segunda-feira, junho 27, 2011

O "Conan de Bergman"...?


Não é o Conan de Bergman, mas podia ser.
Um filme que não tem mais do que 5 páginas de diálogo, quase todo em slow-motion (li algures que a intenção era que fosse mesmo todo), com uma personagem principal icónica, muito silêncio e muita contemplação, intercalados com cenas de violência extrema. Realizado pelo dinamarquês Nicolas Winding Refn (filho de uma das montadoras de Lars Von Trier), Valhalla Rising cria (ou recria) uma lenda mitológica (Valhalla é o paraíso dos guerreiros na mitologia nórdica), através de um filme que mistura diversas influências cinematográficas (o realizador vive em Nova Iorque), mas que não deixa de ter aquele efeito soporífero escandinavo de muitos minutos de nada. Pessoalmente não sou de gostar ou deixar de gostar de filmes que sejam lentos, mas há ritmos que se deixam entusiasmar pela sua própria auto-comiseração e, por vezes, a meu ver, perdem a eficácia. É como aquela regra que diz que o melhor realizador é aquele que melhor sabe fazer a câmara desaparecer para que a história pareça o mais "verosímil" possível e, neste caso, dei por mim a ficar muitas vezes consciente do posicionamento do cameraman, devido aos longos momentos de nada. Ainda na parte técnica, outra coisa que me perturbou foi a edição de som. Para se conseguir os silêncios sepulcrais, foi preciso eliminar o som das cenas de exterior e refazê-lo todo em estúdio, o que resultou em falhas de sincronização (principalmente nas cenas de luta) e em exageros de pormenor (como por exemplo quando uma das personagens mexe numa folha de árvore ou numa pedra). Fora isso, o filme até é visível e a história (apesar de algumas lacunas) é apreciável. A personagem principal, essa, é de antologia. E o facto de estar só em duas salas de Lisboa faz com que, eventualmente, ganhe algum estatuto de filme de culto.

1 comentário:

Catarina Vieira disse...

Eu gostei bué.