áreas, o tipo de gramaticalidade inerente a cada um, os contextos em que cada um se move e os resultados que cada um pretende atingir. Mas, a partir daqui, começou-se a entrar no terreno pantanoso de tentar perceber aquilo que é feito por/para mulheres vs. o que é feito por/para homens. Muito se debateu sobre as técnicas, as imagens, a linguagem e os conceitos usados para explorar as preferências (genéricas) de cada um dos sexos, com principal ênfase naquilo que estava ou não a ser feito para o público feminino. Mas, como amiúde acontece nestes debates, rapidamente se começou a sobrepor o feminismo ao feminino e o machismo ao masculino. E é aí que as ideias se perdem e passam a tomar a forma de concessões ideológicas e manifestações preconceituosas, que não só demonstram o tipo de mentalidade que ainda prevalece na nossa consciência colectiva, como também ajudam a compreender o que a impede de evoluir, seja socialmente ou individualmente.
Falou-se do tipo de coisas que as mulheres mais gostam de ver ou ler, mas sempre numa contraposição àquilo que os homens gostam (quando se sabe que, em ambos os casos, há gostos para tudo). Esta constante necessidade comparativa é um problema que influencia muitas das questões mais problemáticas relacionadas com a sexualidade. O facto de querermos ser diferentes ou iguais aos outros na nossa sexualidade, tira-nos a individualidade mais básica e, muitas vezes, é o factor que potencia a hostilidade contra quem é diferente ou não corresponde às nossas exigências. Será que um arquitecto precisa de se sobrevalorizar a um médico, ou vice-versa? Se cada um se focar nas suas necessidades, é muito mais fácil concretizar as suas ideias do que estando constantemente a tentar rivalizar com as ideias dos outros.
O debate acabou por ser interessante e esclareceu algumas questões pretinentes, principalmente através das intervenções da Susana Romana, que desmistificou alguns assuntos, dada a sua posição privilegiada como primeira e única crítica de cinema para adultos em Portugal (seja homem ou mulher).
No entanto, quando cheguei a casa, lembrei-me que me tinha esquecido de colocar a questão fundamental: "afinal, o que excita as mulheres?" Porque, suspeita-se, a principal dificuldade em criar conteúdos eróticos para mulheres (sejam feitos por homens ou por mulheres), é que nem elas próprias sabem o que relamente as estimula...
quinta-feira, abril 07, 2011
Sucker Punch...
Nestes tempos de revolta e de retranca, nada melhor do que refugiar a mente no mundo da imaginação e da loucura criativa. Zack Snyder, que me fez voltar a acreditar no poder re-interpretativo do cinema com "300" e "Watchmen" (fiz mal em ter deixado passar o seu filme de animação "Legend of the Guardians: The Owls of Ga'Hoole"), salvou-me do anúncio de pedido de ajuda ao FMI com uma viagem alucinante pelo imaginário de qualquer gajo que se preze autoproclamar-se "gajo".
Este foi literalmente um filme criado numa noite de copos, em que o Zack despejou todas as suas fantasias cinematográficas. Um grupo de miúdas em mini-fatos, nos cenários mais recambulescos, com cenas de luta "over the top", onde entram samurais gigantes, dragões em castelos a arder, zombies nazis, bombas atómicas e tudo isto envolvido num enredo que mistura cabaret e hospital psiquiátrico. Mais um daqueles filmes que me deixou de queixo caído durante 2 horas, tal era a maluquice que estava presenciar.
Um bom filme para ver em cinema pela sua espectacularidade, mas que não dá vontade de levar para casa (como levei "300" e "Wacthmen") porque não tem muita coisa para mais tarde recordar.
sexta-feira, abril 01, 2011
A day in manga...
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