quarta-feira, janeiro 17, 2007

Aqui que ninguém me ouve...


Já que vou tendo muito poucos comments, assumo que apenas meia-dúzia de pessoas (eventualmente) passam os olhos por este blog. Dessas pessoas, suponho que 100% sejam homens. Por isso, hoje apetece-me dissertar sobre algo que (suponho) interessará à totalidade da minha audiência: As lésbicas.

Nunca um tema despertou uma dicotomia tão grande entre desejo/nojo no coração dos homens. Digo isto porque hoje, enquanto passeava durante a tarde (como todas as tardes úteis) pela cidade e pelos meandros underground do metropolitano, dei por mim a pensar no que realmente poderia um homem sentir quando confrontado com duas lésbicas. No meu caso, nesta tarde, fui confrontado com um casal de jovens, uma com cerca de 16/17 anos, muito magra, cheia de borbulhas e com cabelo liso até ao meio das costas, a outra já com os seus 20s, mais de 100 quilos de peso e cabelo muito curto, ambas com mau aspecto, mal vestidas e muito pouco femininas (principalmente a mais velha). No entanto, o carinho que demonstravam e as tentativas lúdicas de conseguirem dar beijos refundidos na boca uma da outra, fizeram-me pensar que eu estava a ser injusto ao ajuizar aquela relação como uma aberração repugnável. Mas será que estaria?

Na mente dos homens é muito comum (talvez demasiadamente comum) haver uma parte secreta que sente prazer em ver duas mulheres a tocarem-se. Ao contrário da mente das mulheres, que é rara aquela que fantasia com dois homens juntos. No entanto, difícil será encontrar um homem que se sinta estimulado por ver duas mulheres pouco atraentes (e aqui os gostos dão para tudo) a terem uma relação lésbica. E já a própria relação amorosa entre duas mulheres tende a ser algo mais difícil para um homem aceitar do que propriamente uma iniciativa de desejo manifestada num momento esporádico.

Talvez por isso, os homens não consigam encontrar, por exemplo em séries como "A Letra L", momtivos de estimulação, mesmo quando se mostram relações lésbicas entre mulheres relativamente atraentes. A própria "masculinidade" (que na série até é pouco evidente) tão característica da maior parte das mulheres lésbicas, é um factor altamente destabilizador no entendimento da realidade homossexual feminina.

Partindo destas ideias, concluo que a fantasia de muitos homens não se prende com lésbicas (e daí o erro de se pensar que as relações entre mulheres são melhor aceites pela sociedade que as entre homens), mas sim com a Beleza, com mulheres belas, dispostas a esporádicas experiências bissexuais no calor de um efémero momento.

Há algum tempo, li uma reportagem portuguesa sobre experiências de "menáges à troi". As situações eram as seguintes:
1. Homem e amigo engatam uma miúda num bar.

2. Homem pede à namorada para experimentarem com uma amiga dela.

3. Mulher diz ao namorado que deseja experimentar com uma amiga dela.

4. Homem vai com duas amigas bissexuais.

5. Mulher vai com um casal

Dos cinco relatos recolhidos, só um revelou um final feliz: O casal em que a mulher pediu ao namorado para experimentarem com uma amiga dela. Só neste caso todos saíram satisfeitos e com vontade de, "quem sabe", repetir. Nos restantes casos houve sempre mal-entendidos(5.), inveja(1.), decepção(4.) e até raiva(2. - da parte da namorada).

Ler este artigo fez-me também pensar no outro ponto de vista, no da própria Mulher. Já tive várias conversas animadas sobre este assunto e a minha posição é esta: uma relação espontânea entre duas mulheres é muito mais natural de acontecer devido à subjectividade que uma experiência destas envolve. "Subjectividade" no sentido de não acarretar o envolvimento físico que, por exemplo, a relação entre dois homens acarreta (daí também acreditar que a bissexualidade masculina é um autêntico mito. Ou se é ou não se é). Salvo utilização de objectos estranhos, uma mulher não consegue, numa experiência bissexual, fazer a outra mulher algo que ela própria não faça a si mesma (ao contrário de dois homens que praticam sexo anal, algo que um homem não consegue fazer a si mesmo... salvo utilização de objectos estranhos!). A meu ver (e até prova do contrário), as sensações que uma mulher procura noutra mulher estão mais ligadas à subtileza do toque, ao conhecimento que as mulheres têm do seu corpo e à possibilidade de ser explorada de uma forma mais sensorial, talvez até mais estimulante que através do toque aventureiro e indisciplinado do homem. Isso sim, é uma fantasia.


Nota: Obviamente, esta dissertação não tem qualquer relação com o sentimento amoroso. Disso falaremos noutra ocasião.

9 comentários:

Alexandr3 disse...

A "fantasia masculina" é apenas estar com duas mulheres atraentes. Quem é que quer duas lésbicas? As lésbicas são como tu descreveste... gordas, feias, cabelos curtos e jeitos masculinos.. se fosses para a cama com duas lésbicas (ou mesmo uma) deveria ser quase como se fosses para a cama com um homem...

Há sempre uma mais feminina (a mulher) num casal, mas mesmo assim é mais feminina, não é feminina...

Portanto, não confudamos as coisas.. Uma coisa é acharmos graça a duas míudas girinhas, bissexuais (na líbido) mas heterossexuais nas paixões, e outra dois camafeus lésbicos.

Alexandr3 disse...

Só para acrescentar, após o meu primeiro comentário de confirmação da teoria exposta, que me parce teres aá um erro...

Salvo utilização de objectos estranhos, uma mulher não consegue, numa experiência bissexual, fazer a outra mulher algo que ela própria não faça a si mesma

Porra!... Como é que uma mulher pode fazer um cunillingus nela mesma?? só se for contorcionista, mas não há muitas, verdade?

El Felino disse...

Tens verdade. Não reflecti sobre esse pormenor no sentido em que não considerei o cunnilingus como uma actividade estranha à sexualidade feminina (do mesmo modo que o sexo anal é estranho à sexualidade masculina.)

Abraço.

Anani disse...

Mas há um pormenor: o cunnilingus pode ser-me feito, mas eu posso ter curiosidade em fazê-lo.
Tal como um homem pode penetrar analmente, e ter curiosidade em ser penetrado, ou em chupar outro homem. Estou a pensar em ambas as situações com heterossexuais.

Gostei do texto, já tenho reflectido sobre a coisa no meu canto ;-)

Um dia destes venho cá com mais calma!

El Felino disse...

Vem sempre.

Alexandr3 disse...

anani.. garanto que nunca me passou pela cabeça ter o mais pequeno acto homossexual..

E com as mulheres, bem sabemos que 99% gostavam de pelo menos uma vez na vida experimentar com uma mulher.

E bem podem vir dizer que "ai eu não" e tal, mas é tão simples de ver... tão notório.. tudo. a própria vida é assim. Daria para três ou quatro posts este assunto...

Bom fim de semana!

Anónimo disse...

Pois é, acho que te enganaste... 100% de leitores masculinos não é... lol Venho a este blog ha uma catrefada de meses (prai 4, e nem sei como vim aqui parar) e fiquei a gostar da tua escrita, por isso passou aos favoritos... E sou gajA :) Quanto ao resto não comento... Deixo isso pos restantes leitores masculinos. Parabéns pelo blog. Margarida

El Felino disse...

Olá, Margarida. Erro crasso dos gatos com bloguimia: julgarem a sua blogvida pelos comentários que recebem. Fico satisfeito de ter uma felina leitora das minhas dissertações. Sente liberdade de opinar quando o teu instinto quiser... O que falta a um gato pensador é sempre a perspectiva de uma felina activa.

Filipa Branco Joalharia disse...

Rui.... só tu!! e nada mais digo porque já falámos várias vezes sobre este assunto......

...mais uma gaja!!!!