quarta-feira, janeiro 28, 2009
Up, up, and away...
De vez em quando, até o super-homem precisa de respirar. Precisa de um pouco de oxigénio. De vez em quando, até um super-herói precisa de uma ajuda. Precisa de perder. Precisa de levar uma sova. Precisa de sentir o sangue jorrar, o corpo dormente, o espírito arrasado e os poderes a fugirem. Precisa de ser levado ao limite para saber que é apenas humano. É igual a todos os outros. É apenas um corpo. Uma alma. Pobre. Assim como os que jura proteger. Aqueles que não têm identidade secreta, que são apenas anónimos, que lutam diariamente por tornar o seu próprio mundo melhor.
De vez em quando, um super-herói precisa de sentir que há algo para além da sua força. Da sua mente. Da sua visão. Que há coisas que não domina. Que há coisas que não pode fazer acontecer. Que o mundo nunca será perfeito... porque se fosse perfeito não havia necessidade de super-heróis.
De vez em quando, o universo precisa de mostrar que, apesar de funcionar por ciclos, cada ciclo é finito, tem um ponto de viragem. Precisa de mostrar que, por muitas estrelas que haja, nem todos os desejos se realizam. Que nem sempre as coisas estão em concordância só por serem certas. Que nem sempre a harmonia é conquistada pelo simples equilíbrio natural. Apenas a lei da compensação pode ser aplicada, e mesmo assim não se pode esperar que a compensação seja imediata.
De vez em quando, um super-herói precisa de valorizar algo para além da aventura, apesar de ser esse espírito de aventura que o faz voar, deitar paredes abaixo, salvar gatinhos, ou parar o tempo. Porque o tempo também passa pelos super-heróis. E se o tempo tudo cura, também tudo transforma. E o tempo, esse sim, é infinito e contínuo. Mesmo parado, o tempo continua. Porque estar parado implica estar parado durante algum tempo...
De vez em quando um super-herói precisa de um momento em que tudo corre ao contrário, em que age sem pensar nas consequências, em que segue o seu instinto e arrisca tudo. Mesmo que seja um esforço em vão, um super-herói precisa dessa liberdade, dessa impulsividade, dessa verdade. Precisa de voar por voar, de contrariar as probabilidades, de desafiar as hipóteses, de lançar-se no espaço e cair a pique contra o pavimento... para depois se levantar, com a capa ao vento e o nariz partido, olhando o sol a poisar sobre o horizonte.
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4 comentários:
lindo como sempre, apenas um pouco mais refinado e amadurecido... bravo
abraço
:) gosto. mto.
Tanx...
gosto muito disto, rasi.
beijo e abraço
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