terça-feira, março 17, 2009

Duvido...


Por onde começar?...
Bem, eu estava curioso por ver este filme/documentário/missão suicida porque se há dois temas que me interessam, esses temas são religião e sexo (estão mais ligados do que se possa pensar).
Ultimamente tenho visto vários documentários que transformaram profundamente a minha visão relativamente a diversos assuntos, mas o que sinto no fim de cada um deles é que a realidade é tão mais estranha e complexa do que a ficção, que as pessoas acabam por acreditar mais na ficção do que na realidade. Quando se discute um documentário, coloca-se sempre em causa o posicionamento tendencioso do realizador, a manipulação da informação, a falta de rigor, entre outros pormenores que, por exemplo, nunca pomos em causa quando vemos uma reportagem no telejornal. Claro que podemos (e devemos) colocar tudo em causa, mas onde fica a verdade no meio disso tudo? A verdade fica remetida para segundo plano. Já não interessa. O que interessa é a intenção do autor, as entrelinhas, os truques que ele usou para nos dar a volta, etc. Isto é o que cada vez mais acontece a quem assiste a um documentário. Por termos acesso a tanta informação a todo o momento, vemos os documentários cheios de preconceitos na cabeça e o que esperamos que o documentário faça não é que nos revele algo de novo, mas sobretudo que ultrapasse todas as barreiras que levamos connosco ainda antes de entrarmos na sala. E este problema sobressai sobretudo quando o documentário é feito acerca dos EUA. Este é um país com temas para infindáveis documentários. E o que é que se retira dali? Os EUA irão continuar a ser tudo, do pior ao melhor, independentemente dos documentários que se façam.
E foi isso que senti ao ver este Religulous. Senti que o Bill Maher (e, mais uma vez, o Larry Charles, realizador da aventura de Borat pelas américas) tinha decidido entrar numa batalha que estaria perdida à partida. Mas ainda assim, vale a pena assistir à luta. Sendo este um dos mais incisivos comediantes norte-americanos (dando continuidade ao legado de outros, principalmente do já falecido George Carlin), era importante, também para ele, falar directamente com as pessoas e reflectirem em conjunto sobre a coisa mais irracional que existe: a religião. E é aí que o filme começa a ser hilariante. Muito.
Ingenuamente, o filme não pretende questionar a fé. Toda a gente tem fé. Ter fé é acreditar em algo, nem que seja em nós próprios, nas nossas capacidades, é acreditar no futuro, no amor, etc. Tudo isso são coisas que não se vêem, que apenas se sentem e não deixam de ser menos válidas por isso. Mas não é isso que se procura dissecar. O que este filme pretende pôr à prova é as incongruências das religiões, das organizações feitas por pessoas que subjugam outras pessoas e as obrigam a viver em medo e condicionadas nos seus actos, nos seus sentimentos e nas suas vidas. Este é um tema pertinente porque cada vez mais se cometem actos atrozes em nome da religião (sejam elas a ostracização das mulheres muçulmanas, a violência do comunismo chinês para com os monges tibetanos, a crise económica mundial criada pela ganância de um judeu, os abusos sexuais dos padres católicos, a exploração sem escrúpulos das seitas, os crimes de faca e alguidar em nome de Deus, etc). Há quem diga que a próxima grande guerra será espiritual, e essa é cada vez mais uma realidade (apesar de agora, sem o radicalismo de George Bush no poder, essa realidade possa ter sido adiada por algum tempo). Por isso, este filme vem tentar mostrar um pouco da perigosa parvoíce que realmente está por detrás de todas as religiões (mesmo que a intenção dos autores da bíblia, do corão e etc tenha sido a melhor).
A mensagem que o Bill deixa no fim, apesar de humilde, não irá convencer nenhum fundamentalista religioso (assim como não acredito que algum desses vá ver o filme), mas ainda assim a mensagem é simples: a certeza é a maior inimiga da verdade. Doubt will set you free. ALLELLUIAH!!

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