sexta-feira, dezembro 09, 2011

Gross...


É um filme perigoso. Sem dúvida. Enquanto obra cinematográfica não tem grande valor artístico. Esperava-se mais do realizador que criou obras como "Crash", "Spider", "eXistenZ" ou "Estern Promises". Mas sobrevoando a óbvia retração do realizador na criação da cortina, da forma, da embalagem, evidencia-se o conteúdo, as palavras, as ideias.
Antes de ser filme, "A Dangerous Method" foi livro e peça de teatro. Na maior parte das vezes, isto significa que, independentemente da forma, o conteúdo merece ser transcrito e entendido nas mais diversas formas de reconstrução artística. É um tema universal, que toca a todos, que faz pensar o público nos seus mais variados contextos.
Mas o que fez esta obra de ficção existir foi a descoberta da existência de uma nova realidade. A personagem representada pela Keira Knightley foi uma peça do puzzle descoberta à pouco tempo, quando se pensava que a relação de Jung com Freud era apenas de dois contrapontos. A intervenção desta mulher na vida destes dois psicoanalistas veio dar uma nova interpretação às suas respectivas teorias e experiências pessoais e é isso que o filme pretende mostrar. Mas se todo este enredo era bom, no filme torna-se ainda melhor com a intervenção cataclística de Otto Gross (Vincent Cassel), um psiquiatra psicótico que foi um dos primeiros responsáveis pela chamada "liberação sexual" no início do século. Ele levanta questões pertinentes ainda nos dias de hoje (tal como quase todas as matérias abordadas no filme), colocando em "check" uma das mentes mais brilhantes do século XX.
Daqueles filmes que não justificam uma ida ao cinema (vêem-se bem na tv), mas que me fez sair da sala com mais perguntas do que respostas. E isso é bom...

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