Começou ontem a feira do Livro de Lisboa. Apesar de não terem sido comprados na feira, estes foram os dois últimos livros que adquiri:
"Portugal para miúdos" foi ilustrado pelo meu amigo Ricardo Cabral, possivelmente o melhor ilustrador português da sua geração. As imagens são extraordinárias, mas a história fica um bocado áquem. Para além de ser em rima, o que condiciona um pouco a passagem de conhecimento, este parece ser um livro sobre a História de Portugal para miúdos que já saibam muito sobre a História de Portugal, senão não vão perceber patavina. Ainda assim, deve ser bom para adormecer as crianças pela métrica das quadras.
Será que um gajo chamado Jorge Miguel pode ter talento? Pode, e muito! Na sequência do meu crescente interesse pela história das tradições e da identidade portuguesa (e tendo à pouco tempo visto o interessante documentário na RTP 2 sobre Alain Oulman, o franco-português que revolucionou o fado), deparei-me com este livro e li as primeiras páginas. Só pelo traço dos desenhos e o ritmo dos diálogos fiquei curioso. As referências que nos são transmitidas, seja pelas personagens (muitas delas reais), os artistas do princípio do Séc. XIX (Eça, Malhoa, Bordalo Pinheiro) e as suas obras ou simplesmente pelos diálogos em calão lisboeta "do antigamente", chega para nos fazer chegar ao fim a salivar por mais. E, ainda por cima, consegue falar da História do fado ao mesmo tempo que fala da História de Portugal, na época da instauração da República. Vou ter de pesquisar mais obras deste Jorge Miguel (acho que já fez um livro sobre Camões). Pode não ter um nome sonante como José Jorge Letria, mas neste embate ganha-lhe por KO.
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