quinta-feira, julho 27, 2006

No limiar da vida














Um dia, no tempo da minha inocência, lembrei-me de fazer algo metafísico. Enquanto caminhava sozinho pela rua ia pensando na vida dos que passavam por mim. Qual seria a influência de um pequeno gesto meu no resto da vida de uma outra pessoa? De que forma um acto permeditado de alguém que não faz parte do nosso percurso de vida pode destabilizar (ou até corrigir) o nosso caminho, o nosso destino. O que aconteceria se eu, contra todas as regras, mesmo as mais ilógicas, decidisse intervir na intimidade de uma gatinha desconhecida?
Foi o que fiz. Aproximei-me de uma jovem que por ali passava e disse-lhe: "És mais bonita do que sempre julgaste ser." Depois retomei o meu percurso e não voltei a olhar para trás.
Que efeito terão tido as minhas palavras na mente da jovem gatinha? Bem, tudo terá dependido do seu estado de espírito no momento. Sendo ela uma uma jovem com boa auto-estima, uma vida equilibrada, e mais preocupada com as alterações ambientais do que com a sua própria beleza, talvez tenha pensado que eu era maluco e dois segundos depois já nem sequer se lembrava do que eu lhe tinha dito. Mas imaginemos que esta era uma gatinha deprimida, insegura quanto à sua figura, alvo de considerações vorazes por parte de outras gatas e outros gatos, e que, naquele preciso momento, se questionava sobre a sua própria beleza, quem sabe até sobre a sua integridade.
Talvez o meu gesto tenha tido algum efeito. Acredito abundantemente na lei da causa-efeito. Acredito na lei da borboleta que agita as asas e provoca um furacão. Acredito acima de tudo na Lei da Compensação. Mas também acredito na lei do acaso. E que melhor acto premeditado haverá do que o acaso?

9 comentários:

Anónimo disse...

lamento amigo, mas estando a gatinha deprimida, penso que não só te ia ignorar como rejeitar, ou até mesmo odiar... em estado de depressão só os nossos pensamentos nos interessam, e nossos amigos são aqueles que nos fazem as vontades, e não aqueles que nos tentam ajudar, porque veem que temos um problema. Solução? dificil muito dificil, acho que depende muito da força e vontade interior da gatinha, e a nossa posição de gatos mais velhos? mais dificil ainda, é uma sensação de impotência perante uma situação tão delicada, o que é certo fazer? O que não fazer? Como podemos fazer alguma coisa? fazendo vamos ajudar ou prejudicar? estavamos aqui uma eternidade nestas dicotoMIAS. Como gatos que somos, talvez a solução seja agirmos com subtileza sem dar a cara, sem que a gatinha perceba quem somos? o que te parece? abraços felinos

kimo disse...

ah e não te esqueças esta gatinha já está no fio da navalha.... muito perigoso fazer o que quer que seja...

kimo disse...

sabes tão bem como eu, porque estudámos e sabemos, que a "razão tem razões que até a própria razão desconhece", estamos a falar de subconsciente, e sabemos também o quão desconhecido ele é, e o poder que pode ter se estiver a dominar o corpo, penso que já seja este o caso, e portanto este subconsciente que domina o consciente está já a usar todo o seu poder criativo para criar subterfugios para o consciente se sinta mais aliviado da dor que já deve estar a sentir, sabes também que neste momento, qualquer gesto, qualquer imagem, qualquer palavra, pode ter exactamente o efeito contrário que esperas que aconteça, não te esqueças o subconsciente é um buraco negro que os próprios cientistas desconhecem... quanto mais nós... Um exemplo de que o sub conciente domina: " tenho uma gata amiga que tem um problema..." medo e vergonha pequenos no consciente enormes e poderosos na mente oculta...

abraços

Alexandr3 disse...

Brutal!!

kimo disse...

Bem caro amigo, esperemos e oremos a todos os deuses gatos para que a a tua frase "És mais bonita do que sempre julgaste ser." resulte e que apartir deste pequeno gesto tudo volte a ser como dantes, ou melhor ainda... de qualquer forma o perigo está lá fora.... abraços grandes...

kimo disse...

da ficção à realidade és um mestre das palavras... Como sempre parabéns.... abraços

El Felino disse...

Atenção à negação tripla com saída empranchada:

Às vezes não podemos deixar de não fazer nada... por aqueles que, no nosso entender, merecem ser salvos. Grande abraço!

kimo disse...

Amén...Parece um pedaço de texto biblico, mas contudo acertadissimo... Estiveste, disseste e fizeste bem... belo salto...para a próxima experimenta uma afirmação invertida com saida engrupada à rectaguarda...

abraços

Anónimo disse...

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