quarta-feira, setembro 07, 2011

W...

Depois de um W.S.D. passado num velório (xô pra lá, karma maldito!), nada melhor do que falar de política.
Há uns dias vi o filme "W", do Oliver Stone, e sobressaltou-se em mim uma daquelas ansiedades que me sobressaltaram amiúde cada vez que via um filme que tivesse como pano de fundo a segunda governação da família Bush. Não que me interesse propriamente pela política americana, mas sobretudo porque cada vez mais a política americana é menos americana e mais global. Sendo este filme uma visão pessoal do Oliver Stone acerca do Bush Junior, que tanto exagera na caricatura como tenta compensar com a redenção de quem é totó e assume, não deixa de focar algumas questões importantes e que, a médio prazo, poderão ter algum impacto na forma como o mundo está organizado. Assim como George W. Bush trouxe de volta ideias que tinham sido projectadas ao longo do mandato do seu pai, levando-as às suas últimas consequências, poderá acontecer que o próximo presidente republicano dos E.U.A. aplique ideais que estão adormecidos enquanto toda a gente bafeja com serenidade o mandato do Obama (que pode ter sido a melhor coisa que já aconteceu aos E.U.A., mas que já vem sofrendo algum desgaste com as reformas que tentou implementar).
No filme usam-se expressões como "império", "ocupação", "domínio", "controlo", palavras perigosas, principalmente quando ouvidas numa Europa que já sobreviveu a muitas ideias megalómanas semelhantes e que, por via territorial, está ligada ao maior interesse dos americanos: o grande poço de petróleo (e de outras riquezas naturais) do mundo, o Médio-Oriente (ou Euro-Ásia). Os meandros destas guerras que proliferam e se arrastam nesse território, sem que ninguém as queira resolver na realidade, escondem muito mais do que divergências religiosas ou políticas. Escondem ideais imperialistas e potencialmente perigosas para a estabilidade mundial. Dito assim parece uma teoria da conspiração, mas é bom lembrar que estes países, apesar de pobres, possuem capacidade nuclear. E depois de ver esta cena, confesso que se fez alguma luz na escuridão que é esta falta/excesso de informação global:
W: Masterminds of the War on Iraq (Oliver Stone) from Kenneth Moe on Vimeo.
Esta cena, há que reforçar, é uma interpretação dos acontecimentos pelo próprio Oliver Stone. Não há certeza que esta reunião tenha existido com estes discursos, mas faz muito sentido, se reflectirmos sobre o esforço totalmente injustificado dos E.U.A. numa luta em que põem e dispõem de chefes de estado de países que não fazem mal a ninguém, mas que dominam mais de um terço das riquezas naturais do planeta. Nada disto me teria chamado propriamente a atenção, não fosse eu um espectador assíduo do "Daily Show" e de ter ficado recentemente a saber que há um candidato republicado a alinhar-se para uma próxima corrida à presidência, que dizem ser o "George W. Bush on steroids". Com o Euro em declínio, a Europa a tentar manter a sua união e com os países muçulmanos em constante rebuliço, não me admirava nada que, silenciosamente, a globalização (que na verdade tem servido apenas para uma expansão em massa da cultura e dos produtos americanos, assim como da exploração da mão de obra barata da China - que a levou a ser a maior economia mundial, colocando ainda mais pressão sobre os E.U.A.) se revelasse uma manobra silenciosa para criar um império americano que, a espaços, se vai implantando com mais ou menos força em pontos estratégicos do mundo. Porque se virmos bem, foi assim que todos os impérios foram feitos, com o invasão de países e o derrube dos seus líderes. Só que desta vez, os países não são do mundo ocidental. Não é a Alemanha a invadir a Polónia. Não é a expansão de um território. É um país a impor-se a outro com a justificação da democracia e da liberdade. Porque essas palavras não assustam ninguém, mesmo que sejam mentira. A maior das ironias, é que um Sadams ou um Kadafi que hoje são derrubados por rebeldes auxiliados pelos americanos, são os mesmos chefes dos rebeldes que derrubaram outros líderes anteriormente, também auxiliados pelos americanos. E se virem programas como o "Daily Show", que é muito mais do que um programa cómico, ficam a perceber que neste mundo, há quem venda armas aos inimigos, que só por si é ridículo, para, mais ridículo ainda, morrerem pelas mesmas.
Nada como um velório para soltar o político que há em mim...

1 comentário:

Alexandr3 disse...

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