quarta-feira, dezembro 26, 2007
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Atitude romântica
sexta-feira, novembro 30, 2007
Quente o suficiente para inchar a madeira?
Novamente nos meandros da www, deparei-me com uma beleza original. Passo a citar:
“The themes in Audrey Kawasaki's work are contradictions within themselves.” – porquê? bem, porque - “her work is both innocent and erotic.” – goddamit, that’s so true! - “each subject is attractive yet disturbing.” – precisamente. A delicadeza do traço, as formas subtis mas extremamente bem definidas... os esqueletos de répteis?? – “Audrey's precise technical style is at once influenced by both manga comics and Art Nouveau” – sim, muitas imagens são Alfons Mucha all over again... - “her sharp graphic imagery is combined with the natural grain of the wood panels she paints on, bringing an unexpected warmth to enigmatic subject matter.” – e aqui está, o fulcro, o centro ou, neste caso, o cerne da questão. O uso que esta cachopa dá ao suporte madeira é que distingue a sua arte de todas as outras. A leveza do seu traço, aliado às texturas das madeiras, revela uma nova abordagem que me fez ter vontade de pregar um toro na parede da minha sala. – “The figures she paints are seductive and contain an air of melancholy. They exist in their own sensually esoteric realm, yet at the same time present a sense of accessibility that draws the observer to them. These mysterious young women captivate with the direct stare of their bedroom eyes.” - You go, Kawasaky girl!
Nota 1: Raparigas: ela desenha mesmo bem. Rapazes: ela tem um fetiche por girl-on-girl action!
Nota 2: Acrescentei o site dela nos “sites doces” sob o pseudónimo “madeira inchada” e o blog dela nos “blogs à casa” sob o alias “arte motard”. Check it out!
Nota 3: Hoje estou muito doente...
sexta-feira, novembro 16, 2007
Devaneio necessário
Passo o dia a escrever. E a ler. Escrevo e leio. E vejo. Escrevo, leio e vejo. Sempre em palavras. Mesmo as imagens. O abstracto é-me difícil de ler. E de compreender. Não consigo ler nem compreender o abstracto. Consigo sentí-lo. Não consigo interpretá-lo. Nem concretizá-lo. É-me difícil interpretar ou concretizar o abstracto. Consigo criá-lo. Criar o abstracto é-me fácil. Mas não de uma forma inteligente. Inteligível sim, inteligente não.
Passo o dia a criar. Gosto de criar. Pela escrita. Só pela escrita. Mesmo as imagens. Crio imagens pela escrita. Não digo que crie imagens credíveis nem consistentes. Gosto do desafio de criar imagens com palavras. Gosto de descrever imagens. Criar o abstracto através do concreto.
Passo o dia a pensar. Penso muito. Demasiado. Penso sobretudo em tudo. Penso no que fiz, no que faço, no que tenho para fazer. Vejo-me de longe. Vejo-me ao pormenor. Critico-me. Desespero-me. Rio-me. Auto-analiso a minha auto-análise. Mas quem sou eu para pensar no que penso sobre mim?
terça-feira, outubro 30, 2007
quinta-feira, outubro 25, 2007
terça-feira, setembro 25, 2007
Degenerações
Como toda a gente sabe, o mundo divide-se em duas partes... mais uma: crianças, adultos e aquela idade, entre os 10 e os 30, em que não se é uma coisa nem outra. Denominados “os jovens” por alguns sectores da sociedade, esta raça caracteriza-se pela sua incrível instabilidade emocional, pela sua personalidade muito pouco marcada, pela sua parca visão do futuro e pela sua vincada tendência de contrariar os adultos e afugentar as crianças.
Dos passos que uma criança dá até se tornar adulta, três são invariavelmente fulcrais: ter uma relação que dure mais de uma semana; ter uma casa própria; ter filhos.
Primeiro, porque só quando se consegue manter uma relação duradoura é que se valoriza o quão difícil essa tarefa é. Só assim se consegue perceber a necessidade que o ser humano tem de não estar sozinho, de poder partilhar a sua vida com alguém, de abdicar de certos privilégios por um bem comum e de exigir que a outra pessoa faça o mesmo. Aí decidirá se, para si, é realmente importante partilhar a sua vida com alguém de quem gosta, se consegue suportar alguém que não gosta, se pode apenas viver à custa dos outros, se gosta que os outros vivam à sua custa ou, simplesmente, se prefere ir saltitando de relação em relação sem nunca sentir que um dos maiores prazeres de uma vida é foder sem pensar se a pessoa está infectada com HIV, se a pessoa realmente gostou, se a pessoa deu valor àquele momento, se a pessoa irá voltar, se a pessoa fez por gosto ou por maldade, se a pessoa foi boa ou má na cama, se a pessoa nos fez feliz ou se, simplesmente, nos fez sentir ainda mais miseráveis.
Segundo, porque ter uma casa própria implica a primeira preocupação real com o dinheiro, esse doce que os paizinhos estão sempre dispostos a dar aos filhos com um sorriso amarelo porque lhes custa mais a ganhar do que custa aos filhos a gastar. Ter uma despesa fixa ao fim do mês, ter de pagar para comer todos os dias, ter de ter o essencial para nos sentirmos confortáveis na nossa casa, são algumas das questões que nos fazem valorizar o esforço de trabalhar e ganhar dinheiro, dinheiro que é nosso e que, quando é nosso, nos é tão difícil dar aos outros, principalmente a filhos que ainda não temos e que irão gastá-lo em dvd’s do noddy, em brinquedos que arrumam no armário ou em coisas de maior importância, como jogos de computador que não gostam de jogar connosco, bilhetes de concertos que não gostam de ir connosco, ou em tabaco e álcool em saídas à noite que nós já não temos capacidade de ir com eles. O dinheiro, essa vil matéria, não nasce, infelizmente, das árvores a não ser para quem vive da agricultura. E para o ganharmos, não basta apenas tirar um curso e entrar no mercado de trabalho todos contentes. Tirar um curso não é fácil e custa dinheiro. Entrar no mercado de trabalho não é mesmo nada fácil porque existem milhares de pessoas, jovens e ex-jovens, a querer o mesmo que nós. E mesmo quando finalmente conseguimos arranjar um emprego, temos de aturar chefes, colegas, empregados, clientes e todos os outros parasitas que nos querem passar por cima, que não nos respeitam, que não nos dão valor, que não nos aumentam o ordenado quando precisamos e que, muitas vezes, nem sequer sabem quem nós somos. Logo aí, vai-se muita da nossa auto-estima e da nossa irreverência, ou seja, a essência da nossa juventude. Sim, muitas vezes temos de trabalhar para aquecer, só porque precisamos do ordenado ao fim do mês, vivamos sozinhos ou em grupo. Nesta situação, podemos sempre voltar a ser meninos(as) da mamã, pedir dinheiro emprestado, ser sacanas, arranjar maneira de ter dinheiro da maneira mais fácil, roubar até, matar até, chupar umas pilas até. Quando estamos fechados numa escola, em que somos conhecidos, em que dominamos tudo até os professores (porque somos sempre 30 contra 1 na sala de aula), em que estamos protegidos das pessoas más, dos adultos, daquelas pessoas cinzentas que apenas sabem trabalhar, não pensamos no amanhã, no dia em que seremos como elas, preocupados com mais coisas do que apenas com o som da campainha que toca para a saída, com o jogo de futebol, com as roupas das amigas, com a miúda mais gira da escola ou com o rapaz que engata todas a miúdas por fazer surf aos domingos de manhã e ter um sotaque da beira alta. É certo que o mundo do trabalho não consiste apenas em coisas más, também há empregos porreiros, em que não se faz nada e ganha-se muito, mas quantas pessoas ganham a lotaria? No meu entendimento, a vida de um jovem deve ser como a política de intervenção ambiental: actuar hoje para o mundo não acabar nos próximos dez anos. E a casa onde vivemos é sempre o nosso mundo. Sempre.
Por fim, o acto de ter um filho é o mais importante da nossa vida. Diga-se o que se disser, minimize-se o que se quiser, mas ter um filho é a nossa maior responsabilidade. E é aqui que a vida se volta contra nós. Tudo o que fizemos enquanto filhos vai-se reflectir naquilo que vamos fazer ao nosso filho. As teorias são muitas. Podemos ser bons pais apesar de termos sido maus filhos. Podemos ser maus pais apesar de termos sido bons filhos. Podemos ser maus pais e ter uns filhos que não se revêem em nós. Podemos ser bons pais e acontecer o mesmo. Podemos ser tudo e nossos filhos não serem nada. Ou vice-versa. E aqui questionamos o quanto deve ter sido difícil para os nossos pais aturarem as várias fases do nosso crescimento. A sina de ser pai é testar o quanto conseguimos engolir o nosso próprio orgulho e ser altruístas até para pessoas que nos subestimam, que nos maltratam, que nos gozam, que nos desprezam e que nos temem. Afinal, não foi isto que sentimos também quando fomos filhos?
Talvez não seja importante um adolescente pensar nestas questões enquanto “aproveita a vida”, enquanto “faz hoje o que não vai poder fazer amanhã”, e se calhar nem deve, mas acredito que seríamos melhores pessoas se, no mínimo, não dificultássemos a vida aos outros. O segredo (chiu, venham cá...) é que podemos fazer tudo o que quisermos ao longo de toda a nossa vida. Bebedeiras, saídas à noite, festas, sexo, tudo pode ser feito dos 8 aos 80. Só há uma coisa que muda ao longo de todos estes anos e que é a principal frustração dos jovens quando nos transformamos em adultos: não é o peso da idade que nos faz pensar na vida, é a consciência dos nossos actos.
Dedicado à minha irmã.
sexta-feira, setembro 21, 2007
Demência
Tenho uma tia demente. Mesmo com a doença. Demência. Que assustador dizê-lo. Mas o conceito é tão sedutor. Para mim, que nos meus anos dourados tive a ousadia de pertencer ao grupo fundador do movimento artístico Dementista, sempre me deslumbrei com a beleza libertadora, e até libertina, da loucura.
No manifesto que cheguei a escrever sobre Arte Dementista, glorificava o potencial criativo da espontaneidade, da mente livre, da ausência de restrições, do acaso, da prevalência do instinto, em suma, da demência auto-infligida. Rídiculo, não? Talvez, mas naquele momento parecia genial. E foi.
Sempre senti curiosidade, e até mesmo alguma proximidade, com aquelas pessoas que andam sem rumo pela rua, que falam sozinhas em frente a uma montra, que bradam com gestos imensos a todos os ventos, que vociferam contra o passado, que praguejam maldições aos transeuntes só porque estes parecem tão despreocupados, que dedicam poemas e canções às pedras da calçada, ou que sofrem como se a sua alma tivesse fugido e dado lugar à verborreia da consciência, sempre tão pesada. Pergunto-me sobre qual será a sua percepção, do mundo e de si mesmos? Será que se sentem num constante estado de alucinação? Será que vêem a realidade distorcida como os que snifam cocaína ou metem pastilhas prá carola? Tenho consciência que serão pessoas que bebem em grandes quantidades, mas a violência e a intensidade das suas palavras nem sempre tresandam a néctar. Porque aliás, nem sempre são mendigos, nem sempre são os esquecidos da sociedade. Muitos são pessoas de classe média, educadas, bem apresentadas, bem vestidas, com bijutarias e maquilhagem. São, pois, pessoas como a minha tia.
Apesar da situação em que ela se encontra não ser a mais favorável para que o seu estado não se torne um risco para os outros mas, sobretudo, para ela própria (viúva, vive com a filha num T1 em Coimbra, longe da irmã, dos sobrinhos e do resto da família), esta seria a oportunidade perfeita de poder saber até que ponto a demência transforma uma pessoa. Talvez um dia, num domingo à tarde, sentados no jardim de um lar cheio de espaço e pessoas simpáticas, eu possa ter oportunidade de saber o quanto a mente humana se diverte em ser um puzzle incompleto dentro de um enigma sem solução.
quarta-feira, setembro 12, 2007
Em cima do acontecimento...
Lido na revista "Happy Woman" deste mês (artigo "Sexo de uma só noite"):
"É a era dos orgasmos sem compromisso" - sub-título do artigo (pág. 120)
"[o sexo casual] É uma auto-afirmação, e pode acontecer em qualquer idade, com homens e mulheres em qualquer estado civil" - afirma a sexologista Elsa Lebram no mesmo artigo (pág. 122)
"Os perigos mais comuns que espreitam o prazer sem compromisso [na perspectiva feminina]
- Apaixonar-se e não ser correspondida
- Vazio emocional
- Ressaca moral
- Auto-desvalorização"
(pág. 122)
"...é importante estar consciente de que o sexo sem compromisso deixa de ser saudável e passa a ser promíscuo quando há uma queda da auto-estima ou é causado por uma insatisfação pessoal" - sexologista Amaury Mendes (pág. 124)
"...as mulheres estão decididas, objectivas e a tomar a iniciativa não só na conquista como no sexo. Elas estão, dizem eles, a agir como homens." - testemunho de Mateus, 31 anos, casado, um filho (pág. 124)
Para reflectir...
Nota: De curioso interesse o artigo sobre motéis de luxo em Portugal (pág. 130)
segunda-feira, setembro 10, 2007
Relações
À medida que vou lendo o livro enunciado no post anterior, vão-me surgindo mais interrogações sobre a sexualidade masculina do que propriamente sobre a sexualidade feminina (dito em voz alta não soa tão gay...). Sendo assim, deixo-vos a seguinte dissertação:
Se há assunto esquadrinhado ao infinito, são as relações amorosas entre gatos e gatas de todos os sexos. Apesar de estarmos conscientes que nunca iremos chegar a uma conclusão definitiva, faz parte da nossa ambição enquanto seres amantes desconstruir impossibilidades e resolver questões que são tão díspares como os pêlos da nossa cauda.
Se cada história de sucesso ou insucesso de uma relação depende das particularidades de cada um de nós, como poderemos compreender/ajudar/criticar/justificar/aconselhar outros felinos ou felinas a resolver as intrincadas novelas das suas vidas? Não podemos. Cada um tem de saber lidar com as suas escolhas.
É aceite pela generalidade dos seres vivos que a vida, por ser só uma e por ter um tempo limitado (que, inclusivamente, pode ser reduzido devido a um qualquer acidente), não possui regras, apenas oferece opções. É impossível impor um sentimento, qualquer que ele seja, principalmente quando se trata de um sentimento tão forte como o amor ou, no caso dos machos, da tesão. Sim, porque, para os machos, o amor é uma tesão constante, assim como uma paixão é uma tesão intensa (mas que, por ser intensa, não se consegue manter por muito tempo), e assim como um caso esporádico é uma tesão momentânea (causada pelas mais variadas razões). Não conheço a versão feminina destas cláusulas, daí cingir-me à realidade do cromossoma Y.
Sendo a vida amorosa dos machos gerida por uma intermitência de tesões, que vão e vêm conforme as ocasiões, existem certos exemplos de comportamentos que são totalmente irracionais, descontrolados, ou até mesmo irresponsáveis, mas que são totalmente compreensíveis quando analisados de uma perspectiva contra-picada (de baixo para cima).
Quando inseridos num qualquer contexto, onde lhes é dado a escolher uma solução racional ou uma solução sexual, os machos revelam uma sequência de pensamento integralmente oposta ao das fêmeas: usam a chamada “psicologia ascendente”. Nesta configuração, o cérebro é a última etapa do seu raciocínio e não a primeira. Tudo começa na glande. E só se a opção (leia-se: o objecto de desejo) não for “glande” coisa é que se começam a queimar etapas até o cérebro concluir que não vale a pena foder a vida por uma foda inconsequente. E isto passa-se, independentemente de o macho estar no meio de uma relação amorosa ou não. Porquê? Porque o amor, quando está presente, está sempre presente, o corpo e a mente já o aceitaram, mas o desejo está desprendido, e se não for inteligentemente direccionado para o ser amado, é proliferado para outros receptores mais... receptivos. Entenda-se: não se trata de maldade, sacanice, filha da putice, nem sequer desinteresse pela causa amorosa. Isto é a essência de tudo o que é naturalmente testosterónico. Isto é o âmago do desespero masculino em relação à sua vida. É a partir deste núcleo que todos os machos têm de partir para atingir o nível de complexidade sentimental/emocional que forma o núcleo do comportamento feminino (e que influencia tão dramaticamente as escolhas das mulheres como o desejo influencia as dos homens). Só alguns conseguem dominar a sua aptidão natural para relativizarem a importância de uma relação e sobreporem o desejo às emoções. Só alguns conseguem inverter a psicologia ascendente e raciocinar sobre o que é realmente importante, o que faz de uma relação duradoura uma dádiva, seja pelo desafio que representa, seja pelos benefícios que produz quando cuidada com zelo e dedicação (por exemplo: equilíbrio, complementaridade, aceitação, intimidade, valorização pessoal, etc.)
Concluindo, e por muito que pareça incongruente, a tesão é fundamental ao dia-a-dia masculino, é a tesão que o faz avançar, tecer objectivos, fazer escolhas, lutar por aquilo em que acredita, trabalhar, fazer exercício, cuidar da saúde, sobreviver nas situações mais difíceis e, principalmente, dedicar-se a alguém que ama. Porque amor não é paixão. O amor é tesão... pura e dura!
(nota final: todos os machos sabem que as fêmeas têm uma relação amor/ódio com a sua sexualidade. Não só pela condição social que tem as suas raízes nos conselhos das avozinhas (que, diga-se de passagem, também manipularam as mentes dos pequenos felinos: “Quantas namoradas tem o meu netinho? Quatro? Ena, tantas!”), mas também por, muitas vezes, não a aceitarem ou não a compreenderem como elemento natural do seu desenvolvimento enquanto felinas adultas. Esta é uma discrepância que algumas mulheres utilizam para mero proveito egocêntrico e que outras não sabem pôr em prática para seu próprio privilégio e prazer.)
terça-feira, agosto 28, 2007
As fantasias das férias
Como especulou o meu caro amigo LAD, este blog esteve de férias. Umas férias bem merecidas, diga-se de passagem, pois o vosso miserável bloguista já estava há demasiado tempo encarcerado entre quatro paredes.
Depois de uma primeira semana dedicada à cultura das artes (com visita ao CCB para apreciar a colecção Berardo – que apreciei – e uma noite de teatro com “As Obras Completas de Shakespeare em 97 minutos” – que apreciei muito e me despertou a curiosidade para ir ver a nova peça do mesmo grupo “A Bíblia: Toda a Palavra de Deus (Sintetizada)” – o nome promete!), iniciei a já clássica descida da costa alentejana (que desta vez se alargou por toda a costa algarvia), armado de apenas um saco de roupa, duas mulheres (!) e uma tenda (daquelas que se montam sozinhas).
A primeira paragem foi em Odeceixe, onde aproveitámos a fabulosa praia local, apesar do céu algo nublado. Daí, partimos para Aljezur, onde nos instalámos no parque de campismo do Serrão (já nosso conhecido de outras andanças) e onde pernoitámos depois de uma noite bem dançada e bem regada (a menina que servia as bebidas era digna de uns pedidos extra) num pequeno bar/disco da cidade mourisca.
Na tarde seguinte, seguimos em direcção à Arrifana e aproveitámos mais umas horas de sol na praia. O grupo de era já na ordem das dezenas e a cada paragem aglomerávamos mais elementos. Essa tarde foi particularmente interessante porque o novo membro trazia boas novas sobre algo que tinha presenciado em Cancún, aquando de um tal de Spring Break (ainda assim não fiquei a saber qual o conceito por detrás dos misteriosos colares de missangas)! Uma experiência a experimentar com urgência!
Da praia da Arrifana, subimos a encosta e fomos até à ponta de Sagres. Novo acampamento e saída à noite em véspera de festival. Nada a realçar, a não ser o frio que mantinha as bebidas geladas e algumas meninas que tinham evidente calor, mas sem grandes destaques.
No segundo dia em Sagres, o caminho para a praia incluía enveredar com o meu C3 por um caminho de Land Rovers e Monster Trucks. Devo dizer que o esforço não foi recompensado na mesma proporção, mas também não decepcionou ao ponto de não (tentar) lá voltar. Creio que a praia era denominada de Ponta Ruiva (mais uma prova que as ruivas não são fáceis de dominar). À noite, lá fomos nós para o recinto do Surf Fest, que este ano era Super Bock (apesar de continuar a ser em Sagres! Há patrocínios que não se perdem.).
Nessa noite, como a “cabeça de cartaz” (Lily Allen) se tinha cortado (merecia era que lhe cortassem a cabeça porque o bilhete não foi propriamente barato!) chegámos tarde e só vimos os dois últimos concertos. Um frio do caralho. Mulheres vestidas até ao pescoço. Apenas cerveja à venda no interior do recinto. Bandas semi-desconhecidas. Resumindo: Ansiedade crescente de voltar para a tenda! Mal deu o apito final, fomos. Alguns resistentes ainda se aventuraram nos bares ventosos, eu preferi o casal...
O dia seguinte teria obrigatoriamente de ser melhor. Muito melhor!
Depois de uma tarde bem passada na praia do Beliche (ainda com o vento a fustigar, mas com mais toplesses e grupos de biquinis, de realçar duas amigas italianas que estragaram o dia a todas as outras mulheres que nesse dia pensaram que aquela seria uma boa praia para o engate!), preparámos a noite como se fosse uma missão do Esquadrão Classe A! Camisolas e casacos. Garrafas de vodka. Garrafas de trina laranja e limão. Mix max. Encher a mochila com os recipientes mixados. Entregar a mercadoria a uma das miúdas do grupo (ainda sobrou meia garrafa para eu levar e desbastar até chegarmos ao recinto) e seguir.
Como eu queria ver Mad Caddies, os Cassardos mandaram as Pombas jantar fora e apostámos nas bifanas e nas fatias de pizza do festival para chegarmos mais cedo. Vi o concerto e pensei que, só por aquela meia-hora, este dia já tinha compensado o dia anterior. Entretanto, chegou a palavra que as Pombas tinham ficado retidas no exterior por transportarem as bebidas. Lancei-me à aventura, fui ter com elas, mantive-me em comunicação com o interior do recinto e trafiquei as bebidas pelo buraco da rede. Pormenor de antologia: todo o tráfico foi feito com a picha de fora porque era necessária a simulação de mijar junto às urtigas. Diga-se também que toda esta “naturalidade” se deveu ao facto de já ter meia garrafa de vodka-laranja e duas jolas no bucho. Não se vê disto nos filmes.
Depois de esvaziada a mochila, voltei a entrar. Herói.
A partir deste ponto, só me lembro de ler os rótulos de trina de pernas para o ar e tudo o resto é uma névoa. Acho que ainda lá esteve Gentleman e que tentei fazer Parkur enquanto caminhava de volta para o carro. O barco, no entanto, manteve-se à tona.
Na tarde seguinte, dia de ressaca, fomos para Lagos, onde ficámos instalados na casa de um dos Cassardos. Da nossa estadia em Lagos, duas coisas a destacar (para além do bom ambiente, do sexo em grupo e das outras coisas do costume).
1ª: uma tentativa frustrada de me embebedar com um aquário (!) cheio de álcool. Resultado: fiquei demasiado cheio de líquido e o álcool não teve espaço para actuar. Não recomendado a estômagos fracos.
2ª: a última noite, no surpreendente Duna Beach, com bom ambiente, apesar do vento sempre constante, uma piscina pronta a usar, uma noite sempre em alta com as meninas em grande destaque, e que culminou com um esplêndido nascer do sol na praia. A reviver brevemente.
Depois de um sono curto, o final da semana implicava a separação do grupo. Cada um tomou o seu rumo. O meu rumo era Armação de Pêra. Nova casa, novos amigos... e o resto da família deles. Apesar de bem recebidos, da boa comida, das boas conversas, a loucura e o à-vontade tinham ficado no barlavento. Voltámos a ser certinhos. Dias de praia das 10h às 19h. Noites a passear pelas ruas de comércio turístico. Visitas ao parque de diversões para ver o querubim a saltar na cama elástica. Conversas de ocasião sobre problemas e questões profundas. Enfim, o sossego.
Até que finalmente descobri a minha fuga.
Esta tem sido a minha leitura de Verão. Na praia, em casa, na cama... em vez de sonhar deixo-me levar pelas fantasias sexuais das mulheres portuguesas. Um trabalho de relativa coragem, realizado por uma mulher, e onde a principal questão que me assola é: “quantas destas mulheres serão realmente bonitas?”. Não consigo evitá-lo. Penso nisso constantemente, já que a multiplicidade de testemunhos (hetero e homo) é tão díspar que é impossível uma análise concreta nesta fase da leitura (vou sensivelmente a meio do livro). É um mundo muito complexo. Por isso sublinho, coloco as minhas questões e as minhas observações e vou-me surpreendendo a cada página. É também interessante ler as explicações dadas por especialistas sobre algumas das problemáticas ou preferências mais comuns. Obrigado, Isabel Freire.
O destino final destas férias foi Manta Rota, perto da fronteira com Espanha. Com novo câmbio de amigos (mas agora sem família atrelada), foram dois dias e meio de boa praia (com água quente, finalmente!!!), muito descanso e um passeio nostálgico pelas ruas da minha memória em Vila Real de Santo António e Monte Gordo.
...
Agora desculpem, mas tenho de voltar para a minha leitura.
(Foda-se, que vício!)
Depois de uma primeira semana dedicada à cultura das artes (com visita ao CCB para apreciar a colecção Berardo – que apreciei – e uma noite de teatro com “As Obras Completas de Shakespeare em 97 minutos” – que apreciei muito e me despertou a curiosidade para ir ver a nova peça do mesmo grupo “A Bíblia: Toda a Palavra de Deus (Sintetizada)” – o nome promete!), iniciei a já clássica descida da costa alentejana (que desta vez se alargou por toda a costa algarvia), armado de apenas um saco de roupa, duas mulheres (!) e uma tenda (daquelas que se montam sozinhas).
A primeira paragem foi em Odeceixe, onde aproveitámos a fabulosa praia local, apesar do céu algo nublado. Daí, partimos para Aljezur, onde nos instalámos no parque de campismo do Serrão (já nosso conhecido de outras andanças) e onde pernoitámos depois de uma noite bem dançada e bem regada (a menina que servia as bebidas era digna de uns pedidos extra) num pequeno bar/disco da cidade mourisca.
Na tarde seguinte, seguimos em direcção à Arrifana e aproveitámos mais umas horas de sol na praia. O grupo de era já na ordem das dezenas e a cada paragem aglomerávamos mais elementos. Essa tarde foi particularmente interessante porque o novo membro trazia boas novas sobre algo que tinha presenciado em Cancún, aquando de um tal de Spring Break (ainda assim não fiquei a saber qual o conceito por detrás dos misteriosos colares de missangas)! Uma experiência a experimentar com urgência!
Da praia da Arrifana, subimos a encosta e fomos até à ponta de Sagres. Novo acampamento e saída à noite em véspera de festival. Nada a realçar, a não ser o frio que mantinha as bebidas geladas e algumas meninas que tinham evidente calor, mas sem grandes destaques.
No segundo dia em Sagres, o caminho para a praia incluía enveredar com o meu C3 por um caminho de Land Rovers e Monster Trucks. Devo dizer que o esforço não foi recompensado na mesma proporção, mas também não decepcionou ao ponto de não (tentar) lá voltar. Creio que a praia era denominada de Ponta Ruiva (mais uma prova que as ruivas não são fáceis de dominar). À noite, lá fomos nós para o recinto do Surf Fest, que este ano era Super Bock (apesar de continuar a ser em Sagres! Há patrocínios que não se perdem.).
Nessa noite, como a “cabeça de cartaz” (Lily Allen) se tinha cortado (merecia era que lhe cortassem a cabeça porque o bilhete não foi propriamente barato!) chegámos tarde e só vimos os dois últimos concertos. Um frio do caralho. Mulheres vestidas até ao pescoço. Apenas cerveja à venda no interior do recinto. Bandas semi-desconhecidas. Resumindo: Ansiedade crescente de voltar para a tenda! Mal deu o apito final, fomos. Alguns resistentes ainda se aventuraram nos bares ventosos, eu preferi o casal...
O dia seguinte teria obrigatoriamente de ser melhor. Muito melhor!
Depois de uma tarde bem passada na praia do Beliche (ainda com o vento a fustigar, mas com mais toplesses e grupos de biquinis, de realçar duas amigas italianas que estragaram o dia a todas as outras mulheres que nesse dia pensaram que aquela seria uma boa praia para o engate!), preparámos a noite como se fosse uma missão do Esquadrão Classe A! Camisolas e casacos. Garrafas de vodka. Garrafas de trina laranja e limão. Mix max. Encher a mochila com os recipientes mixados. Entregar a mercadoria a uma das miúdas do grupo (ainda sobrou meia garrafa para eu levar e desbastar até chegarmos ao recinto) e seguir.
Como eu queria ver Mad Caddies, os Cassardos mandaram as Pombas jantar fora e apostámos nas bifanas e nas fatias de pizza do festival para chegarmos mais cedo. Vi o concerto e pensei que, só por aquela meia-hora, este dia já tinha compensado o dia anterior. Entretanto, chegou a palavra que as Pombas tinham ficado retidas no exterior por transportarem as bebidas. Lancei-me à aventura, fui ter com elas, mantive-me em comunicação com o interior do recinto e trafiquei as bebidas pelo buraco da rede. Pormenor de antologia: todo o tráfico foi feito com a picha de fora porque era necessária a simulação de mijar junto às urtigas. Diga-se também que toda esta “naturalidade” se deveu ao facto de já ter meia garrafa de vodka-laranja e duas jolas no bucho. Não se vê disto nos filmes.
Depois de esvaziada a mochila, voltei a entrar. Herói.
A partir deste ponto, só me lembro de ler os rótulos de trina de pernas para o ar e tudo o resto é uma névoa. Acho que ainda lá esteve Gentleman e que tentei fazer Parkur enquanto caminhava de volta para o carro. O barco, no entanto, manteve-se à tona.
Na tarde seguinte, dia de ressaca, fomos para Lagos, onde ficámos instalados na casa de um dos Cassardos. Da nossa estadia em Lagos, duas coisas a destacar (para além do bom ambiente, do sexo em grupo e das outras coisas do costume).
1ª: uma tentativa frustrada de me embebedar com um aquário (!) cheio de álcool. Resultado: fiquei demasiado cheio de líquido e o álcool não teve espaço para actuar. Não recomendado a estômagos fracos.
2ª: a última noite, no surpreendente Duna Beach, com bom ambiente, apesar do vento sempre constante, uma piscina pronta a usar, uma noite sempre em alta com as meninas em grande destaque, e que culminou com um esplêndido nascer do sol na praia. A reviver brevemente.
Depois de um sono curto, o final da semana implicava a separação do grupo. Cada um tomou o seu rumo. O meu rumo era Armação de Pêra. Nova casa, novos amigos... e o resto da família deles. Apesar de bem recebidos, da boa comida, das boas conversas, a loucura e o à-vontade tinham ficado no barlavento. Voltámos a ser certinhos. Dias de praia das 10h às 19h. Noites a passear pelas ruas de comércio turístico. Visitas ao parque de diversões para ver o querubim a saltar na cama elástica. Conversas de ocasião sobre problemas e questões profundas. Enfim, o sossego.
Até que finalmente descobri a minha fuga.
Esta tem sido a minha leitura de Verão. Na praia, em casa, na cama... em vez de sonhar deixo-me levar pelas fantasias sexuais das mulheres portuguesas. Um trabalho de relativa coragem, realizado por uma mulher, e onde a principal questão que me assola é: “quantas destas mulheres serão realmente bonitas?”. Não consigo evitá-lo. Penso nisso constantemente, já que a multiplicidade de testemunhos (hetero e homo) é tão díspar que é impossível uma análise concreta nesta fase da leitura (vou sensivelmente a meio do livro). É um mundo muito complexo. Por isso sublinho, coloco as minhas questões e as minhas observações e vou-me surpreendendo a cada página. É também interessante ler as explicações dadas por especialistas sobre algumas das problemáticas ou preferências mais comuns. Obrigado, Isabel Freire.
O destino final destas férias foi Manta Rota, perto da fronteira com Espanha. Com novo câmbio de amigos (mas agora sem família atrelada), foram dois dias e meio de boa praia (com água quente, finalmente!!!), muito descanso e um passeio nostálgico pelas ruas da minha memória em Vila Real de Santo António e Monte Gordo.
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Agora desculpem, mas tenho de voltar para a minha leitura.
(Foda-se, que vício!)
sexta-feira, junho 22, 2007
"Jogamos?"
Resumidamente: fui, vi, percebi que as melhores miúdas são as de leste (definitivamente!), tirei umas fotos com o telemóvel e saí de lá com um autógrafo... de um gajo!
Explico: Fui a convite. Não fosse assim e, possivelmente, nem teria lá posto os pés. Na antecipação, apenas pressentia que o ambiente iria ser demasiado volátil (sabe-se lá que tipo de gente anda metida nestes eventos), demasiado sufocante, demasiado fechado, demasiado sexual e muito pouco erótico. A minha única experiência com espectáculos de sexo ao vivo não tinha deixado muito boas recordações. Sem beleza, sem interesse (talvez porque os próprios intervenientes também não demonstraram qualquer interesse), não provocara qualquer estímulo, mental ou físico. É assistir a um momento que nada tem de íntimo, menos ainda de emocionante.
Em relação a espectáculos de striptease, a mesma coisa. Tinha ido sempre com a vã esperança de ver um corpo decente, sem balões e água cozidos ao peito, sem uma prega de carne na zona lombar, sem uma nuance de gordura ou sequer de celulite, sem uma mancha na pele, sem um toque de flacidez ou imperfeições de qualquer natureza, estética ou formal. Eu sei que é injusto (e nenhum homem espera isto de uma mulher que se conhece ocasionalmente), mas é a fantasia da antecipação num espectáculo onde se promete “beleza e sensualidade” acima de tudo. Obviamente que, no momento em que as roupas saltam do corpo, a relatividade toma conta das consciências e é nesse momento que se nos apercebemos que estivemos a exigir demais daquela pessoa que, afinal, é apenas uma mulher como qualquer outra, apenas “sente prazer em dançar”. Depois, os gostos pessoais não se discutem e cada um valoriza o que quiser (ou o que puder).
Com isto em mente, lá segui com um bando de degenerados para as portas do pavilhão 4 da FIL. Eram isto 19h30. O sol ainda entrava com força pelas portas largas e incendiava o interior do Salão. A luz que vinha de fora dava amplitude ao espaço o que, desde logo, anulou o meu primeiro receio. O espaço era tudo menos sufocante, o sexo não nos batia nos olhos, os stands estavam distribuídos de forma espaçada, os palcos iam tendo performances espor(r)ádicas, alternadas, sem muita confusão. Havia pouca gente para a amplitude de espaço (talvez devido à hora matutina), mas principalmente havia algumas “modelos” semi-vestidas a andarem casualmente pelo meio do público e a mostrarem que uma actriz porno também consegue andar vestida (o que, em alguns casos, era bem mais interessante).
Depois de uma passagem rápida pelas bancas de “brinquedos” (confesso pouco interesse por esses artefactos, apesar de ter curiosidades acerca das fórmulas que os “engenheiros” encontram para estimular o corpo humano de formas criativas e, na maior parte dos casos, divertidas), percorri todos os stands para ver se algum se destacava pela qualidade das “promotoras” (quem é que olhava para os artigos?). Destaques: Uma limosine convidava os visitantes a perderem-se lá dentro com mulheres de peruca vermelha e corpos pouco elegantes (muito tapadas – com t-shirts); Um stand oferecia show lésbico por dois euros (uma pechincha que não aproveitei porque, como disse, shows ao vivo, ainda por cima a ver de pé rodeado de gajos, não me dizem muito); Um outro stand promovia a realização de um privado por 50 euros com oferta do DVD da actriz escolhida (bela promoção, digo eu!); Num outro stand, o filme projectado na tela tinha toda a pinta de ser português (o que se veio a confirmar) pela qualidade duvidosa da actriz – roliça, com buço, mamas fartas, cabelo negro tipo palha-de-aço e demasiada relevância dos pêlos púbicos no money shot; No stand seguinte, um palco vazio com todos os preparativos para uma exibição sado-masoque, com direito a um velho de fio dental (em cabedal, claro) à porta, conversando alegremente com alguns visitantes; Num outro stand, uma loiraça mostrava tudo(!) a não mais do que um metro de distância dos espectadores, enquanto uma senhora, já com os seus 50 anos, tirava fotografias com o telemóvel do marido colocando-se quase entre as pernas da rapariga, e o marido, com os sacos do Continente pendurados nas mãos, perguntava “Já está? Apanhaste bem?” e ela pedia “espera aí um bocadinho” porque “a miúda não dá tempo” (enquanto esta puxava a cueca para o lado). Divinal!; Num outro stand, portuguesas e brasileiras passeavam-se em cuecas de rede e vestidos de renda, convidando alguns visitantes a tirar umas fotos com elas e a pagar mais qualquer coisinha às meninas. Neste stand, algo me chocou profundamente. Ouvir mulheres (as portuguesas) que, supostamente, querem parecer delicadas, inatingíveis, musas até, a falarem como umas putas de rua “oh jovem, não queres tirar uma foto?”, “oh senhor, vamos lá a despachar isto que eu tenho mais que fazer”, “oh Carla, anda cá que este senhor quer tirar umas fotos com a gente as duas! (para o senhor) E a sua mulher depois não vai ter ciúmes?” É um bocado tira-tesão; Num stand mais à frente, na bancada onde já alguns fãs aguardavam pela chegada da super-estrela Cicciolina, uma actriz “desconhecida” estava sentada numa cadeira muito alta, com um vestido branco comprido, enquanto era vítima de alguns flashes, apesar de estar apenas com os ombros à mostra. No único momento de sensualidade a que assisti durante a minha breve hora no certame, ela, fingindo não se sentir afectada pela presença dos olhares masculinos e das lentes ópticas (o que dirias tu, Roberto?), começa a mexer na saia e a levantá-la com gestos soltos, proporcionando breves segundos de descoberta ao fotógrafos que só à quinta ou sexta mexida se aperceberam que podiam testar a sua rapidez contra o esvoaçar “inocente” da saia branca. Puro deleite. Pouco depois chegava Cicciolina, com o seu metro e meio de altura, vestido dourado, boca de fazer chorar de horror a Manuela Moura Guedes e cabelo platinado. Os flashes viraram-se para ela sem nunca mais a largarem. Ela distribuía autógrafos com um sorriso de orelha-a-orelha... literalmente!; Finalmente, o maior destaque vai, sem dúvida, para o stand do senhor Pierre Woodman, onde se encontravam as mulheres mais bonitas do evento. E sim, o único autógrafo que pedi foi dele. O gajo com o melhor emprego do mundo. Se não conhecem, procurem na net e vejam porque é que ele é o rei em termos de escolher mulheres pela sua inebriante beleza e não pelo tamanho das mamas. De saída, vi o Alvim, acabado de fazer um directo para o programa Prova Oral da Antena 3, com cara de lunático (seria de estar ali?) e o Sá Leão, que tratava todas as meninas que por ali passavam por tu. Saí satisfeito, de autógrafo na mão, telemóvel só com fotografias das miúdas do Pierre (que falta me fez uma câmara decente!) e uma vontade imensa de lá voltar para o ano.
O meu melhor momento no evento: Na banca das publicações Europa-América, perguntei se tinham o novo livro do Ron Jeremy. Resposta: “Quem é esse?”
segunda-feira, junho 11, 2007
Preciso de imagens...
A vida tem destas coisas. Por momentos algo se perde e no mesmo momento algo se ganha. Dos comentários que foram colocados nos posts anteriores, verifiquei que existem grandes apaixonadas por ilustração. Enquanto apaixonado pela escrita que sou, tenho algumas estórias infantis que carecem de linguagem visual. Se alguém estiver interessado ou conhecer alguém que possa estar interessado ou conheça alguém que seja amigo de alguém que viva perto de alguém que possa eventualmente vir a estar interessado, envie-me um e-mail com os seus dados e alguns exemplos gráficos. Responderei com brevidade. Obrigado.
Nota: As estórias focam principalmente figuras humanas e expressões faciais.
Nota: As estórias focam principalmente figuras humanas e expressões faciais.
quarta-feira, junho 06, 2007
Hoje, por fim...
segunda-feira, junho 04, 2007
A queda teimosa de um gigante
segunda-feira, abril 23, 2007
O Síndroma Big Brother
A partir de que altura é que percebemos que as nossas escolhas são condicionadas? A partir de que momento é que percebemos que a felina certa, a felina ideal, a felina total, aquela que desejamos mais que tudo pode não ser a melhor, pode não ser alguém que se adapta a nós mas sim alguém a quem nós, forçosamente, nos adaptamos? E contra mim falo.
Esclareço: Neste mundo, é impossível termos total noção do espectro de felinos e felinos que proliferam por aí. A única porção que conhecemos é aquela que se nos dá a conhecer. Por isso, quanto mais alerta estivermos, melhor. Mas para aqueles que não estão alerta, que não saem à noite para a ramboia aleatória ou que não lidam com ofícios que implicam o conhecimento passageiro e constante de novas pessoas (como no mundo artístico, da moda... vocês percebem), é fácil sofrer do síndroma Big Brother. Para aqueles que estão fechados num ambiente onde todos os dias vêem as mesmas pessoas, para aqueles que não conseguiram encontrar a sua “alma gémea” ao longo dos anos dourados da escola, ou para os que são demasiado tímidos para engatar alguém no health club ou na discoteca, é fácil tomar a decisão de baixar os padrões, baixar as expectativas e escolher o menos mau em vez de escolher o melhor. Das pessoas que conhece, que o rodeiam, haverá sempre uma que, aos seus olhos, se destaca. Essa, por muito má que seja, é a melhor entre as piores. Mas é claro que isto se pode expandir para uma visão mais ampla. Em qualquer vida, por mais boémia que seja, a nossa escolha está sempre condicionada. A não ser que nos fosse possível andar com todas as felinas do mundo durante um período de experimentação para, só aí, podermos decidir em consciência.
Falo do Síndroma Big Brother no sentido daqueles que se fecham numa casa e que, obviamente, escolhem entre a escolha que há, dando sentido à máxima “nem que fosses o último felino do mundo”. Falo do Síndroma Big Brother no sentido de questionar qual o sentido da escolha. Porquê escolher se há tantas opções para experimentar? Apelo à experiência. A experiência é que conta. As certezas são uma estagnação.
Mas agora, outra questão: e se no meio da escolha condicionada encontrarmos a certeza da felicidade? Será condicionada, essa felicidade?... Big Brother is watching.
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UPDATE: Estará a perfeição felina no instante?
segunda-feira, abril 16, 2007
O Império Feminino
Quantas mulheres existem no interior de uma mulher?
Eu fui ao cinema. Eu acho que fui ao cinema. No cinema havia uma peça de teatro com coelhos. Não, havia um filme sobre uma peça de teatro. Não, esperem, havia um filme sobre um filme com uma peça de teatro. Isso. De repente surge uma prostituta com a mente embaciada. Falava Polaco. O Cliente também. Foder para aqui, foder para ali e corta. O filme começa. Uma menina chora. Será polaca? Uma televisão é o centro da emoção. Uma mulher velha visita uma mulher nova. Uma casa demasiado grande. Tudo é detalhado. Um passo em frente. O filme começa. O filme está amaldiçoado. O técnico de luz é surdo que nem uma porta. O sonho começa. Em todas as portas está escrito “axxxonn” (acção). Em todos os corredores há uma nova porta. Algumas portas abrem outras não. Num quarto escuro, por detrás de uma das portas, sobrelotam-se amazonas com lanternas flamejantes. Todas elas conhecem a mesma história. Noutra história, em polaco, uma mulher procura-se a si mesma. Na mesma história, em inglês, a mesma mulher procura outra. A mesma mulher procura saber o que é ser mulher: “Sabes quem eu sou?”, pergunta ela às outras/a si mesma. Espreita-se por um buraco queimado por um cigarro numa lingerie de seda. Para lá do buraco está o Império. O buraco. O Império. Inland. Empire. Corta. No filme do filme, do filme, do filme, do filme, a morte pende sobre as estrelas do chão. O sangue jorra. Mendigos falam num diálogo mal escrito. Alguém falece. Corta. Continua a acção fora do plateau. Alguém espreita. Pelo buraco? Corta. Corta. Corta...
terça-feira, abril 10, 2007
O Síndroma Paris Hilton
Compreendo as que sofrem. As gatinhas que deambulam por aí sozinhas, as Hi5vers, as MySpacers, as YouTubers e as outras. As casadas, as solteiras, as curiosas, as feias, as muito novas, as muito velhas mas, principalmente (e mais raramente), as felinas bonitas. No início, as melhores felinas sempre foram as mais difíceis de encontrar no universo virtual porque, no início, estava instaurada a clausula que a beleza, a perfeição, o verdadeiro encanto feminino, só era possível vislumbrar... pagando-se! E se as verdadeiras gatas podiam cobrar pela sua beleza, para quê dá-la de graça? Esta foi a evidência sublevada pelo Síndroma Paris Hilton.
No início, a quase totalidade das mais extraordinárias felinas andava escondida, fosse em películas caseiras, nos pixeis pouco definidos de telemóveis de segunda geração, nos cartões de memória de máquinas amigas, em álbuns de despedidas de solteira, em lembranças embriagadas de colegas e namorados, etc, etc e pardais ao ninho. Protegiam a intimidade da sua beleza a todo o custo, na utópica esperança de alcançar a bonança de um decadente milionário, um realizador de cinema, um editor de moda ou apenas de alguém que estivesse disposto a colocar uma maço de notas no seu fio dental depois de dar algumas piruetas em cima de um palco enevoado.
Com o evento Paris Hilton, as verdadeiras gatas saltaram do anonimato, dos ficheiros escondidos, dos telhados de zinco desconhecidos e dos areais recônditos para a ribalta. Colocaram as suas imagens mais ousadas nos sites de amizades, nos tubos e nos restantes domínios de entretenimento gratuito, revelando que a beleza felina pode valer mais que um punhado de dólares. Ou talvez não. Muitas delas saltaram da ribalta para as camas dos tais idosos decadentes, dos editores de revistas (de moda e não só), de músicos, de realizadores, produtores e actores de cinema, e restantes membros da academia.
Mas não são dessas que reza esta estória. Na realidade, as verdadeiras estrelas são as felinas corajosas, não as que se mostram em produções fotográficas para um eventual book de moda, não as que fazem poses profissionais para a posteridade, mas aquelas que fazem o que lhes é natural e que não se importam com lentes voyeurs (sejam elas amigas ou desconhecidas), que vestem o seu biquini de Verão e mostram como realmente são, que se divertem com as amigas em festas de arromba e fazem novas descobertas sem questionarem valores ou pudores, que criam blogs audazes para falarem de assuntos íntimos e revelam os seus pensamentos a quem os queira ler, que sabem o valor da sua beleza e que, ainda assim, têm prazer em revelá-la, pedindo apenas em troca que a apreciem. Essas sim, são de valor.
Sejam bem-vindas, gatinhas assanhadas, ao reino da beleza em liberdade.
segunda-feira, abril 09, 2007
THIS IS SHHHHPARTA!!!
A todos os gatos que já desistiram de ir ver filmes relacionados com BD, um conselho: consultem o oráculo.
O filme 300, não é só uma orgia visual de arrepiante intensidade, é também um hino aos épicos, às grandes histórias, às grandes façanhas, aos grandes Homens e às grandes atitudes de “finca-pé” de pequenos estados livres perante a arrogância usurpadora das superpotências escravizantes.
Esta é uma história que vive da memória e da glória do passado. Mitologicamente creditada pelos historiadores, esta “pequena” batalha pode ter sido a mais importante na manutenção e desenvolvimento da identidade europeia, marcando um impasse na ambiciosa expansão do império Persa, e dando origem à expressão “se 300 gatos pingados com tomates de aço incomodam um império, um exército de felinos assanhados com pixas em ponta-de-lança incomoda muito mais!”
À parte dos factos históricos, este segundo orgasmo audiovisual de Frank Miller (depois da decadência hipnotizante de Sin City), baseia-se numa ainda mais revigorante fornicação artística na forma de BD que convido todos os visitantes deste blog a descobrirem.
Uma nota: Existem pequenas piscadelas de olho aos fãs de filmes série B (o prazer do mal feito bem feito), entre elas a caracterização de algumas bestas e, principalmente, a personagem desempenhada por Rodrigo Santoro (quem diria?!).
Duas notas: para quem não percebeu o título deste post, digamos que, no filme, o rei Leónidas tem uma nuance na dicção que ainda o faz parecer mais lixado!
quarta-feira, março 21, 2007
Rimar com arvére...
sexta-feira, março 16, 2007
"Lisboa, Cidade da Luz"
Este era o criativo "slogan contre Paris" da claque que mais animou a segunda-mão dos oitavos de final da taça UEFA no Estádio da Luz: os Diabos Vermelhos.
Foi a minha primeira vez (há que assumí-lo!) no novo estádio do SLB e, apesar de não ter ficado espantado com o estilo arquitectónico, senti que estava numa imensidão de betão... confortável. Sim, penso que esta seja a palavra mais correcta. Senti-me confortável. Sem ter dimensões excessivamente grandes, é um estádio amplo que, com uma composição humana quase total, ganha ainda maior imponência. Um palco perfeito para jogos emocionantes, onde sentimos as vibrações da multidão e vibramos com ela. Este é o palco ideal para a magia acontecer... como por exemplo, o golo do Petit! Que golo! Fdx, que golo! E eu estava lá! Mais bimbo que isto é difícil, eu sei, mas chega uma altura em que as nossas crenças crêem mais em nós que nós nelas e, neste momento, sinto-me, pela primeira vez, verdadeiramente benfiquista. Deslumbrei-me com o voo da Vitória, gritei Moreira em vez de Moreto, e sim, sofri com o desenrolar da partida, por estar a ver a minha equipa numa situação prericlitante. A minha equipa... finalmente.
Mas... ainda assim, a melhor equipa, aos meus olhos foi (e continua a ser) outra: a equipa das cheerleaders! Fora a indumentária (totalmente anti-sexy) são realmente uma equipa com grande potencial felino! Com as unhas de fora, só tenho uma coisa a dizer em relação a estas águiazinhas: "Deixa-as poisar!"
segunda-feira, março 12, 2007
As Barbies e os Defs
Tomando o fio à meada do comentário feito pelo Alexandr3 no post anterior, discutia exactamente a temática do novo reality show da TVI "A Bela e o Mestre" hoje com um grupo de felinas (ah, a perfeição da televisão chunga, quando o povo discute a temática de um programa de mau gosto. "Já ganhámos", gritam alguns. "Desde que falem de nós", gritam outros. "Somos imensamente bons a fazer merda", gritarão os senhores da Merdemol. "Sois sim", direi eu, "sois vós os maiores a lamber o escroto da cultura de um país que se quer ignóbil. Saboreiem-no bem.")
Falavamos nós, os felinos, míseros sonambulos. O que será mais preocupante? As mulheres que se sujeitam a um programa destes, onde são totalmente ridicularizadas, por pensarem que sim, as mulheres devem ser primeiro desejáveis e só depois responsáveis? Ou serão as mulheres que concebem, veiculam, apresentam e assistem a um programa destes, dando-lhe audiências e estatuto de prime-time, onde um verdadeiro cromo/"mestre" como o Zé Pedro Vasconcelos as espezinha com a sua estupidez/lucidez de forma inexplicavelmente ridicularizante e até intimidadora? Quaisquer que elas sejam, são elas que realmente se devem impor. Mas, claro, uma necessidade de imposição pode sempre ser catalizadora de radicalismos intransigentes e perigosos. Muitas poderão pensar que só se pode contrapor um extremo com outro extremo e poderão até tentar banalizar a beleza da mulher com a afoiteza do intelecto, sem entenderem o intelecto enquanto conceito assexuado, que não as distingue, apenas segrega a sua condição humana.
Uma imposição sexual implica uma diferenciação espectacular. Assim como se descobriu o poder da inteligencia emocional, proponho a descoberta da inteligência visual, do poder da imagem, do saber concretizar o interior através do exterior e de utilizar o exterior em benefício do interior. O poder da mulher é infindável. E talvez por ser tão complexa, ela própria se deixe monopolizar pela sua inteligência ao ponto de ser subjugada pela sua aparência. Felizmente conheço felinas bonitas que presam a sua inteligência. Mas conheço ainda mais gatas que ainda sonham com o poder insustentável da beleza eterna. Destas últimas, fazem-se "comedy-shows".
Esta bola de pêlo é difícil de cuspir...
sexta-feira, março 09, 2007
Um dia que é todos os dias...
Um dia depois, elas continuam aí, por aí, no meio de nós, no meio da gente. Deambulam alegremente por todo o lado com roupas soltas, roupas justas, largas ou curtas. Parecem felizes. Há quem diga que são reais. Mulheres reais? Sim, pois...
O Dia da Mulher é como o Dia da Liberdade, da Imaculada Conceição ou da Fraternidade Universal. É a celebração de um conceito, elas não existem.
O que os homens vêem, tocam, sentem, são lampejos alucinogénicos de formas sonhadas em vidas passadas ou futuras. Formas arredondadas com sorrisos e pernas. Por vezes duas, por vezes quatro (rinnnnhau!).
Por estas razões e por ter sido atacado vorazmente por duas reflexões felinas (sim, porque elas são muitas!), não celebrei ontem o que celebro todos os dias.
Às femininas, um feliz dia depois do Dia da Mulher!
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
O Carnaval...
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
PES?
Imbuído do verdadeiro espírito da globalização e da descoberta de pequenos tesouros não-deprimentes na grande rede (de entretenimento) mundial, apresento-vos mais um pequeno génio internacionalmente famoso/desconhecido. Não, não é o criador do Pro Evolution Soccer (PES), nem o maior coleccionador dos míticos difusores de guloseimas PES, é apenas um fenómeno criativo que assina simplesmente "PES" e que consegue criar animações em stop-motion, capazes de nos fazer flipar os neurónios só de perceber o nível de recursos inovadores que este menino(?) utiliza.
Aconselho o visionamento das suas curtas-metragens, mediante a utilização de um babete resistente para quem, algum dia, pensou que a animação em stop-motion era coisa do passado. Faxavor de clicar!
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Porque é que a despenalização do aborto despenaliza mais os homens do que as mulheres?
Na onda das questões complicadas, esta é uma questão mesmo muito fodida. Antes de mais, esclareço que não sou partidário nem do “Sim” (coitadinhas das “inúmeras” mulheres que fazem abortos por dá-cá-aquela-palha e vão parar à prisão, que fazem abortos clandestinos em sítios sujos, que dão rios de dinheiro a clínicas macabras), nem do “Não” (valha-nos Deus tocar no produto do fruto proibido, nem que seja para o salvar de uma vida de perpétuas carências e sofrimento que mais não são, afinal, do que o caminho para a salvação). Faço parte deste movimento. Acho, no entanto, que a questão não envolve apenas mulheres e fetos.
Como toda a gente sabe, o verdadeiro poder das mulheres é conseguirem persuadir os homens a fazer tudo mas não conseguirem obrigá-los a fazer nada. Nesse sentido, é impossível uma mulher obrigar um homem a amá-la, obrigá-lo a usar preservativo e, muito menos, obrigá-lo a assumir um filho. Quantos desaparecidos em combate deixam as mulheres grávidas e sem um tostão? Com a despenalização do aborto, a mulher fica com uma noção falsa de liberdade para decidir acerca do seu corpo. E porquê? Se bem que é verdade que a sociedade condena primeiro a mulher que aborta antes de condenar o homem irresponsável que concebeu o feto, também é verdade que a maior parte das mulheres que aborta não o faz de “livre” vontade. Quer seja por terem sido violentadas, por deficiência do feto, por dificuldades económicas ou simplesmente por ser um filho indesejado, o maior número dos casos prende-se com um motivo primordial: o namorado/amante/marido não o quer assumir. E isto acontece, a meu ver, por três razões: porque houve sexo ocasional, porque é uma responsabilidade que muitos homens não têm coragem de assumir (principalmente entre casais jovens, em que muitos rapazes de 20 anos engravidam raparigas de 15 e depois desaparecem) ou porque aconteceu numa relação extraconjugal. Com a despenalização do aborto, não é a mulher que deixa de sofrer (o aborto ainda aleija, perder um filho pode mesmo ser traumático, ter um aborto no “currículo” pode comprometer seriamente uma relação posterior), mas sim o homem que finalmente pode dizer: “Foi um acidente, miúda. Agora fazes um aborto e isso passa. Adeus e até sempre.” Longa vida à despenalização?
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Just perrrrfect!
Afinal já gosto de Londres. Da primeira vez que lá fui (com 15 anos e com os meus pais) senti-me muito decepcionado. O que me ficou na memória foram os prédios escuros, o tempo escuro, o "Underground" claustrofóbico (e escuro!) e muita sujidade por todo o lado. Fiquei num hotel com cheiro a mofo, vi um espectáculo (o mais antigo em cartaz na altura) numa sala com cheiro a mofo, percorri mais de 95% da cidade a pé em apenas dois dias para ver monumentos muito pouco emocionantes (excepto as catacumbas onde o Churchill esteve durante a 2ª Guerra Mundial) e não trouxe grandes recordações a não ser a pouca vontade de lá voltar.
Mas desta vez tudo foi diferente.
Com mais um gato amigo e duas gatinhas, fomos para casa de um casal de felinos cheios de estilo em Cambridge, que nos acolheram com muitos mimos. Como a viagem relâmpago pedia rapidez, o dia de sábado foi passado a percorrer milhas para ver todos os monumentos importantes. Com outra vontade, outro olhar e outra carga cultural, já tudo fez mais sentido: senti a grandeza dos sítíos emblemáticos, consegui apreciar a beleza da paisagem, consegui perceber a importância das obras, entrei em sítios que me estimularam os sentidos (a Tate galery, a St. Paul's Cathedral - onde estavam os meninos do "coiro" a cantar como nos filmes -, a Millenium bridge, a House of Parlament - que vi explodir no V for Vendetta (geek!) -, o Big Ben, etc) e vi que, afinal, as felinas inglesas, às vezes, muito raramente, se olharmos com muita atenção, também conseguem ser bonitas (já que, como toda a gente sabe, são as mais assanhadas da Europa!).
No entanto, tudo culminou na noite fria de Sábado com o melhor espectáculo ao vivo que eu já vi na vida: Cirque du Soleil, versão Alegria! Com a melhor surpresa que me podiam ter dado: o melhor palhaço do mundo! (isto hoje não dou tréguas a ninguém!)
É certo que os lugares não eram os melhores (terceiro anel, ao canto, quase sobre os bastidores...), mas deu para ver (muita da acção passava-se no ar) e para me emocionar. O Cirque du Soleil é uma experiência imperdível. É tudo o que nós esperamos de um circo moderno e muito mais (a música da banda ao vivo e a voz da cantora que acompanham o espectáculo, ainda ecoa na minha cabeça...). No fim do espectáculo, fizemos o que qualquer tuga teria feito, quando em Londres, numa sala de espectáculo de renome mundial: fomos até aos camarotes mais caros ("só para ver o palco") e acabámos a emborcar uns shots que os esbanjadores dos "bifes" tinham deixado ficar nos tabuleiros. Já quentinhos por dentro, saímos do Royal Albert Hall por volta das 10h30pm e passeámos alegremente pelo bairro mais "in" de Londres: Nothing Hill, South Kensington. Depois de consultado o horário dos comboios, corremos para o "Underground". Esperava-nos mais uma hora de viagem até Cambridge para um merecido jantar quase à 1h00am. O vôo para Lisboa era dali a 6 horitas.
Numa onda "mais design", fiquei a conhecer uma marca que aconselho a toda a gente (principalmente a professores de fotografia): a "Innocent". Com anúncios e copy de embalagem ultra-divertidos, é uma marca que apetece conhecer e provar. Olhem só para o logotipozinho...
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Juntar o útil ao agradável...
A notícia que faltava para começar bem o fim-de-semana...
E não seria a primeira vez. A Scarlett já andou metida em andanças do género com outra profissional da indústria libidinosa...
Depois disto, só uma viagem a Londres para assistir ao espectáculo ALEGRIA do Cirque du Soleil.
Fico excitado... de maneiras diferentes.
E não seria a primeira vez. A Scarlett já andou metida em andanças do género com outra profissional da indústria libidinosa...
Depois disto, só uma viagem a Londres para assistir ao espectáculo ALEGRIA do Cirque du Soleil.
Fico excitado... de maneiras diferentes.
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Aqui que ninguém me ouve...
Já que vou tendo muito poucos comments, assumo que apenas meia-dúzia de pessoas (eventualmente) passam os olhos por este blog. Dessas pessoas, suponho que 100% sejam homens. Por isso, hoje apetece-me dissertar sobre algo que (suponho) interessará à totalidade da minha audiência: As lésbicas.
Nunca um tema despertou uma dicotomia tão grande entre desejo/nojo no coração dos homens. Digo isto porque hoje, enquanto passeava durante a tarde (como todas as tardes úteis) pela cidade e pelos meandros underground do metropolitano, dei por mim a pensar no que realmente poderia um homem sentir quando confrontado com duas lésbicas. No meu caso, nesta tarde, fui confrontado com um casal de jovens, uma com cerca de 16/17 anos, muito magra, cheia de borbulhas e com cabelo liso até ao meio das costas, a outra já com os seus 20s, mais de 100 quilos de peso e cabelo muito curto, ambas com mau aspecto, mal vestidas e muito pouco femininas (principalmente a mais velha). No entanto, o carinho que demonstravam e as tentativas lúdicas de conseguirem dar beijos refundidos na boca uma da outra, fizeram-me pensar que eu estava a ser injusto ao ajuizar aquela relação como uma aberração repugnável. Mas será que estaria?
Na mente dos homens é muito comum (talvez demasiadamente comum) haver uma parte secreta que sente prazer em ver duas mulheres a tocarem-se. Ao contrário da mente das mulheres, que é rara aquela que fantasia com dois homens juntos. No entanto, difícil será encontrar um homem que se sinta estimulado por ver duas mulheres pouco atraentes (e aqui os gostos dão para tudo) a terem uma relação lésbica. E já a própria relação amorosa entre duas mulheres tende a ser algo mais difícil para um homem aceitar do que propriamente uma iniciativa de desejo manifestada num momento esporádico.
Talvez por isso, os homens não consigam encontrar, por exemplo em séries como "A Letra L", momtivos de estimulação, mesmo quando se mostram relações lésbicas entre mulheres relativamente atraentes. A própria "masculinidade" (que na série até é pouco evidente) tão característica da maior parte das mulheres lésbicas, é um factor altamente destabilizador no entendimento da realidade homossexual feminina.
Partindo destas ideias, concluo que a fantasia de muitos homens não se prende com lésbicas (e daí o erro de se pensar que as relações entre mulheres são melhor aceites pela sociedade que as entre homens), mas sim com a Beleza, com mulheres belas, dispostas a esporádicas experiências bissexuais no calor de um efémero momento.
Há algum tempo, li uma reportagem portuguesa sobre experiências de "menáges à troi". As situações eram as seguintes:
1. Homem e amigo engatam uma miúda num bar.
2. Homem pede à namorada para experimentarem com uma amiga dela.
3. Mulher diz ao namorado que deseja experimentar com uma amiga dela.
4. Homem vai com duas amigas bissexuais.
5. Mulher vai com um casal
Dos cinco relatos recolhidos, só um revelou um final feliz: O casal em que a mulher pediu ao namorado para experimentarem com uma amiga dela. Só neste caso todos saíram satisfeitos e com vontade de, "quem sabe", repetir. Nos restantes casos houve sempre mal-entendidos(5.), inveja(1.), decepção(4.) e até raiva(2. - da parte da namorada).
Ler este artigo fez-me também pensar no outro ponto de vista, no da própria Mulher. Já tive várias conversas animadas sobre este assunto e a minha posição é esta: uma relação espontânea entre duas mulheres é muito mais natural de acontecer devido à subjectividade que uma experiência destas envolve. "Subjectividade" no sentido de não acarretar o envolvimento físico que, por exemplo, a relação entre dois homens acarreta (daí também acreditar que a bissexualidade masculina é um autêntico mito. Ou se é ou não se é). Salvo utilização de objectos estranhos, uma mulher não consegue, numa experiência bissexual, fazer a outra mulher algo que ela própria não faça a si mesma (ao contrário de dois homens que praticam sexo anal, algo que um homem não consegue fazer a si mesmo... salvo utilização de objectos estranhos!). A meu ver (e até prova do contrário), as sensações que uma mulher procura noutra mulher estão mais ligadas à subtileza do toque, ao conhecimento que as mulheres têm do seu corpo e à possibilidade de ser explorada de uma forma mais sensorial, talvez até mais estimulante que através do toque aventureiro e indisciplinado do homem. Isso sim, é uma fantasia.
Nota: Obviamente, esta dissertação não tem qualquer relação com o sentimento amoroso. Disso falaremos noutra ocasião.
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Granda geek!
Peguei em dois primos emprestados (com idades sub7 enganadas), num amigo casado com a sua eterna namorada e lá fomos nós para o Museu da Electricidade. Grandas geeks! Um bilhete valia ambas as exposições. Só pelo exterior do monumento, já valia a pena. Pagámos com um sorriso nos lábios. Grandas geeks!
Entrámos e fomos recebidos por uma alienígena vestida de licra que nos brindou com um folheto. Brindámos. A galáxia era distante mas logo ali ao lado vimos uma nave aterrada. Apeteceu-me pilotar em direcção às estrelas. Prosseguímos. Os miúdos, emocionados, queriam era percorrer o labirinto da grande central eléctrica. Os graúdos estavam perdidos noutros labirintos, na luz das estrelas.
Começando pelas criações mais recentes, revelavam-se truques atrás de truques. Ideias simples, para serem transformadas (pós-produção) pela tecnologia informática. Uma bancada com milhares de espectadores... perdão... cotonetes pintadas libertou os primeiros suspiros de espanto. Os miúdos, claro, nem ligaram.
Mais à frente, outra nave em tamanho real parecia mesmo saída de uma guerra. Nova paragem para apreciar pormenores. Os miúdos puxavam-nos as camisolas para nos despacharmos. Para eles aquilo era apenas uma lata velha sem interesse. Lá fomos puxando. Subimos escadas, descemos escadas, passámos dentro da ex-fornalha da fábrica (semelhante às cavernas de um qualquer planeta do Império), vimos storyboards, designs, roupas, armaduras, armas, monstros, naves e cidades em miniatura. Todos os componentes necessários para tornar real uma galáxia de sonhos. As crianças corriam, batiam nas vitrines "Olha... quem é este?", "O que é isto?", "E etc...". Eu, um destes dias, hei-de amarrá-los a um sofá para fazermos uma maratona de sabres de luz...
Na melhor parte da exposição, a meu ver, estavam os engenhosos e velhinhos bonecos dos primeiros filmes... últimos filmes... primeiros... que foram feitos primeiro mas são os últimos... Granda geek! Lá estavam o fantoche do Master Yoda, o C-3PO, o R2-D2, o Han Solo na sua prisão de carbono, a recriação (húmida!) do pântano onde a nave do Luke caiu e, finalmente, já quase no fim da exposição, o imponente Darth Vader, antecipado audivelmente pela sua respiração, que ecoava em cada recanto sombrio da enorme instalação eléctrica. Parámos por momentos em admiração. Geeks de nível superior. Continuámos sem trocar uma palavra. À saída, ainda passámos pelo simpático Chewbacca, que nos faz voltar a sentir muito pequeninos. Os miúdos, esses, só queriam ir fazer experiências com electricidade e ir para casa jogar computador.
Observações: 1-Tive pena de não haver animação naquele dia. Sem os imperial troopers, vaders ou jedis à vista, os miúdos perderam rapidamente o interesse pelos manequins e modelos imóveis. 2-A apresentação de filmes sobre os bastidores das gravações e sobre a transformação daqueles modelos artesanais em paisagens ou personagens de dimensões irreais, foi uma mais valia deveras interessante, assim como os textos que refutavam quase por completo as ideias transmitidas pelos filmes (interessante subversão do tema). 3-Nunca fui grande fã da Guerra das Estrelas, mas tenho orgulho em ser um gato de típica formação geek! Viva a república!
terça-feira, janeiro 09, 2007
Calipso?
Atenção: Mega spoiler!
"Outrun" (ver frase no cartaz) é, sem dúvida, a palavra certa para definir este filme. Depois do prometido épico sobre o fim da civilização Maia, eis que Mel Gibson, o actor/personagem sempre tresloucado, nos apresenta um filme totalmente tresloucado sobre um "maiano" que corre p'a caralho! Daí "outrun". Em quase três horas de filme, onde metade são gajos a andar e a outra metade são gajos a correr, pouco se diz acerca da civilização Maia, a não ser que recrutavam escravos nas aldeias, pondo-os a trabalha na extracção de minérios ou decapitando os seus corpos, já sem coração (que lhes era retirado do corpo ainda a bater!), sacrificando-os aos deuses, exactamente como uma nação sem coração. Mas seria essa a ideia que Gibson queria mostrar ao mundo? A civilização que ele tanto quis defender com este filme, uma das maiores e mais evluídas, ser reduzida a uma cambada de trogloditas sedentos de sangue? Penso que não. E daí as contradições.
A maior contradição baseia-se, a meu ver, no facto de todo o enredo do filme querer forçosamente basear-se num acto de nobreza por parte de um nativo maia no meio de toda uma violência despropositada (quase ao nível dos filmes de terror série B, com litradas de sangue esguichante e som de ossos a partir). Um homem quer salvar a família depois de a ter conseguido poupar da violência que assaltou a sua aldeia. Depois de ser levado como prisioneiro, consegue fugir e matar quase todos os seus perseguidores, culminando a sua fuga na praia onde aportam os primeiros espanhóis. Mas, lá está, depois de vermos o nível de violência e decadência daquela civilização, queremos é que os espanhóis arranquem os corações de todos aqueles "maianos"... e à paulada!
No entanto, talvez as minhas ilações estejam erradas. Talvez o Mel apenas quisesse mostrar a civilização Maia como ela era, sem os pôr meiguinhos, nem mostrar como eram grandes ou porque razão entraram em decadência. Talvez quisesse apenas contar uma estória inspiradora, passada nos últimos dias de uma das maiores civilizações de sempre. Nesse caso, a estória é interessante, intressante no sentido de um Rambo, de um Caçador, de um Tarzan, mas não de um épico.
Para além disto, duas notas: 1ª- A realização tem pormenores interessantes, com imagens imponentes e surpreendentes usos de microcâmaras (principalmente nas cenas de perseguição). 2ª- Excelentes actores, sem qualquer estrela de hollywood, muito intensos nas suas performances, vendo-se que foram dirigidos por um realizador/actor/personagem tresloucado.
Por fim, aprecio o facto de o "maiano" que surge no cartaz, não ser o herói mas sim aquele que nos dá vontade de lhe arrancar o coração... à paulada!
sexta-feira, janeiro 05, 2007
O outro lado...
Estamos a meio da manhã. O trabalho pesa, perdemos o fôlego, a inspiração, a vontade. O corpo desliga. A mente apaga. Nada nos estimula, só nos chateia. Até que nos é apresentado algo original, inspirador, e nos faz pensar: as coisas nem sempre têm de ser iguais, correctas, certinhas, monótonas, convencionais. Olho para uma guitarra e deixo de ver uma guitarra. Olho para um gordo barbudo com ar de ferreiro e vejo simplesmente um génio musical.
...e eu que só tenho jeito para dormir e ronronar...
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Mudar de casa...
Depois de alguma deambulação casual, deparei-me com este ditado anglo-saxónico que tão
bem se aplica ao próximo grande passo da minha vida. Mudar de casa não é fácil. Dizem-nos
que, antigamente, quando as pessoas se casavam aos 17/20 anos, por amor ou por obrigação,
a sua vida adulta começava mais cedo porque tinham que se "amanhar" como podiam.
Arranjavam emprego, logo vinham os filhos, as contas, e aos 30 já estavam estoirados com
cabelos grisalhos e rugas na cara. Hoje em dia, com os filhos a viver em casa dos pais até aos
30/40 anos, a mente "juvenilizada" tem mais dificuldade em dar a volta e tornar-se responsavelmente e independentemente adulta. Não tendo eu atingido ainda a fasquia dos 30,
é com relativa inconsciência e fantasia que me atiro de cabeça para esta nova aventura. Mas
não vou sozinho. A minha tendência, quando faço coisas arriscadas, é sempre levar outra alma
comigo.
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