quarta-feira, junho 29, 2011

terça-feira, junho 28, 2011

Móvel...


s. m. - Objeto de mobília.
adj. 2 g. - Que pode ser movido ou mudado.

segunda-feira, junho 27, 2011

O "Conan de Bergman"...?


Não é o Conan de Bergman, mas podia ser.
Um filme que não tem mais do que 5 páginas de diálogo, quase todo em slow-motion (li algures que a intenção era que fosse mesmo todo), com uma personagem principal icónica, muito silêncio e muita contemplação, intercalados com cenas de violência extrema. Realizado pelo dinamarquês Nicolas Winding Refn (filho de uma das montadoras de Lars Von Trier), Valhalla Rising cria (ou recria) uma lenda mitológica (Valhalla é o paraíso dos guerreiros na mitologia nórdica), através de um filme que mistura diversas influências cinematográficas (o realizador vive em Nova Iorque), mas que não deixa de ter aquele efeito soporífero escandinavo de muitos minutos de nada. Pessoalmente não sou de gostar ou deixar de gostar de filmes que sejam lentos, mas há ritmos que se deixam entusiasmar pela sua própria auto-comiseração e, por vezes, a meu ver, perdem a eficácia. É como aquela regra que diz que o melhor realizador é aquele que melhor sabe fazer a câmara desaparecer para que a história pareça o mais "verosímil" possível e, neste caso, dei por mim a ficar muitas vezes consciente do posicionamento do cameraman, devido aos longos momentos de nada. Ainda na parte técnica, outra coisa que me perturbou foi a edição de som. Para se conseguir os silêncios sepulcrais, foi preciso eliminar o som das cenas de exterior e refazê-lo todo em estúdio, o que resultou em falhas de sincronização (principalmente nas cenas de luta) e em exageros de pormenor (como por exemplo quando uma das personagens mexe numa folha de árvore ou numa pedra). Fora isso, o filme até é visível e a história (apesar de algumas lacunas) é apreciável. A personagem principal, essa, é de antologia. E o facto de estar só em duas salas de Lisboa faz com que, eventualmente, ganhe algum estatuto de filme de culto.

sexta-feira, junho 24, 2011

quarta-feira, junho 22, 2011

terça-feira, junho 21, 2011

Perfect...

Segundo a lei da compensação, hoje, neste dia, numa terça-feira (o pior dia da semana), no primeiro dia de Verão de 2011 e num cenário de crise internacional, a minha vida está perfeita. Resumidamente, tenho tudo aquilo que sempre sonhei ter e não tenho aquilo que sempre sonhei não ter.
Tenho a gata ideal para mim, o trabalho com que sempre fantasiei, a casa no lugar que desejava (com as assoalhadas necessárias, a disposição que eu precisava, o preço em conta e que se dizia ser quase impossível de encontrar), o carro com o estilo certo e sem ser de uma marca ostentosa, uma saúde estável e uma filha a caminho (consegui conceber uma mulher, goddammit!). Tudo isto no prazo de anos que, qual mini-Nostradamus, defini desde criança: os 30 (tal como defini que aos 60 estaria numa cama de hospital com os pés para a cova... bate na madeira, fdx!).
Da mesma forma, as coisas que sonhei não ter são exactamente as que não tenho. Mas também elas são necessárias. São elas que me fazem viver na ponta dos pés, querer ser melhor, querer ser maior, desafiar as minhas capacidades, evoluir. São elas que não me deixam acomodar, que evitam a minha apatia, que não me deixam ficar parado sem ter mais sonhos, mais ambições, mais desejos. Aliás, são as coisas que não tenho que me compensam neste momento e que fazem com que aquilo a que chamo perfeito seja, na realidade, obra do imperfeito.
O que ainda falta fazer é tão importante como o que já foi feito. E é nesse limbo que se encontra o meu ponto de equilíbrio.
Nunca fui de pedir nada mas, pela elaboração dos acasos, as coisas foram-me acontecendo ou chegando até mim. E, ao olhar para trás, vejo que as coisas foram acontecendo numa sequência que eu nunca teria imaginado naqueles desejos de "o que que é que queres fazer quando fores grande". Dei muitos passos por instinto, outros por desespero, outros por mera estupidez, mas tanto os que correram mal como os que correram bem, todos me fizeram chegar a este dia.
Antes que tudo possa começar a correr mal, e porque raramente podemos assinalar o momento em que a nossa vida é aquilo que sempre desejámos, mesmo que secretamente, é magnífico dizer que hoje, a minha vida está perfeita.
Espero que a vida de todos os que lêem este blog também chegue a esse dia. Like a boss!

segunda-feira, junho 20, 2011

1X2...


Tal como já me tinha acontecido com os filmes "Jogo de Espiões", "Diamantes de Sangue", "Hotel Ruanda", entre outros, este é um daqueles filmes que nos faz desesperar. Não só pela história trágica, pela luta dos personagens, pela situação em que se encontram e pela conclusão do filme, mas sobretudo pela crueldade da realidade que ele representa. Saber os meandros políticos e empresariais que estão de tal forma contaminados que conseguem colocar um continente inteiro refém de caprichos gananciosos, provoca uma dor muito maior do que aquela provocada por um amor despedaçado. Um filme potente, com uma personagem feminina "maior que a vida" (excepcional Rachel Weisz) e um Ralph Fiennes que quase volta a reencarnar "um paciente inglês", tal é a dor e o desespero que consegue transmitir. Realizado por Fernando Meirelles (Cidade de Deus), com pormenores de génio, que só ajudam o filme a ter ainda mais impacto. Muita bom!


Não percebi. Deixem-me explicar. Brian Singer, o homem que realizou o brilhante (e antigo) Suspeitos do Costume, tem um problema com super-heróis. Depois de ter conseguido algum bom feedback com os primeiros dois X-Men, conseguiu "abichanar" o Super-Homem e agora, como produtor, deu uma traulitada agressiva num filme que tinha tudo para ser épico e clássico e fazer-me comprar a edição mega-super-extra-especial e tudo e tudo e tudo. Segundo uma entrevista, o realizador e co-argumentista Matthew Vaughn (Stardust, Kick Ass) disse que os personagens do filme já tinham sido escolhidos quando ele entrou no projecto. E uma decisão destas só pode vir do produtor. A minha questão é: se vamos fazer um filme sobre a origem dos X-Men, porque não usar os X-Men originais? Até se deram ao trabalho de colocar a história nos anos 60, porque tiveram de mudar a equipa? E ainda por cima com os elementos mais dispares que podiam ter sido seleccionados. Misturaram personagens clássicos (como o único original Beast), com personagens semi-clássicos (Havock, Banshee e Mistic) e personagens que são tão recentes que só os ultra-geeks são capazes de reconhecer (Angel, Darwin, Riptide e Azazel).Ou seja, fez-me sentir ultra-geek, o que é má onda. Desta forma, não só não respeitou as histórias originais, como baralhou tudo. Obrigado, Brian. O que vale é que o Matthew Vaughn lá conseguiu perceber que o filme era verdadeiramente sobre a relação entre Charles Xavier (Professor X) e Erik Lehnsherr (Magneto), sobre a sua evolução, o seu background e a forma como os seus carácteres se foram moldando às suas visões do mundo. Uma grande história, muito bem escrita e com grandes interpretações de actores muito bem escolhidos (o que, neste tipo de filmes, é meio caminho andado). Outras boas aquisições foram os vilões Sebastian Shaw (Kevin Bacon) e principalmente Emma Frost, com a surpreendente January Jones a libertar toda a sexualidade reprimida na série "Mad Men". No seu conjunto é um bom filme, devido ao argumento muito bem escrito, às boas interpretações e à realização muitas vezes arriscada. Props para as participações de Hugh Jackman (Wolverine) e da Rebecca Romijn Stamos (Mistic mais crescida) que marcaram bons momentos no filme. É acima da média, mas não me encheu as medidas.


Já há muito tempo que andava para ver isto. Tal como o "Big Lebowski", este era um daqueles filmes de culto que toda a gente dizia "Fónix, ainda não viste isso? É brutal, é uma granda pedrada, é muita maluco" e etc e tal. Agora que a segunda parte está no cinema e toda a gente quer saber o que eu achei do primeiro, fiz uma late night session e embrenhei-me na "Ressaca". E, tal como o "Big Lebowski", fui com as expectativas muito altas e... gostei. Mas depois de tanto hype é difícil desfrutar da mesma forma. As coisas parecem sempre maiores quando são emplogadas pelas palavras de quem gostou. Mas tal como o "Big Lebowski" acho que é um filme que vive melhor na memória do que propriamente na tela ou no ecrã. As cenas são realmente ridículas, mas parece que funcionaria melhor numa daquelas histórias que se contam entre amigos, entre copos e cenas. Esperava mais do Zach Galifianakis, mas fica para a história o Mike Tyson a cantar Phil Collins. Tá nice.

quinta-feira, junho 16, 2011

Cat woman...


She loves me, she really loves me.

terça-feira, junho 14, 2011

quarta-feira, junho 08, 2011

Unhas e dentes...


Novo projecto português.
Muita bom.

quarta-feira, junho 01, 2011

Pinar...


O que é a dança? Depois de ver este filme, percebi que a dança é, acima de tudo, abandono. Abandono do corpo e da alma ao movimento, ao sentimento, ao espaço e ao tempo. Um abandono controlado por uma coreografia que quanto mais perfeita, mais invisível. A dança de Pina não está nela nem nos bailarinos, está entre eles. E esta é uma ilação minha, que pode ter tudo de errado. Confesso que nunca fui muito de danças. Não fui educado a apreciá-la nem a compreendê-la. A dança era apenas um catalizador da música, que eu só executava para fazer rir os amigos e pouco mais. Até há alguns anos atrás nunca tinha ido ver um espectáculo de dança, e aquele que vi entretanto misturava ginástica e baseava-se no filme do "Voando sobre um ninho de cucos". Por isso, seria impossível ter sentido o que senti ao ver as coreografias de Pina Bausch, não fosse ter ficado totalmente embevecido pelo programa "So you think you can dance". Sinal dos tempos, foi graças a este reality show (que na verdade é muito mais do que isso) que comecei a perceber o que é o mundo da dança, o que está embutido numa coreografia. O que provém do coreógrafo e até onde vai a intuição do bailarino. Foi aí que percebi a importância dos gestos, dos detalhes (algo que Pina descreve subliminarmente, quando fala na diferença que há entre andar com os olhos fechados mantendo as íris para a cima ou para baixo), daquilo que está para além dos passos contados, das marcas musicais, ou das pausas e dos silêncios. Mais do que isso, importa o que se sente, o estado de espírito, a personagem, a entrega. E é essa entrega que define Pina. Com pequenas palavras ela criou bailarinos. Criou, não através de moldagem, mas através de um despertar mental. E isso faz toda a diferença.
O filme é uma ode, uma homenagem a Pina Bausch, de uma beleza extraordinária. As danças fora do palco, em cenários naturais, como Pina gostava, dão-lhe uma dimensão de vida, que supera a mera arte. Mas essa nem foi a parte que mais me emocionou.
O que me tocou foi um conceito que, pelo que me foi dado a perceber, existia amiúde nas coreografias de Pina. O conceito do zelador. Em muitas coreografias, um dos bailarinos observa o outro, mas mais do que apenas observar, zela pelo outro. E isso é algo que me toca profundamente. E não é de agora (talvez seja mesmo matéria para psicólogo analizar...). A referência que me atacou desde logo a memória foi uma imagem idêntica que vi num espectáculo do Circo de Soleil, em que dois homens zelavam pela queda de duas equilibristas num baloiço. Seria muito difícil eles conseguirem salvá-las, caso alguma caísse, mas só o facto de estarem ali, dispostos a, quem sabe, levar com elas em cima e darem a sua vida por elas, marcou-me. Da mesma forma, em mais do que uma coreografia, Pina coloca alguém que zela pelo outro. Seja afastando obstáculos à medida que uma frágil jovem corre de olhos fechados, seja amparando quedas inusitadas, seja guiando percursos, seja agarrando alguém que se lança no ar. Pode não ser nada de novo nem nada grandioso, mas se há sempre uma razão, por mínima que seja, para gostarmos ou não de algo, esta foi a que me fez querer "pinar" vezes sem conta.
Pormenor curioso: a companhia de Pina é formada por bailarinos das mais diversas nacionalidades. Europeus, asiáticos, latinos, americanos. Nenhum português, apenas uma brasileira. As coreografias de Pina têm as mais diversas músicas, desde música étnica, a música moderna, passando pela ópera. Mas a última dança deste filme, uma pequena performance a solo executada por Pina Bausch, que acaba com um adeus, é dançada ao som de um fado de Coimbra. É curioso ver que cada música tem a sua função e a do fado, especialmente o de Coimbra, é mesmo a da indulgência da saudade.