segunda-feira, abril 11, 2011

De bat...


Fui ao debate "O sexo e a língua portuguesa: como vai a relação?" com a participação de Joana Almeida (psicóloga e sexóloga) e Susana Romana (crítica de pornografia - no programa "A Rede", do canal Q).
Depois de uma breve introdução ao tema, a primeira grande troca de ideias começou por ser a diferença entre erotismo e pornografia, chegando-se a um relativo consenso entre o que separava cada uma das designações. Falou-se um pouco sobre as manifestações artísticas que melhor exploram cada uma das áreas, o tipo de gramaticalidade inerente a cada um, os contextos em que cada um se move e os resultados que cada um pretende atingir. Mas, a partir daqui, começou-se a entrar no terreno pantanoso de tentar perceber aquilo que é feito por/para mulheres vs. o que é feito por/para homens. Muito se debateu sobre as técnicas, as imagens, a linguagem e os conceitos usados para explorar as preferências (genéricas) de cada um dos sexos, com principal ênfase naquilo que estava ou não a ser feito para o público feminino. Mas, como amiúde acontece nestes debates, rapidamente se começou a sobrepor o feminismo ao feminino e o machismo ao masculino. E é aí que as ideias se perdem e passam a tomar a forma de concessões ideológicas e manifestações preconceituosas, que não só demonstram o tipo de mentalidade que ainda prevalece na nossa consciência colectiva, como também ajudam a compreender o que a impede de evoluir, seja socialmente ou individualmente.
Falou-se do tipo de coisas que as mulheres mais gostam de ver ou ler, mas sempre numa contraposição àquilo que os homens gostam (quando se sabe que, em ambos os casos, há gostos para tudo). Esta constante necessidade comparativa é um problema que influencia muitas das questões mais problemáticas relacionadas com a sexualidade. O facto de querermos ser diferentes ou iguais aos outros na nossa sexualidade, tira-nos a individualidade mais básica e, muitas vezes, é o factor que potencia a hostilidade contra quem é diferente ou não corresponde às nossas exigências. Será que um arquitecto precisa de se sobrevalorizar a um médico, ou vice-versa? Se cada um se focar nas suas necessidades, é muito mais fácil concretizar as suas ideias do que estando constantemente a tentar rivalizar com as ideias dos outros.
O debate acabou por ser interessante e esclareceu algumas questões pretinentes, principalmente através das intervenções da Susana Romana, que desmistificou alguns assuntos, dada a sua posição privilegiada como primeira e única crítica de cinema para adultos em Portugal (seja homem ou mulher).
No entanto, quando cheguei a casa, lembrei-me que me tinha esquecido de colocar a questão fundamental: "afinal, o que excita as mulheres?" Porque, suspeita-se, a principal dificuldade em criar conteúdos eróticos para mulheres (sejam feitos por homens ou por mulheres), é que nem elas próprias sabem o que relamente as estimula...

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